Investir (bem) em Pesquisa e Desenvolvimento é essencial para qualquer país que aspire ter um lugar ao sol. Investir (bem) em Pesquisa e Desenvolvimento em Administração de Empresas é essencial para qualquer país que pretenda gerir adequadamente seus recursos e ajudar suas organizações a prestarem bons serviços e suas empresas a serem competitivas.
O Brasil vem crescendo de forma gradual em termos de número de publicações científicas e de seu impacto, medido pelas citações de trabalhos de brasileiros por outros pesquisadores. Dados da newsletter Science Watch, da Thomson Reuters, mostram que, entre 1989 e 2007, o número de artigos científicos com ao menos um autor residente no Brasil aumentou seis vezes, passando de 3.176 para mais de 19 mil. Com isso, a participação brasileira na literatura científica mundial passou de 0,56% para 2,02%.
Em editorial publicado em número recente da RAE-revista de administração de empresas, uma publicação acadêmica da FGV-Eaesp, Eduardo Henrique Diniz chama a atenção para esse avanço apreciável e necessário. No entanto, observa o editor, a evolução foi heterogênea. Algumas áreas comandaram o movimento, tais como as Ciências Agrárias, a Microbiologia e as Ciências do Ambiente. Enquanto seus pesquisadores contribuíram significativamente para o avanço do conhecimento em seus respectivos campos, os colegas da Psicologia, da Ciência da Computação e da Economia e Negócios puxaram os números para baixo.
Tratando especificamente do campo da Administração de Empresas (Negócios), Diniz lembra que o aumento quantitativo da produção científica no campo não tem sido acompanhado por um aumento qualitativo. Há anos, crescem vigorosamente no Brasil os grupos de pesquisa, os congressos e as revistas científicas. Para o observador casual, temos pesquisadores e temos pesquisa. Porém, quando se verifica a qualidade ou utilidade do que é pesquisado e publicado, conclui-se que os resultados são pífios. Levantamentos e análises sobre o impacto da produção científica local são desanimadores. Aparentemente, nem nossos próprios pesquisadores utilizam o que eles mesmos pesquisam, escrevem e publicam. Além disso, achar um pesquisador brasileiro em um periódico científico internacional de renome é como encontrar Wally nas intrincadas ilustrações do britânico Martin Handford.
A Administração de Empresas é uma ciência aplicada. Seus cientistas deveriam se orientar para a solução de problemas reais. E estes existem em abundância. Em um país com consideráveis deficiências de gestão, como o Brasil, a contribuição desses pesquisadores poderia ser notável. Infelizmente, isso não é o que ocorre.
O leitor mais atento haverá de questionar: por que, então, as universidades públicas e privadas gastam recursos preciosos e escassos com pesquisa de utilidade duvidosa? Por que as agências governamentais de fomento continuam- custeando viagens e participações em congressos (que -geralmente acontecem em hotéis cheios de estrelas)?
Os vícios são muitos e as respostas são variadas, mas há um vilão: a construção de um sistema fechado e corporativista voltado para interesses próprios, disputando honrarias de valor questionável e buscando prestígio e legitimidade diante de entidades avaliadoras.
Nossos acadêmicos frequentemente se comportam como povos das montanhas, arredios, isolando-se em suas cavernas, governadas por suas próprias sombras. Por outro lado, nossos executivos, seus supostos interlocutores, comportam-se como povos litorâneos, sempre a mirar o oceano, à espreita de novidades. Eles são impulsivos e surfam desajeitadamente cada onda que surge no horizonte. Os montanheses veem os litorâneos como seres superficiais, cujo culto de gurus norte-americanos e indianos revela uma insustentável leveza intelectual. Os litorâneos veem os montanheses como refugo do mercado, seres de pouca inclinação para o trabalho, relegados pela ausência de qualificações às salas de aula e às teses.
Por que o sistema não muda? Grande inércia e pequena política têm se mostrado eficazes para evitar rupturas. Assim, avançamos com pompa e circunstância rumo aos píncaros da inutilidade acadêmica.
Seria cabível considerar o sucateamento do sistema atual de avaliação, mantido pela Capes? Desejável, sim, suficiente, não. Igualmente importante seria orientar os recursos para temas relevantes, de interesse do País e de suas- organizações. Além, é claro, de realizar esforços para aproximar montanheses e litorâneos, tarefa para a qual é preciso ter vontade política e coragem para quebrar costumes arraigados. Infelizmente, essas são duas atitudes ainda raras no meio acadêmico.
