1.07.2011

Como viver muito?

Os atributos genéticos são relevantes, diz a ciência, mas não são tudo. Manter-se ativo e não ruminar os problemas ajuda

Os dados do IBGE deixam claro que o Brasil tem avançado na área da saúde primária. Ou seja, na qualidade dos recursos oferecidos à população em geral para reduzir o risco de adquirirmos doenças crônicas e infecto-contagiosas, melhorando nosso estado geral de saúde. Nos últimos três anos, adicionamos mais um à expectativa de vida do brasileiro ao nascer, de 72 para 73,2 anos. Desde 1980, conquistamos dez anos a mais.
Há quem pense que o ser humano não passe dos 120 anos, o que já é bastante. Para corroborar a tese, um fato: anos atrás, em um congresso médico, o Japão decidiu comemorar o fato de ter a maior expectativa de vida do mundo e o maior número de longevos. O país oriental passou a procurar seus cidadãos com mais de 110 anos de vida e não encontrou boa parte deles.
Descobriu, isto sim, a maior fraude no sistema previdenciário de sua história. Fraudes à parte, em um país sem guerra declarada como o Brasil, se você passar do risco de morrer de infecção nos primeiros anos de vida, espera-se que você viva longamente, o que vale então é pensar na qualidade de vida.
Um estudo publicado no Federation of American Societies for Experimental Biology prova que a vida longa depende da capacidade metabólica. Ao estudar minhocas mutantes que vivem muito mais que minhocas comuns, o doutor Jeffrey Buttley e outros cientistas aprenderam que as minhocas que vivem mais são as que conseguem tirar mais energia dos alimentos.
A fábrica de energia dos animais são as mitocôndrias, formas primitivas de vida que foram aprisionadas por outras células e melhoram a produção de energia com o uso de oxigênio e glicose. O surgimento de organismos complexos como o ser humano somente foi possível por causa das mitocôndrias, e agora sabemos que é delas que vem a corda do nosso relógio biológico.
Cientistas da Universidade da Geórgia afirmam que, para passarmos da marca dos 100, só a genética não vale. Para ter uma boa qualidade de vida, é preciso conseguir adaptar-se a situações hostis com mudanças comportamentais.
Estudo publicado na revista Current Gerontology and Geriatrics Research de dezembro analisou a história de vida de 244 centenários entre 2001 e 2009. Descobriu que eventos importantes na vida dessas pessoas e, principalmente, como eles reagiram a esses eventos é o que mais interfere na sua percepção de qualidade de vida.
Nas últimas décadas da vida, de acordo com o doutor Leonard Poon, personalidade, suporte e capacidade de sobrepujar dificuldades são tão importantes quanto controlar a pressão e o açúcar. Os sobreviventes longevos são os que não desistem tão facilmente, mesmo com doenças crônicas. Eles continuam ativos e não ruminam o problema de saúde.
Nessa faixa etária as mulheres são a maioria, em dados mundiais são seis mulheres para cada homem centenário, cabe agora entender esse fenômeno. Será mesmo resultado da maior capacidade adaptativa das mulheres?
Um método simples para conquistarmos a vida eterna é a clonagem, falho porque a memória de nossas vidas, em teoria, não acompanha nossos clones e, portanto, serão todos diferentes. Ainda assim factível, pois esta semana em um debate sobre clonagem no Parlamento europeu o doutor Keith Campbell anunciou que clonou outras quatro ovelhas Dolly.
Apesar de uma ovelha naturalmente gerada viver em média 10 a 12 anos, a primeira Dolly foi sacrificada com 6 anos, após desenvolver artrite e doença pulmonar. Mas, desta vez, a “número 2”, segundo o cientista, “vive bem e com saúde”.

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