Lula aposta na paz e no entendimento contra armas
Fórum da ONU discutiria integração entre os povos, mas programa nuclear do Irã foi a tônica
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que a existência de armas nucleares torna o mundo mais inseguro, mas que o Brasil “aposta no entendimento que faz calar as armas e investe na esperança que supera o medo”. A afirmação, feita na abertura do Fórum Mundial da Aliança de Civilizações no Rio, ainda reflete a atuação do presidente na questão iraniana. Lula disse que foi ao Irã “buscando uma solução negociada para os conflitos”.
“Defendemos um planeta livre de armas nucleares. Condições inflexíveis só ajudam a confrontação e afastam a possibilidade de soluções de paz. O mundo precisa do Oriente Médio em paz e o Brasil não está alheio a essa necessidade”, completou ele.
O Fórum serviu para o reencontro de Lula com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, após a intermediação dos dois países do acordo com o Irã. Lula e Erdogan reforçaram o compromisso em relação ao programa nuclear iraniano. Os dois criticaram a postura dos Estados Unidos, que insistem em punir o país do Oriente Médio por suposto projeto de fabricação da bomba nuclear. Para Lula, há resistências entre as grandes potências em perder poder e influência no mundo. Erdogan rebateu as críticas ao acordo. Para ele, todos deveriam eliminar suas armas nucleares e “dar boas notícias ao mundo”.
O objetivo da terceira edição do Fórum promovido pela ONU era discutir formas de integração entre os povos e promoção da paz, mas o tema do acordo assinado em Teerã há duas semanas foi a tônica dos discursos. A crise econômica também foi citada. Lula criticou as grandes potências. “A crise financeira que se abateu sobre todos mostrou o quão necessário será contar com organizações multilaterais vigorosas, à altura de um mundo cada vez mais diverso”, disse ele.
‘Vamos fazer inveja no Serra’
O presidente Lula aproveitou encontro com o presidente da Bolívia, Evo Morales, para fazer piada e provocar o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra. Na quarta, o tucano acusou o governo boliviano de ser “cúmplice” do tráfico de cocaína para o Brasil.
Após a foto oficial de chefes de estado, Lula saiu abraçado a Morales. “Vamos fazer inveja no Serra”, disse ele, provocando risos.
Ontem, em Olinda (PE), o tucano voltou a atacar a Bolívia. Para Serra, o governo boliviano “não vale uma nota de R$ 3”.
POR MICHEL ALECRIM
O Dia
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