O Brasil vem crescendo de forma gradual em termos de número de publicações científicas e de seu impacto, medido pelas citações de trabalhos de brasileiros por outros pesquisadores. Dados da newsletter Science Watch, da Thomson Reuters, mostram que, entre 1989 e 2007, o número de artigos científicos com ao menos um autor residente no Brasil aumentou seis vezes, passando de 3.176 para mais de 19 mil. Com isso, a participação brasileira na literatura científica mundial passou de 0,56% para 2,02%.
Em editorial publicado em número recente da RAE-revista de administração de empresas, uma publicação acadêmica da FGV-Eaesp, Eduardo Henrique Diniz chama a atenção para esse avanço apreciável e necessário. No entanto, observa o editor, a evolução foi heterogênea. Algumas áreas comandaram o movimento, tais como as Ciências Agrárias, a Microbiologia e as Ciências do Ambiente. Enquanto seus pesquisadores contribuíram significativamente para o avanço do conhecimento em seus respectivos campos, os colegas da Psicologia, da Ciência da Computação e da Economia e Negócios puxaram os números para baixo.
Tratando especificamente do campo da Administração de Empresas (Negócios), Diniz lembra que o aumento quantitativo da produção científica no campo não tem sido acompanhado por um aumento qualitativo. Há anos, crescem vigorosamente no Brasil os grupos de pesquisa, os congressos e as revistas científicas. Para o observador casual, temos pesquisadores e temos pesquisa. Porém, quando se verifica a qualidade ou utilidade do que é pesquisado e publicado, conclui-se que os resultados são pífios. Levantamentos e análises sobre o impacto da produção científica local são desanimadores. Aparentemente, nem nossos próprios pesquisadores utilizam o que eles mesmos pesquisam, escrevem e publicam. Além disso, achar um pesquisador brasileiro em um periódico científico internacional de renome é como encontrar Wally nas intrincadas ilustrações do britânico Martin Handford.
A Administração de Empresas é uma ciência aplicada. Seus cientistas deveriam se orientar para a solução de problemas reais. E estes existem em abundância. Em um país com consideráveis deficiências de gestão, como o Brasil, a contribuição desses pesquisadores poderia ser notável. Infelizmente, isso não é o que ocorre.
O leitor mais atento haverá de questionar: por que, então, as universidades públicas e privadas gastam recursos preciosos e escassos com pesquisa de utilidade duvidosa? Por que as agências governamentais de fomento continuam- custeando viagens e participações em congressos (que -geralmente acontecem em hotéis cheios de estrelas)?
Os vícios são muitos e as respostas são variadas, mas há um vilão: a construção de um sistema fechado e corporativista voltado para interesses próprios, disputando honrarias de valor questionável e buscando prestígio e legitimidade diante de entidades avaliadoras.
Nossos acadêmicos frequentemente se comportam como povos das montanhas, arredios, isolando-se em suas cavernas, governadas por suas próprias sombras. Por outro lado, nossos executivos, seus supostos interlocutores, comportam-se como povos litorâneos, sempre a mirar o oceano, à espreita de novidades. Eles são impulsivos e surfam desajeitadamente cada onda que surge no horizonte. Os montanheses veem os litorâneos como seres superficiais, cujo culto de gurus norte-americanos e indianos revela uma insustentável leveza intelectual. Os litorâneos veem os montanheses como refugo do mercado, seres de pouca inclinação para o trabalho, relegados pela ausência de qualificações às salas de aula e às teses.
Por que o sistema não muda? Grande inércia e pequena política têm se mostrado eficazes para evitar rupturas. Assim, avançamos com pompa e circunstância rumo aos píncaros da inutilidade acadêmica.
Seria cabível considerar o sucateamento do sistema atual de avaliação, mantido pela Capes? Desejável, sim, suficiente, não. Igualmente importante seria orientar os recursos para temas relevantes, de interesse do País e de suas- organizações. Além, é claro, de realizar esforços para aproximar montanheses e litorâneos, tarefa para a qual é preciso ter vontade política e coragem para quebrar costumes arraigados. Infelizmente, essas são duas atitudes ainda raras no meio acadêmico.
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