Agentes do Departamento de Homicídios, Corpo de Bombeiros e PM estão no terreno próximo ao Aeroporto de Confins (BH) onde a amante do goleiro Bruno estaria enterrada
Para a realização das buscas, os
policiais fecharam a Rua Aranhas e o trabalho acontece ao lado do número
870. Sob a orientação de Jorge, eles utilizam retroescavadeiras,
enxadas e pás. Já foram encontrados dois objetos que seriam uma luva de
construção e um sapato. Moradores da região afirmaram que o terreno,
próximo da residência de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, sempre
esteve abandonado. No entanto, afirmaram que não viram algum movimento
estranho no período em que o corpo de Eliza Samudio teria sido enterrado
no local.
Jorge viajou na quinta-feira para a
capital mineira, escoltado em viaturas descaracterizadas do Batalhão de
Operações Policiais Especiais do Rio (Bope). Seu advogado pediu apoio à
corporação, porque Jorge diz temer ser morto. O primo de Bruno levou o
defensor ao terreno onde o corpo estaria enterrado antes de se
apresentar à polícia mineira.
“As informações que ele deu são
cabíveis de verificação. Mas isso não muda em nada a situação de quem já
foi julgado e condenado”, afirmou o delegado Wagner Pinto, referindo-se
aos três condenados pela morte da modelo: Bruno, acusado de ser o
mandante do crime; o ex-amigo dele, Luiz Henrique Ferreira Romão, o
Macarrão; e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, condenado pela execução
e ocultação do corpo de Eliza.
Nélio Andrade contou que Jorge
resolveu falar o que sabia porque entrou para igreja evangélica. “O
arrependimento e o apoio de um tio fizeram ele falar. De 0 a 10, ele tem
certeza absoluta do que contou. Tenho um nome a zelar, se não
acreditasse nele, eu não faria nada”, afirmou o advogado, acrescentando
que o rapaz — que cumpriu medida socioeducativa pelo crime quando era
menor — não vai entrar em programa de proteção à testemunha.
O terreno fica a cerca de 13 quilômetros de
Vespasiano, cidade onde Bola morava e, de acordo com o Ministério
Público, local da morte. Jorge afirmou que a vítima não foi
esquartejada, como contou anteriormente. “A mão dela foi cortada ainda
em vida e decepada com uma faca de açougueiro, depois de morta. O corpo
foi enrolado em um lençol e lacrado em um saco preto”, garantiu.
Vídeo: Advogado fala sobre revelação de Jorge
Assistindo ao crime, ele disse que
segurava no colo Bruninho, filho do jogador com a modelo, cujo valor da
pensão alimentícia originou a desavença. “O menino chorava muito.
Parecia que sabia que a mãe estava sendo morta”. O local teria sido
indicado por Bola. Jorge afirma que um buraco profundo, cavado por
trator, estava aberto. “Tiramos o corpo da mala do EcoSport, da avó de
Bruno, e jogamos terra por cima”, garantiu.
Contradições marcam depoimentos do jovem
Ao longo das investigações, Jorge Luiz Rosa
Sales mudou sua versão sobre o crime várias vezes. Ele, que chegou a
contar com proteção policial por ter fornecido detalhes do crime,
sustentou, nos primeiros depoimentos, que o corpo de Eliza teria sido
esquartejado e dado como comida a cães da raça rottweiler. O que sobrou
teria sido concretado em uma parede.Depois, afirmou que a modelo foi levada para a casa do jogador na Barra da Tijuca, onde permaneceu por dois dias, até ser levada para o sítio em Esmeraldas (MG). Na quinta, porém, garantiu que ela saiu de hotel direto para Minas, sem passar pela casa do goleiro.
Os depoimentos de Jorge também
mostram contradições em relação a presença de Dayanne, ex-mulher de
Bruno, no sítio de Esmeraldas. Em entrevista no ano passado, Jorge
chegou a insinuar que Bruno sabia desde o início do plano de matar
Eliza, ao contrário do que disse na quinta-feira à ‘Rádio Tupi’.
Advogados se surpreendem
Na entrevista à ‘Rádio Tupi’, Jorge alegou que mentiu no primeiro depoimento por orientação do seu ex-advogado, Eliezer de Almeida. O defensor negou e disse que nunca soube dessa nova versão. “Ele nunca me contou essa história. Se eu soubesse, o teria convencido a falar”, alegou Eliezer, que suspeita da veracidade do relato, já que é o quinto de Jorge.
Maria Lúcia, advogada da mãe de Eliza, ficou surpresa: “Se for comprovado que o corpo está lá, como o Jorge confirmou sua participação, deve ser denunciado por ocultação de cadáver. Se for mentira, pode ser por falso testemunho”.
Leonardo Diniz, que defende Macarrão,
se recusou a comentar a entrevista, dizendo que as acusações não terão
relevância para o processo. “Meu cliente está julgado. Não existe
revisão para prejudicar réu”, disse. Já Fernando Magalhães, defensor de
Bola, contou que seu cliente reagiu com indiferença.
“Jorge tem questão pessoal contra
Bola e há anos tumultua a vida dele. Se fosse verdade, tentaria uma
revisão e até anulação do processo, já que não houve esquartejamento nem
a qualificação pela forma cruel que o crime teria sido cometido. Caso o
corpo apareça, Bola será o principal interessado na perícia que,
certamente, o inocentará”, concluiu
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