Estudo realizado por pesquisadores do Hospital Schillerhoehe, na Alemanha, cães farejadores foram capazes de detectar corretamente os tumores de pulmão em 71% dos pacientes. Os resultados sugerem que uma técnica semelhante no futuro possa ser utilizada para detecção com precisão de casos de câncer de pulmão por simples amostras de hálito.
A respiração de pacientes com câncer de pulmão exala substâncias químicas diferentes das amostras de uma respiração normal. O olfato apurado dos cães pode detectar essa diferença em um estágio inicial da doença, afirmou Thorsten Walles,que liderou o estudo publicado na revista European Respiratory Journal, na quinta-feira 18 de agosto deste ano.
A grande maioria dos casos de câncer de pulmão está ligada ao tabagismo, e é o segundo mais comum em homens e mulheres na Europa, provocando mais de 340 mil mortes por ano. Também é a causa mais comum de morte por câncer em todo o mundo.
A doença é de difícil diagnostico no estágio inicial e os cientistas começaram a estudar testes de hálito para possíveis programas de detecção no futuro. A técnica se baseia na identificação de compostos chamados orgânicos voláteis, ligados à presença do câncer.
Os pesquisadores trabalharam com cães especialmente treinados e com 220 voluntários, incluindo pacientes com câncer de pulmão, doentes com DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e pessoas sem problemas pulmonares.
Os resultados mostram que os animais identificaram com sucesso 71 amostras com câncer de pulmão de um total de 100, além de 372 que não tinham a doença de um total de 400.
Os cães também foram capazes de detectar o câncer de pulmão, independente de DPOC e fumo.
O Dr. Walles disse que os resultados confirmam que há um marcador confiável e estável de câncer de pulmão na respiração, mas ainda há muito trabalho para descobrir o que é, pois ainda é preciso identificar com precisão os compostos observados no ar exalado pelos pacientes.
Pesquisadores da Universidade Kyushu, no Japão publicaram.estudo, na conceituada revista especializada Gut, mostrando que um cão labrador conseguiu detectar um câncer de intestino pelo cheiro do hálito e de amostras de fezes de um paciente sendo que o animal foi capaz de identificar a doença em sua fase inicial.
Outras pesquisas já haviam sugerido que os cães são capazes de farejar câncer de pele, bexiga, pulmão, ovários e de mama. Acredita-se que a biologia do tumor inclui um cheiro distinto, e vários estudos já usaram cachorros para tentar detectá-los.
No estudo em questão, o labrador Marine, de oito anos, foi apresentado a cinco amostras, uma das quais era de um paciente com câncer e quatro de pessoas saudáveis. Nos testes de hálito o animal detectou a amostra com câncer em 33 de 36 vezes, e com as amostras de fezes, o cachorro acertou 37 das 38 vezes.
Até mesmo o câncer de intestino em estágio inicial foi detectado, sendo que os testes habituais como a colonoscopia e outros mais comuns, tentam identificar pequenas quantidades de sangue nas fezes, diagnosticam apenas um em cada dez casos em estágio inicial.
O coordenador do estudo, Dr. Hideto Sonoda, do Departamento de Cirurgia e Ciências da Escola de Medicina da Kyushu University, diz que é difícil custoso e o tempo necessário para o treinamento do cão pode ser muito longo, para habilitar cachorros em testes de rotina para detectar câncer, mas o estudo poderá levar ao desenvolvimento de sensores eletrônicos no futuro.
O cheiro específico do câncer existe, mas os componentes químicos (que provocam o odor característico) não estão bem definidos. Somente o cachorro conhece a resposta, segundo o Dr. Sonoda. Portanto é necessário identificar os compostos orgânicos voláteis específicos detectados pelos cães para desenvolver um sensor precoce de cânce, que entretanto ainda vai exigir tempo e novas pesquisas.
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