1.07.2011

O comportamento visual – Com que roupa eu vou ??


Velha discussão sobre aparência no trabalho ganha tons modernos com popularização
De tatuagens e piercings. A discussão sobre qual é a roupa que se deve usar no ambiente de
trabalho ganhou agora um jeito mais radical. Com a moda dos piercings e tatuagens, os profissionais se deparam com um novo dilema. Uma águia estampada no braço ou um desenho tribal no pescoço pode atrapalhar sua carreira?

A resposta que os especialistas têm dado se baseia no mais puro bom senso. O modo como cada um se veste e se comporta não é só uma questão de gosto ou estilo. A imagem de cada profissional não reflete apenas a sua personalidade, como também ajuda a formar a identidade da empresa. É como um cartão de visitas do profissional e da corporação. Por isso, é preciso estar atento a como os outros enxergam sua postura.

'Quando a pessoa toma consciência da imagem que passa com cada roupa, ela não erra mais', diz o vice-presidente de criação da agência de propaganda QG Comunicação, Sérgio Lopes. Ele define seu estilo como casual. 'Como integrante da criação, não combina estar formal demais.
Mas como sócio, tenho de estar adequadamente vestido para ir a uma reunião ou restaurante com clientes sem passar vergonha.

Na QG, ele reforça, 'casual' é totalmente diferente de 'desleixado'.
'Aparecer de chinelo e camiseta de banda não dá,' diz Sérgio. Mas na empresa há pessoas de diversos estilos. 'A equipe de finanças é mais formal, pois tem de passar segurança aos clientes. A equipe de criação é mais despojada, colorida, com tatuagens. E o administrativo é um meio-termo.Cada um, adequado a seu ambiente.

Na prática, as pessoas têm adotado um estilo mais moderno, radical, com as tatuagens ou piercings, mas de maneira discreta, para não chamar mais a atenção para o visual do profissional do que para seu trabalho.

O tatuador Sérgio Maciel, conhecido como Leds, diz que houve um aumento de executivos em seus estúdios. 'Diminuiu o preconceito corporativo', diz ele. 'A tatuagem segue o mesmo raciocínio da roupa. Se você trabalha em um ambiente formal, não vai tatuar a cabeça, e sim um lugar discreto.'

Ele diz que muitos executivos pedem desenhos para simbolizar conquistas.
E lembra: 'por melhor que seja a aparência de uma pessoa e a impressão que ela causa, o melhor atributo é a competência.'

A preocupação com o estilo do profissional de se apresentar e vestir é conhecido entre os especialistas como comunicação não-verbal. 'A comunicação não-verbal envolve postura, aparência, vestuário e tom de voz, entre outras coisas', diz Silvana Bianchinni, da consultoria
Dresscode. 'Num primeiro contato, quando se forma a primeira impressão, essas características representam até 93% do impacto causado. Só 7% vêm do que a pessoa fala.

Uma primeira impressão leva 30 segundos para se formar. 'É um tempo curto mas que pode ser decisivo em uma entrevista de emprego ou em uma reunião de negócios', diz Silvana, que já realizou workshops de imagem e comunicação não-verbal para executivos de empresas como Unilever, Unibanco e Merryll Lynch. 'Um conjunto de impressões, ao longo do tempo, forma a imagem do executivo. Mas antes da imagem se formar, uma impressão errada pode ser um desastre.

Entre os principais erros, está o vestuário. 'Uma executiva pode até usar terninho cor-de-rosa. Porém, dificilmente vai passar uma imagem de credibilidade', diz. 'Peças clássicas de tons neutros funcionam melhor nas empresas.' Isso não significa que os ambientes de trabalho devam ser uniformizados. 'Cores frias passam mais autoridade, cores quentes, mais comunicação. O erro é o exagero: ser escravo da moda, usar muito decote ou brilho.

Apesar de poucas empresas terem regras explícitas sobre vestuário, ela lembra que em todos os ambientes a maneira como a pessoa se veste é julgada. 'Falei com uma garota que vestia roupas bastante justas. Ela ia a uma entrevista de emprego. Não acho que conseguiu.

É possível, claro, colocar um pouco do próprio estilo no vestuário do dia-a-dia. 'Mesmo cabelo comprido ou tatuagem são válidos. A aparência deve ser usada a seu favor, não contra', diz Silvana.

Fonte: Folha de São Paulo

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