É comum a idéia de que, quando a mente
humana entra em ação, em primeiro lugar se formou o pensamento. Mas,
numa camada mais profunda do que aquela que em que se forma o
pensamento, surge o sentimento, que gera o pensamento.
As pessoas pensam porque sentem.
A força criativa não é acionada
diretamente pelo pensamento. Toda ação criativa é decorrente de um
sentimento. Portanto, os sentimentos desempenham um papel muito
importante, porque acionam todos os pensamentos e ações.
A Mente Subconsciente é a sede de todas as emoções, de todos os sentimentos. A Mente Consciente
é apenas uma área mental onde são registrados os sentimentos já
experimentados. Esta é a razão porque as emoções e os sentimentos
gravados na Mente Subconsciente se manifestam com tanta força.
E agora chega o momento onde é fundamental
diferenciar emoções de sentimentos, pois existe muita confusão, porque
na verdade, elas caminham muito perto uma da outra. Até porque, todas
afloram do mesmo ponto da mente, o subconsciente; embora as emoções
sejam mais reptilianas, enquanto os sentimentos são mais límbicos.
A grande diferença está no processo evolutivo do indivíduo, ou seja, se ele aceita ser movido:
- Pelos instintos e a irracionalidade ou,
- Pela espiritualidade, assumindo seu livre-arbítrio e todas as suas conseqüências.
A emoção é o estado afetivo intenso,
muito complexo, proveniente da REAÇÃO, ao mesmo tempo mental e
orgânica, sob a influência de certas excitações internas ou externas. Na
emoção existe forte influência dos instintos, das inferioridades e da
não-racionalidade.
O sentimento se distingue
basicamente da emoção, por estar revestido de um número maior de
elementos intelectuais e racionais. No sentimento já existe alguma
elaboração no sentido do entendimento e da compreensão. No sentimento já
acontece uma reflexão e aproximação do livre-arbítrio, da
espiritualidade e da racionalidade ou evolução humana.
Feita esta diferenciação, existem três tipos de
sentimentos — agradáveis, desagradáveis e neutros. Quando temos um
sentimento desagradável, desejamos evitá-lo. Porém, o ideal é voltar à
respiração consciente, que vai oxigenar, trazer clareza e; apenas
observá-lo, identificando-o em silêncio. Inspirando, tomo consciência de
que há um sentimento desagradável em mim. Expirando, percebo claramente
que há um sentimento desagradável em mim. Raiva, tristeza ou medo,
nomeado e identificado com clareza, fica mais sincera e profunda a forma
de lidar com ele.
A respiração é a forma mais poderosa
à nossa disposição para nutrir e fortalecer as condições de como lidar
com os desafios emocionais e afetivos. As filosofias orientais já
dominavam este conhecimento e faziam uso desta ferramenta há milênios.
Bons exemplos são a yoga e os mantras.
Através da respiração é possível entrarmos
rapidamente em contato com nossos sentimentos, observá-los por uma ótica
mais clara e administrá-los. Se a respiração for leve e tranqüila —
resultado natural da respiração consciente — a mente e o corpo irão
lentamente se tornando leves, tranqüilos e claros. E da mesma forma os
sentimentos.
Na emoção a respiração é frágil, inadequada, ineficiente: não permite
verdadeira InspirAção (Ar, Oxigênio) ou ExpirAção (limpeza).
verdadeira InspirAção (Ar, Oxigênio) ou ExpirAção (limpeza).
Na cura dos sentimentos desagradáveis é fundamental
cuidado, afeição e não-violência. Não acredito em transformações sem
amor. Mesmo porque, através da observação consciente, os sentimentos
desagradáveis podem ser muito esclarecedores, proporcionando revelações e
compreensão a respeito de nós mesmos, do desafio e da nossa sociedade.
O sentimento verdadeiro é a compreensão, é o perdão e muitas vezes gratidão.
Em vez da ação que busca se desfazer de partes de nós
mesmos, devemos aprender a arte da transformação. Podemos transformar
nossa raiva, por exemplo, em algo mais salutar como a compreensão. E,
desta mesma forma, é possível tratar a depressão, a ansiedade, o medo ou
a desesperança.
Alegria é um sentimento. Euforia é emoção.
Tristeza é um sentimento. Depressão é
emoção. A tristeza é inevitável em algumas situações da vida, mas ela
pode ser vivenciada juntamente com a paz, porque acontece a compreensão
de que tudo é passageiro e transitório, como também aprendizado.
Medo é um sentimento. Pânico é
emoção. Os medos são muitos e até servem como autoproteção,
autopreservação ou alerta. Mas o medo constante, sem motivo aparente ou
real, que paraliza, revela falta de lucidez e confiança. Coragem
(coração + ação) é fazer com medo.
Raiva é um sentimento. Ódio é
emoção. É humano expressamos o sentimento de raiva, até como um
posicionamento, um discernimento. Mas este sentimento deve ser rápido,
passageiro, o tempo de aprender como transformá-lo em atitudes
realizadoras, oportunidades do exercício da paciência, tolerância e
compreensão. Jamais deixe que a raiva se transforme em mágoa, rancor ou
ódio, pois este é o caminho da autodestruição.
Amor é um sentimento. Paixão é
emoção. O Amor anima e liberta. Junto com a paixão vem de brinde o
ciúmes, a dor, insegurança e a possessividade.
As emoções nos levam às ilusões, às falsas
expectativas, à distorção da realidade. Desta forma, ficam comprometidos
o discernimento e a capacidade de julgamento. Fica faltando a
inspiração que nos enche da luz da evolução espiritual.
Os sentimentos nos fazem superar, crescer, transbordar, expandir para a conquista da paz.
* Conceição Trucom
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