1.01.2011

Medicina do viajante: para você poder realmente relaxar nas férias


Às vezes, quando saímos em férias estamos tão ansiosos com a chegada dos dias de descanso que esquecemos detalhes importantes para a nossa saúde. Mesmo para aqueles que não têm uma doença crônica é importante se prevenir e pensar em alguns artigos que ajudarão muito em situações inesperadas em uma viagem.

De acordo com a médica Flávia Bravo, coordenadora do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante (CBMEVi), as pessoas devem levar em conta sempre o destino, o clima, a época do ano, o meio de transporte, o tipo de hospedagem e a sua própria condição física na hora de tomar medidas preventivas de saúde.

Para o turista nacional, uma boa dica é prevenir o sarampo pela vacina tríplice viral, já que casos da doença vêm sendo diagnosticados no Brasil nos últimos meses. Entre as principais vacinas prescritas para viajantes no Brasil estão: febre amarela e tifóide, hepatites A e B, cólera, diarréia e tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba). A orientação é que se planeje a consulta com um médico com antecedência, pois em alguns casos, o corpo só fica realmente imune após 15 dias da vacinação.

Para quem vai viajar para países do hemisfério norte é importante lembrar que nesta época do ano é inverno, estação da gripe. Portanto, o viajante deve ser imunizado contra a gripe H1N1 e a gripe sazonal. Vale lembrar que é provável que estas vacinas sejam encontradas apenas em clínicas privadas.

Durante o verão é necessário redobrar os cuidados com a alimentação. A regra número um é estar atento às condições básicas de higiene das comidas. Para isso, as pessoas devem verificar se o estabelecimento possui o selo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e não comprar comidas feitas e armazenadas em barracas ou por ambulantes. Também é recomendável evitar alimentos muito perecíveis como aqueles que são crus, frutos do mar e maionese, o que previne a diarreia e até a contaminação por hepatite A.

Outra sugestão é que as pessoas façam refeições leves. Durante o trajeto, para quem vai de carro, o motorista deve privilegiar saladas, carne ou sanduíche para evitar sonolência na direção. “É indicado também, em viagens longas, fazer paradas a cada três horas para evitar dores musculares e promover o bem-estar de condutores e passageiros”, ressalta a médica. Além disso, crianças e idosos, principalmente, precisam se manter bem hidratados; as melhores opções são água (natural ou de coco) e suco de fruta.

Para os que fazem trilhas, é importante ficar atento às picadas de carrapato estrela, que pode transmitir febre maculosa - doença capaz de matar. “É recomendável o uso de roupas claras para visualizá-lo com mais facilidade e calças compridas amarradas ou até por dentro das meias. É bom levar uma pinça para retirar algum carrapato que eventualmente venha a picar e aplicar, em seguida, antisséptico no local”, explica a vice-presidente da Associação Brasileira de Imunizações (Sbim), Isabella Ballalai.

O uso de repelentes é fundamental para evitar doenças como a dengue e a febre amarela urbana, transmitidas pelo mosquito Aedes Aegipty. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o repelente com concentração de 50% de Beet (dietiltoluamida), icadirida ou permetrina. “Quem optar por utilizar produtos disponíveis nas farmácias brasileiras - normalmente com concentração abaixo de 10% - deve reaplicar a cada 30 minutos, tempo em que o repelente vai evaporar e perder o efeito.”, esclarece Flávia Bravo. É fundamental fazer a aplicação de forma correta, uma vez que o simples odor do produto não repele os mosquitos e insetos. O ideal é passar uma camada em toda a superfície da pele, principalmente no começo da manhã e no final da tarde, quando os insetos costumam aparecer.

Mas, consultas médicas a parte, o viajante deve sempre ter na bagagem, além do repelente, antisséptico para feridas, termómetro e protetor solar. No que diz respeito aos medicamentos de uso continuo, lembre-se de levar o suficiente para todo o período que ficará fora e receitas que constem os nomes genéricos dos remédios e posologia. Para quem vai para fora do país, não se esqueça da declaração médica que especifique a necessidade de se levar os seus medicamentos na bagagem de mão (a atual legislação internacional determina assim). Boa viagem.

10 dicas saudáveis para as viagens de fim de ano:

Faça Check-up

Antes de viajar veja como está sua saúde. Se toma algum remédio, tem alguma doença crônica (como hipertensão, diabetes, alergias e outras) ou está grávida, é imprescindível receber orientações médicas específicas. Laudos podem ser necessários, como em casos de viagens para o exterior em que pode ser preciso levar algum estoque de medicação. Nesses casos, é necessária a tradução do documento para o inglês.

