Big brother de talentos: cresce o uso das mídias sociais no mercado de trabalho
Rio - Inicialmente usados quase que exclusivamente para promover encontros amorosos ou de amizade, os meios digitais de relacionamento avançaram para outras utilidades e hoje são importante plataforma na busca por oportunidades de trabalho, parceiros para projetos e até emprego em grandes empresas. Recentemente, o site de recolocação Curriculum mudou o formato de cadastramento, que agora permite a inclusão das redes sociais às quais o candidato é adicionado na área de dados pessoais. A mudança no uso das ferramentas, porém, impõem novas regras, seja no Twitter, Orkut, MySpace ou Facebook. Especialistas observam que jovens, em especial, devem repensar linguagem e exposição.
Mudanças na seleção
“O brasileiro é muito sociável. O Brasil é o segundo país que mais acessa a rede, e acho até que a relação é madura. A diferença é que aqui as pessoas têm menos censura e se expõem mais”, opina Joyce Jane.
Novo campo de trabalho
As redes de relacionamento, que começaram a ocupar a Internet despretensiosamente, mais como ferramenta de entretenimento ou espaço para comunidades, acabaram por se transformar em campo de informação muito mais veloz que os sites especializados e criaram novo nicho de trabalho para profissionais das mais diferentes áreas. Guilherme Costa, 28 anos, que migrou do Jornalismo e hoje cursa um MBA de Marketing Digital, acaba de ser contratado por uma editora para cuidar do segmento de redes sociais. “E o mais interessante é que a diretora é uma pessoa que só vi uma vez ao vivo. Faz uns dois anos que nos comunicamos virtualmente”, conta o jovem.
Guilherme compara as mídias sociais, por exemplo o Facebook, com uma roda de conversa entre amigos no intervalo das aulas na faculdade, em que uma pessoa tem a chance de aproximar outras duas. “Só que, na rede, isso não ocorre frente à frente, como na vida cotidiana”, diferencia o consultor. Ele acrescenta que as redes de relacionamento permitem o encontro entre empreendedores de diferentes países: “É um recurso que abre portas”.
Recrutamento de trainees
Um exemplo recente de uso profissional e corporativo das redes sociais foi a iniciativa da consultoria PricewaterhouseCoopers, que usou o Twitter e o Facebook para divulgar o programa de trainees 2010 no Brasil. Candidatos às chances tiveram que interagir com o perfil da empresa, trocar ideias e participar de fóruns.
“Entre os mais de 5 milhões de usuários do Facebook, não estão apenas os que fazem uso doméstico, mas também empresas que buscam conhecer seus candidatos mais de perto e oferecer oportunidades de maneira diferente”, explica Andrea Dunningham, diretora executiva do iDigo — Núcleo de Inteligência Digital.
Dicas dos especialistas
Para quem não acredita que ferramentas virtuais podem criar oportunidades, é interessante lembrar a história da americana Laura Gainor, que garantiu contratação após campanha criativa e bem humorada na Internet. Por meio de postagens no Slideshare, Youtube, Foursquare e Twitter, ela produziu um currículo com fotos e vídeos que contavam sua trajetória pessoal e profissional. “A história de Laura é uma inspiração para quem busca uma colocação. Acho que, na briga pelo emprego, vale tudo que unir ética, criatividade e determinação”, afirma Andrea Dunningham, do iDigo.
Além de divulgar oportunidades dos mais diferentes setores, os recursos de Internet permitem o surgimento de novas funções, como analista de redes sociais. Uma série de perfis no Twitter informa vagas, porque empresas necessitam de um profissional que administre suas contas, divulgue conteúdo e monitore as ações.
Mas é preciso cuidado ao criar e administrar um perfil. Fotografias, comentários e até participação em comunidades podem influenciar na contratação de um funcionário. É bom lembrar o caso da canadense Nathalie Blanchard, que recebeu licença e outros benefícios ao alegar à seguradora que estava com depressão. Mas fotos de Nathalie em festas e comemorações com amigos foram vistas no Facebook pela agência, que parou de pagar o benefício, ao alegar que ela estava bem e já poderia voltar a trabalhar.
Empresas estão cada vez mais conectadas às redes sociais. Como apresentar um bom currículo já não é o suficiente para conseguir um bom emprego, é necessário estar atento ao conteúdo, à exposição e à linguagem.
POR LEILA SOUZA LIMA
O Dia
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