Concorrência garante preços acessíveis, mas médicos condenam diluição do produto
A recessão americana causa estragos na economia; mas um setor não parece sentir. A aplicação de toxina botulínica para suavizar rugas cresceu pelo menos 20% nos Estados Unidos nos dois últimos anos; segundo o maior fabricante desse produto. Aprovada há exatos 20 anos para fins terapêuticos e há 12 em procedimentos estéticos, a maior demanda pela toxina tem sido alimentada pela classe média e pela chegada ao mercado de novas marcas. No Brasil, uma aplicação que custava R$ 1.200 hoje sai por R$ 500, e há clínicas que parcelam. Mas é preciso cuidado. Além de correr riscos com o despreparo médico, tratamentos muito baratos sacrificam a qualidade: o resultado costuma ser insatisfatório e durar pouco. Nelma Cristina das Neves é uma das novas usuárias de toxina botulínica, que pode ser encontrada em diversas marcas: Dysport, Prosigne, Xeomin e, claro, a mais conhecida e antiga, Botox. Aos 50 anos, um filho e três netos, ela decidiu rejuvenescer. Há um ano ela se submeteu ao tratamento para se livrar, pelo menos por um tempo, de suas rugas. Fez isso numa clínica em Madureira e ficou satisfeita.— Aumentou minha autoestima. Todo mundo diz que estou mais jovem e bonita. Quando me perguntam o que fiz, só conto para os íntimos. Depois da aplicação, até passei a me cuidar mais, perdi peso — diz Nelma. — Para acabar com as rugas procurei uma clínica de referência — conta Nelma, que se tratou no Instituto da Pelle (www.institutodapelle.com.br).
Ela tem razão. A dermatologista Bruna Souza Felix Bravo, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia e médica da Santa Casa de Misericórdia no Rio, diz que as pessoas devem desconfiar quando o preço da aplicação da toxina é baixo demais. Esse produto pode estar muito diluído, o que significa menos efeito, ou produto fora do prazo de validade.
— O preço das toxinas caiu em cerca de 50% em uma década, graças à concorrência entre fabricantes — diz Bruna. — Antes, como os médicos estavam aprendendo a aplicar o produto, e usavam uma concentração maior da toxina.
Nas rugas, em marcas de expressão e no pescoço, o efeito dura de quatro a seis meses. E o uso continuado da toxina não reduz sua ação com o tempo. Em casos raros, o paciente produz anticorpos contra a proteína viva da toxina, neutralizando seu efeito.
— É preciso ter atenção com produtos vendidos no mercado clandestino e com profissionais não qualificados — alerta Bruna.
Uma aplicação mal sucedida deixa sobrancelhas e pálpebras caídas; causa perda das expressões faciais e altera o sorriso, enquanto durar o efeito. Isso porque a toxina botulínica impede a transmissão do neurotransmissor acetilcolina dos nervos aos músculos. É este mensageiro que diz que aos músculos eles devem se contrair. Como esta informação não chega, há relaxamento. A aplicação é feita por meio de injeções diretamente nos músculos que se deseja tratar. Daí a importância de se consultar com um dermatologista ou cirurgião plástico qualificado.
Para a dermatologista Paula Bellotti, a qualidade das marcas aprovadas pela Anvisa é praticamente a mesma. Mas desde que sejam bem usadas.
— Há casos em que, para se aproveitar o máximo um frasco, o produto é muito diluído. Ou, quando há sobra, ele é armazenado por tempo além do permitido. Isso prejudica o tratamento e o paciente pode criar anticorpos contra a toxina. Outro risco de tratamento mal feito é a toxina migrar para outra área do corpo — diz Paula. — Com menos de R$ 500 por aplicação, há algo errado. Desconfie.
Ela lembra que a toxina é um tratamento complementar. Portanto, não regenera a pele, não estimula a formação de colágeno. E deve ser associado a outros procedimentos. Além do Instituto da Pelle, a Santa Casa de Misericórdia no Rio (www.santacasarj.org.br) aplica toxina botulínica para fins estéticos. Lá o tratamento custa menos que a média dos consultórios particulares, mas a direção não informa o preço. O valor mais em conta é possível por se tratar de um serviço-escola, onde professores experientes supervisionam a aplicação por médicos que estão se especializando em dermatologia. O paciente tem acesso ligando para o serviço e marcando consulta na Cosmiatria. A Santa Casa não divide o pagamento, feito em dinheiro.
— O tratamento estético ficou mais acessível à população
. GloboEla tem razão. A dermatologista Bruna Souza Felix Bravo, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia e médica da Santa Casa de Misericórdia no Rio, diz que as pessoas devem desconfiar quando o preço da aplicação da toxina é baixo demais. Esse produto pode estar muito diluído, o que significa menos efeito, ou produto fora do prazo de validade.
— O preço das toxinas caiu em cerca de 50% em uma década, graças à concorrência entre fabricantes — diz Bruna. — Antes, como os médicos estavam aprendendo a aplicar o produto, e usavam uma concentração maior da toxina.
Nas rugas, em marcas de expressão e no pescoço, o efeito dura de quatro a seis meses. E o uso continuado da toxina não reduz sua ação com o tempo. Em casos raros, o paciente produz anticorpos contra a proteína viva da toxina, neutralizando seu efeito.
— É preciso ter atenção com produtos vendidos no mercado clandestino e com profissionais não qualificados — alerta Bruna.
Uma aplicação mal sucedida deixa sobrancelhas e pálpebras caídas; causa perda das expressões faciais e altera o sorriso, enquanto durar o efeito. Isso porque a toxina botulínica impede a transmissão do neurotransmissor acetilcolina dos nervos aos músculos. É este mensageiro que diz que aos músculos eles devem se contrair. Como esta informação não chega, há relaxamento. A aplicação é feita por meio de injeções diretamente nos músculos que se deseja tratar. Daí a importância de se consultar com um dermatologista ou cirurgião plástico qualificado.
Para a dermatologista Paula Bellotti, a qualidade das marcas aprovadas pela Anvisa é praticamente a mesma. Mas desde que sejam bem usadas.
— Há casos em que, para se aproveitar o máximo um frasco, o produto é muito diluído. Ou, quando há sobra, ele é armazenado por tempo além do permitido. Isso prejudica o tratamento e o paciente pode criar anticorpos contra a toxina. Outro risco de tratamento mal feito é a toxina migrar para outra área do corpo — diz Paula. — Com menos de R$ 500 por aplicação, há algo errado. Desconfie.
Ela lembra que a toxina é um tratamento complementar. Portanto, não regenera a pele, não estimula a formação de colágeno. E deve ser associado a outros procedimentos. Além do Instituto da Pelle, a Santa Casa de Misericórdia no Rio (www.santacasarj.org.br) aplica toxina botulínica para fins estéticos. Lá o tratamento custa menos que a média dos consultórios particulares, mas a direção não informa o preço. O valor mais em conta é possível por se tratar de um serviço-escola, onde professores experientes supervisionam a aplicação por médicos que estão se especializando em dermatologia. O paciente tem acesso ligando para o serviço e marcando consulta na Cosmiatria. A Santa Casa não divide o pagamento, feito em dinheiro.
— O tratamento estético ficou mais acessível à população
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