11.15.2010

Autoestima e  Stress
Pesqisa realizada pela equipe do psicólogo Andy Martens, da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia, e publicado no Journal of Research in Personality. O trabalho procura apontar de que forma a autoestima e o stress afetam o coração.

Participaram da pesquisa 184 voluntários. Um grupo recebeu uma avaliação falsa sobre sua inteligência e sobre sua personalidade. O objetivo era elevar ou reduzir a autoestima dos participantes. Os voluntários do outro grupo anotaram, durante duas semanas, qual era a sensação deles em relação à própria autoestima. Se ela estava alta, baixa ou média.

Em seguida, os cientistas observaram a atividade do tônus vagal cardíaco de todos os participantes. Por meio da análise do tônus vagal é possível saber de que forma o sistema nervoso parassimpático influencia o coração.
 Existem dois sistemas nervosos autônomos. O simpático e o parassimpático. Eles têm funções contrárias. O sistema simpático acelera demasiadamente as batidas do coração quando estamos diante de uma ameaça e precisamos fugir. O sistema parassimpático é aquele que reduz o ritmo cardíaco e nos ajuda a relaxar depois que o perigo já passou. Nas pessoas cronicamente estressadas, o sistema parassimpático não funciona bem. Ele fica hipoativo. Isso pode provocar doenças cardíacas e autoimunes.

Nos voluntários com autoestima mais elevada havia também mais atividade do tônus vagal cardíaco. Isso é um bom sinal. Indica que o sistema parassimpático funcionava bem. Segundo Martens, esse é o primeiro estudo que conseguiu mostrar que uma mudança na autoestima é capaz de produzir uma mudança fisiológica imediata. O trabalho é um passo a mais na tentativa de explicar as relações entre autoestima e saúde.

Para elevar a autoestima não basta tentar pensar positivamente. O mais importante, segundo os pesquisadores, é estar cercado por pessoas (amigos, parentes, chefes) que reforçam a nossa autoestima com comentários positivos.

Baixa autoestima não provoca apenas tristeza. É um sinal de que o corpo está sofrendo. Isso pode ter sérias implicações. Muitas vezes, a baixa autoestima produz stress crônico. Ele provoca uma descarga contínua e exagerada de adrenalina e noradrenalina que pode lesar o endotélio, a camada interior dos vasos e das artérias.

O endotélio é responsável pela produção de substâncias que protegem o coração, como o óxido nítrico. O stress repetitivo reduz a quantidade dessas substâncias. Os danos vão além: a degeneração das células do endotélio produz os temíveis ateromas (placas de gordura e tecido celular), que entopem as artérias. O resultado é um infarto ou um AVC.

Não são raros os pacientes que infartam e morrem por stress, apesar de ter todo o resto dentro dos conformes (colesterol baixo, dieta equilibrada, peso adequado etc). Se você não pretende morrer de raiva, é bom reavaliar de que forma lida com contrariedades.

Chefes sabotadores da autoestima da equipe existem aos montes. Nas piores e nas melhores empresas. Sabe-se lá por quais razões estão sempre prontos a estimular o subordinado a perder a fé em seu talento e em sua capacidade. Há mulheres, maridos, namorados e namoradas que também fazem isso. Só se sentem seguros se o parceiro perder a própria segurança.

É preciso saber filtrar essas mensagens ou, simplesmente, deixar essa gente falando sozinha. Gente assim pode roubar-lhe muito. Pode roubar o seu coração.

(Cristiane Segatto)

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