Faça seguro e informe-se sobre a rede de saúde

Verifique a rede credenciada do seu plano ou faça um seguro, sempre observando o que é oferecido (inclusive transporte) e a situação de saúde do viajante. Informe-se em um serviço especializado em medicina do viajante sobre a estrutura oferecida (hospitais e emergências) em seu destino, se existe clínica do viajante no local e se seu seguro ou plano de saúde cobrem um eventual atendimento.

Saiba sobre a situação de saúde do destino e fuso horário

Informe-se com um médico do viajante sobre a situação do destino, se existem surtos ou doenças endêmicas. Só assim será possível definir medidas preventivas. Se você costuma ter problemas com o fuso horário (dor de cabeça, sonolência ou insônia, irritabilidade, falta de atenção, entre outros) converse com o médico sobre formas de ajudar na adaptação.

Leve uma “farmacinha”

Leve medicamentos básicos para primeiros socorros, como antitérmico, analgésicos, antiemético, antialérgicos, curativos e o que for recomendado pelo médico.

Coloque a vacinação em dia

Coloque em dia seu calendário de vacinação. Essa recomendação é válida para crianças, adolescentes e adultos. Vacinas como a de febre amarela pode ser necessária em viagens nacionais e internacionais. Outra importante vacina é a contra hepatite A, uma das infecções que mais acomete o viajante.

É importante ressaltar que todo adulto precisa estar com as vacinas contra sarampo, hepatite B e tétano em dia, e também se informar sobre outras vacinas não previstas que podem ser prescritas dependendo do destino (como a meningocócica, raiva, pneumocócica, difteria e poliomielite).

Tenha o Certificado Internacional de Vacinação

Esse documento comprova a vacinação contra febre amarela e/ou outras doenças (dependendo do destino), e só é emitido em postos específicos do Ministério da Saúde (normalmente em aeroportos). Alguns países podem exigir sua apresentação e isso é previsto no Regulamento Sanitário Internacional (RSI). Após ser vacinado, procure com antecedência os locais de emissão do certificado de vacinação e profilaxia antes de embarcar para viagens para fora do Brasil. Para ter acesso a relação dessas vacinas, acesse http://www.anvisa.gov.br/paf/viajantes/certificado_internacional_vacinacao.htm.

Tome cuidado com a alimentação

Fique atento aos alimentos e líquidos: beba apenas bebidas industrializadas, evite ambulantes, alimentos crus, o uso de gelo, maionese e comidas cremosas. Verifique sempre as condições de higiene do estabelecimento onde vai comer. Se necessário, use pastilhas de cloro para a água.

Diarréia é a causa mais comum de doença em viajantes. Caso ocorra, inicie a administração de soro caseiro. Se persistir ou vier acompanhado de febre ou outro sintoma, procure um médico.

Proteja-se dos mosquitos e do sol

No verão, mosquitos costumam ser um problema, principalmente porque podem transmitir doenças como a dengue. Use repelentes e lembre-se: é preciso cobrir toda a área de pele exposta e reaplicar de acordo com orientações médicas. Não vá para o sol sem um protetor solar de no mínimo fator 15 e com proteção para UVA e UVV. Use sempre chapéu.

Adapte-se às altas altitudes

Se vai viajar para destinos a mais de 3 mil metros de altitude, procure subir no máximo 300 metros por dia e, quando acumular 900 metros, tire um dia de descanso antes de continuar. Converse com o médico de viajante sobre tratamentos profiláticos que podem ser necessários e, se apresentar sintomas como dor de cabeça, tonteira ou outros, desça e procure logo um medico local.

Alongue-se no trajeto

Em viagens longas em aviões ou ônibus, movimente-se e procure caminhar a cada 2h ou 3h para prevenir a trombose venosa.

Alguns mitos:

- Em países desenvolvidos no hemisfério norte não existem riscos para doenças infecciosas.
Não é verdade, veja alguns motivos:
• Sarampo é endêmico na Europa;
• O inverno europeu é época de surto de Influenza;
• Em regiões da Alemanha, Rússia e Áustria, existe um alto risco para doença transmitida por carrapato.

- Colocar limão em água e alimentos desinfeta os mesmos.
Não é verdade. Água deve que ser filtrada, fervida ou tratada com cloro em pastilhas ou pó (existem produtos específicos para quantidades pequenas como jarra ou copo). Alimentos crus devem ser evitados e frutas e legumes lavados com água tratada e, se possível, com sabão.

- Complexo B é bom para proteger de mosquitos.
Não é verdade. Não existem ainda estudos conclusivos.

- Cozinhar os alimentos mata todos os micróbios.
Não é verdade. O vírus da hepatite A (e outros) resiste a temperaturas de 85ºC.

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