Pesquisadores dos Estados Unidos financiados pelo governo descobriram uma forma de fazer com que as mulheres cortem os banhos de sol. Segundo eles, elas devem adotar um hábito comum em adolescentes: o uso de loções autobronzeadoras.
Médicos defendem o uso de loções autobronzeadoras ao invés de banho de sol e camas de bronzeamento artificial
Os alertas sobre a exposição excessiva são antigos e conhecidos: a exposição excessiva à radiação ultravioleta do sol irá transformar sua pele em pedaços de couro enrugado e elevar o risco de câncer.
De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, a maioria dos cânceres da pele diagnosticados a cada ano nos EUA --mais de um milhão-- estão relacionados ao sol. O pior tipo de melanoma mata cerca de 8.700 pessoas a cada ano.
Assim, os investigadores americanos testaram se oferecer amostras grátis de loção autobronzeadora e protetor solar a mulheres pode aumentar a consciência sobre os malefícios causados pelo sol.
Eles montaram uma barraca na praia e convidaram 250 mulheres. Metade delas recebeu amostras grátis de cosméticos não relacionados à saúde da pele, enquanto assistentes de pesquisa --bronzeadas, mas sem vínculos financeiros com fabricantes-- entregaram autobronzeadores em conjunto com um pouco de educação sobre o câncer de pele às outras.
"Muitas pessoas acham uma aparência bronzeada fisicamente atraente e é difícil combater isso somente com uma mensagem de saúde", disse Sherry Pagoto, da University of Massachusetts Medical School, em Worchester.
"Em vez de tentar falar com as pessoas, decidimos encorajá-las a usar o autobronzeador como uma alternativa mais saudável."
E a estratégia funcionou --pelo menos em algum grau. Depois de dois meses, as mulheres que receberam os autobronzeadores relataram uma diminuição de 33% em banhos de sol, em comparação a 10% do outro grupo.
Elas também tiveram menos queimaduras de sol e usavam roupas mais protetoras.
Os resultados de Pagoto aparecem na publicação "Archives of Dermatology". Ela disse que o ingrediente ativo das loções --chamado dihidroxiacetona-- é aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration --agência reguladora americana de alimentos e medicamentos) desde 1973, sem danos relatados.
Embora os preços variem muito, algumas loções autobronzeadoras custam menos de US$ 10.
No entanto, a FDA não tem luz verde para os ingredientes das pílulas de bronzeamento, que podem, de fato, ser prejudiciais, segundo a Sociedade Americana do Câncer.
A dermatologista June Robinson, que escreveu um editorial sobre os resultados, disse que as loções autobronzeadoras melhoraram consideravelmente ao longo dos últimos anos.
"Eu me sinto confortável em recomendá-las", afirmou a médica, que acrescentou que não tem nenhuma relação com a indústria. "O que muitas pessoas fazem nesta época do ano é pensar em bronzeamento indoor. Em vez disso, devem tentar se bronzear sem sol."
A especialista, da Universidade Northwestern em Chicago, ainda informou que estava mais relutante em recomendar sprays, pois eles podem ser inalados.
No entanto, usar autobronzeador não é uma receita infalível para menos queimaduras.
Segundo um novo estudo, também publicado na "Archives of Dermatology", um em cada dez adolescentes americanos dizem que usam produtos de bronzeamento. Mas isso não significa que eles usem mais filtro solar ou limitem sua exposição aos raios UV. De fato, os adolescentes que consomem autobronzeadores também gastam mais tempo em camas de bronzeamento e tendem a ter mais queimaduras solares.
"As pessoas que realmente querem se bronzear devem considerar fortemente o uso de autobronzeadores em vez de câmaras de bronzeamento ou banhos de sol", disse Pagoto. "O melanoma, a forma letal de câncer de pele é o segundo tipo de câncer mais diagnosticado em mulheres jovens, e é altamente associado à exposição a radiação ultravioleta por causa do sol ou de cabines bronzeadoras."
REUTERS
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