11.20.2010

Imunologia

Descoberto sistema de “antivírus” capaz de combater a dengue

Pesquisa pode criar proteção contra a febre amarela, dengue e SARS

Mosquito da dengue O mosquito Aedes aegypti é o transmissor da dengue (Patrice Coppee/AFP)
Cientistas da Escola de Medicina da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, descobriram que o corpo humano possui um sistema de segurança natural contra os vírus. Só que, assim como um antivírus desatualizado em um computador, esse 'programa' já foi burlado pelos agentes infecciosos há milênios. Com base nessa descoberta, os pesquisadores querem desenvolver maneiras de proteger o corpo de doenças como dengue, febre amarela e SARS (síndrome respiratória aguda grave).
A história dessa pesquisa começou há 35 anos, quando o médico Bernard Moss, do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, reparou que alguns vírus (como o da varíola) protegiam sempre as duas mesmas partes de seu RNA com o que denominou 'capas'. O RNA é um código, produzido a partir do DNA, que comanda a produção das proteínas de um organismo. A teoria de Moss era a de que essas capas eram usadas como uma espécie de disfarce para que as células invadidas não reconhecessem o RNA do agressor e ele pudesse, assim, passar ileso pelo sistema de segurança.
Desde então, descobriu-se que a primeira capa química tinha como função estabilizar o RNA, impedindo que ele quebrasse. Porém, era mantido o mistério com relação à segunda capa, localizada no início de cada cordão de RNA, numa posição que os cientistas chamam de two prime.
O estudo liderado pelo PhD Michael S. Diamond,  publicado na última edição da revista Nature, resolveu a charada.  A equipe de Diamond inseriu em ratos uma versão mutante do vírus do oeste do Nilo, incapaz de incorporar a segunda capa a seu RNA. Mesmo depois de longa observação, os ratos não tinham sido infectados.
Em seguida, os cientistas injetaram o mesmo vírus em ratos impossibilitados de absorver a proteína interferon, que tem um papel muito importante na reação defensiva do organismo. Nesse caso, os ratos ficaram doentes, sugerindo que essa proteína protege as células de vírus, a não ser que eles estejam protegidos pela capa two prime.
“Agora que sabemos para que servem essas capas, talvez consigamos desenvolver inibidores que impeçam os vírus de 'encapar' o seu RNA”, explica Diamond. “E será muito mais difícil para eles se replicarem, uma vez que o sistema imunológico natural esteja ativado novamente”.
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