Agentes do Departamento de Homicídios, Corpo de Bombeiros e PM estão no terreno próximo ao Aeroporto de Confins (BH) onde a amante do goleiro Bruno estaria enterrada
Para a realização das buscas, os
policiais fecharam a Rua Aranhas e o trabalho acontece ao lado do número
870. Sob a orientação de Jorge, eles utilizam retroescavadeiras,
enxadas e pás. Já foram encontrados dois objetos que seriam uma luva de
construção e um sapato. Moradores da região afirmaram que o terreno,
próximo da residência de Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, sempre
esteve abandonado. No entanto, afirmaram que não viram algum movimento
estranho no período em que o corpo de Eliza Samudio teria sido enterrado
no local.
Sob
a orientação de Jorge, primo do goleiro Bruno, policiais usam uma
retroescavadeira nas buscas pelos restos mortais de Eliza Samudio, num
terreno em Vespasiano (MG)
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Jorge viajou na quinta-feira para a
capital mineira, escoltado em viaturas descaracterizadas do Batalhão de
Operações Policiais Especiais do Rio (Bope). Seu advogado pediu apoio à
corporação, porque Jorge diz temer ser morto. O primo de Bruno levou o
defensor ao terreno onde o corpo estaria enterrado antes de se
apresentar à polícia mineira.
“As informações que ele deu são
cabíveis de verificação. Mas isso não muda em nada a situação de quem já
foi julgado e condenado”, afirmou o delegado Wagner Pinto, referindo-se
aos três condenados pela morte da modelo: Bruno, acusado de ser o
mandante do crime; o ex-amigo dele, Luiz Henrique Ferreira Romão, o
Macarrão; e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, condenado pela execução
e ocultação do corpo de Eliza.
Jorge
Luiz Rosa Sales (de casaco verde) participa ativamente do trabalho de
buscas pelos restos mortais de Eliza Samudio orientando os policiais
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Nélio Andrade contou que Jorge
resolveu falar o que sabia porque entrou para igreja evangélica. “O
arrependimento e o apoio de um tio fizeram ele falar. De 0 a 10, ele tem
certeza absoluta do que contou. Tenho um nome a zelar, se não
acreditasse nele, eu não faria nada”, afirmou o advogado, acrescentando
que o rapaz — que cumpriu medida socioeducativa pelo crime quando era
menor — não vai entrar em programa de proteção à testemunha.
O terreno fica a cerca de 13 quilômetros de
Vespasiano, cidade onde Bola morava e, de acordo com o Ministério
Público, local da morte. Jorge afirmou que a vítima não foi
esquartejada, como contou anteriormente. “A mão dela foi cortada ainda
em vida e decepada com uma faca de açougueiro, depois de morta. O corpo
foi enrolado em um lençol e lacrado em um saco preto”, garantiu.
Vídeo: Advogado fala sobre revelação de Jorge
Assistindo ao crime, ele disse que
segurava no colo Bruninho, filho do jogador com a modelo, cujo valor da
pensão alimentícia originou a desavença. “O menino chorava muito.
Parecia que sabia que a mãe estava sendo morta”. O local teria sido
indicado por Bola. Jorge afirma que um buraco profundo, cavado por
trator, estava aberto. “Tiramos o corpo da mala do EcoSport, da avó de
Bruno, e jogamos terra por cima”, garantiu.
Contradições marcam depoimentos do jovem
Ao longo das investigações, Jorge Luiz Rosa
Sales mudou sua versão sobre o crime várias vezes. Ele, que chegou a
contar com proteção policial por ter fornecido detalhes do crime,
sustentou, nos primeiros depoimentos, que o corpo de Eliza teria sido
esquartejado e dado como comida a cães da raça rottweiler. O que sobrou
teria sido concretado em uma parede.Depois, afirmou que a modelo foi levada para a casa do jogador na Barra da Tijuca, onde permaneceu por dois dias, até ser levada para o sítio em Esmeraldas (MG). Na quinta, porém, garantiu que ela saiu de hotel direto para Minas, sem passar pela casa do goleiro.
Bruno,
Bola e Macarrão foram condenados pela morte de Eliza, em 2010: crime
teria sido cometido porque goleiro não queria assumir filho
Foto: Divulgação
Os depoimentos de Jorge também
mostram contradições em relação a presença de Dayanne, ex-mulher de
Bruno, no sítio de Esmeraldas. Em entrevista no ano passado, Jorge
chegou a insinuar que Bruno sabia desde o início do plano de matar
Eliza, ao contrário do que disse na quinta-feira à ‘Rádio Tupi’.
Advogados se surpreendem
Na entrevista à ‘Rádio Tupi’, Jorge alegou que mentiu no primeiro depoimento por orientação do seu ex-advogado, Eliezer de Almeida. O defensor negou e disse que nunca soube dessa nova versão. “Ele nunca me contou essa história. Se eu soubesse, o teria convencido a falar”, alegou Eliezer, que suspeita da veracidade do relato, já que é o quinto de Jorge.
Maria Lúcia, advogada da mãe de Eliza, ficou surpresa: “Se for comprovado que o corpo está lá, como o Jorge confirmou sua participação, deve ser denunciado por ocultação de cadáver. Se for mentira, pode ser por falso testemunho”.
Advogado Nélio Andrade pediu escolta da PM do Rio para levar a testemunha a Minas
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Leonardo Diniz, que defende Macarrão,
se recusou a comentar a entrevista, dizendo que as acusações não terão
relevância para o processo. “Meu cliente está julgado. Não existe
revisão para prejudicar réu”, disse. Já Fernando Magalhães, defensor de
Bola, contou que seu cliente reagiu com indiferença.
“Jorge tem questão pessoal contra
Bola e há anos tumultua a vida dele. Se fosse verdade, tentaria uma
revisão e até anulação do processo, já que não houve esquartejamento nem
a qualificação pela forma cruel que o crime teria sido cometido. Caso o
corpo apareça, Bola será o principal interessado na perícia que,
certamente, o inocentará”, concluiu
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