11.15.2010

 Moda Verão: o biquíni que tapa tudo
Movido pelo apelo do conforto e da globalização, o traje de praia brasileiro, que já foi minúsculo, voltou a tamanhos capazes de revoltar... os homens

Marcelo Soubhia/Ag. Fotosite  e divulgação
MAIS PANO
A nova geração de biquínis da Rosa Chá (à esq.) e da Blueman (à dir.) ficou maior embaixo e em cima. Com mais pano, as estilistas podem criar mais
Mais pano e menos corpo à mostra. Essa é a tendência da moda praia para o verão 2011. Calcinhas maiores, com laterais largas, adornos e babados. A parte de cima é grande e mais estruturada, seja com alças mais largas ou em modelos tomara que caia e cortininha (que virou cortinão). As mulheres estão mais pudicas, envergonhadas? Nada disso. Elas querem é conforto, dizem os estilistas. “A sensualidade não está no tamanho do biquíni. As mulheres fazem esportes e alongam na praia. E ninguém gosta mais de ir à água e ter de sair se ajeitando”, diz Lenny Niemeyer, dona da grife que leva seu nome.
De nada vai adiantar o chororô masculino, historicamente acostumado a associar qualquer brasileira na praia aos “quatro triângulos minúsculos”, como se definia a tanguinha dos anos 70: um em cada seio, um na frente e um atrás, cobrindo apenas o essencial. A modelagem cresceu – e apareceu. Com cores fortes ou estampas coloridas e florais, os novos biquínis trazem amarrações por cima da calcinha, laços que envolvem a cintura e até franzidos. A tecnologia contribui: hoje há tecidos mais finos que podem ser enrolados, amarrados e repassados sem deixar a leveza de lado. Boa parte das mulheres não gosta da marca de biquíni grande, mas ainda assim os estilistas apostam neste verão no estilo hot pants, que é a parte de baixo estilo calcinha gigante ou microshort.
Nos anos 80, os biquínis chegaram ao máximo, isto é, ao mínimo possível. O modelo asa-delta, que subia, por vezes todo enrolado, pela cintura, e o fio dental representaram o extremo da liberação sexual feminina que tomou força na década de 70. O passo seguinte parecia ser o nudismo. Mas os anos 90 foram pelo caminho inverso. Chegou a ser lançado o sunquíni – sunga embaixo e camisetinha em cima, praticamente um retorno ao maiô de duas peças da década de 50. Não se tornou o padrão. Mas o biquíni jamais voltou ao máximo de exposição de corpos cultuado dez anos antes.
“Hoje, na praia, vemos de tudo, mas a radicalização do tamanho pequeno acabou. Conforto, elegância e despreocupação ditam o gosto das mulheres”, diz a consultora de moda e estilo Gloria Kalil. O Brasil, que sempre foi referência de moda praia e nos últimos anos virou exportador de produtos e tendências, deixou de olhar para o próprio umbigo para pensar no mercado mundial – o que também pode explicar os modelos maiores, mais de acordo com o gosto de americanas e europeias. A globalização venceu o bumbum de fora.

O pêndulo de pano
Dos castos anos 1950 ao modelo asa-delta 
dos anos 
1990, os biquínis só encolheram. De lá para cá, 
o pêndulo de pano voltou a se mover, 
e os biquínis não param de crescer
Ken Mckay/Rex Features, Ken Howard/Rex Features/H. Armstrong Robert/Classicstock/Corbis/Latinstock, Everett Collection/Keystone, Marcelo Soubhia/Ag. Fotosite

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