Como plásticos comestíveis e coberturas nutritivas podem conservar os alimentos e torná-los mais saudáveis
TESTE
Metades de duas peras de mesma idade. A da esquerda passou dez dias fora da geladeira. A outra foi coberta com uma solução proteica
Metades de duas peras de mesma idade. A da esquerda passou dez dias fora da geladeira. A outra foi coberta com uma solução proteica
Nos Estados Unidos, já é possível comprar maçãs em pedaços que não ficam marrons por 20 dias. O segredo é uma cobertura invisível, sem gosto e sem cheiro, que retarda o processo de maturação e mantém as características da fruta, inclusive o sabor e o teor de vitaminas. Trata-se, segundo a fabricante Nature Seal, de uma mistura de vitaminas e sais minerais que, aplicada à superfície das frutas e hortaliças, inibe a oxidação das enzimas e mantém intacta a estrutura das células – sem fazer mal à saúde.
No Brasil, há pesquisas com coberturas comestíveis para frutas dentro da Embrapa. O pesquisador Odílio Assis, da Embrapa de São Carlos, São Paulo, conseguiu que peras com casca mergulhadas num líquido à base de zeína, uma proteína do milho, parecessem recém-colhidas por mais de dez dias, sem refrigeração. Goiabas também duraram mais quando cobertas com uma solução feita com a goma do cajueiro. Segundo Assis, nenhuma cobertura desenvolvida até agora funciona para qualquer alimento.
Gomas, amidos e polpas de frutas também têm sido usados para produzir plásticos comestíveis em laboratório. Numa pesquisa ainda inicial na Embrapa, conduzida pela pós-doutoranda Marcia Regina Aouada, obteve-se um filme resistente e nutritivo misturando-se polpa de goiaba vermelha com nanopartículas de quitosana, uma substância extraída da casca de crustáceos. O filme preserva a vitamina C da goiaba.
Nos Estados Unidos, esse tipo de filme já é usado no lugar da folha de alga para enrolar sushis e adornar alimentos. Especula-se que daqui a alguns anos será possível produzir embalagens primárias com aromas e sabores e aproveitá-las na preparação de alimentos. Mas, por enquanto, não há perspectivas de que essa tecnologia chegue ao mercado devido ao alto custo de produção das coberturas em larga escala. O desperdício de alimentos, que no Brasil gira em torno de 30% a 40%, ainda é economicamente mais vantajoso que o investimento em durabilidade.
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