Advogada Eloisa Samy é foragida da Justiça junto com mais 17 ativistas.
Consulado fechou as portas para a imprensa às 12h25.
Eloysa Samy Santiago defende ativistas em
protestos (Foto: Reprodução/Facebook)
A advogada Eloisa Samy, foragida da Justiça do Rio junto com 17 ativistas investigados por envolvimento em protestos violentos,
foi no consulado do Uruguai, na Praia de Botafogo, Zona Sul do Rio, na
manhã desta segunda-feira (21), para pedir asilo político no país. A
ativista confirmou a informação ao G1 no local. O consulado não quis dar informação por telefone e impediu a entrada da imprensa às 12h25.protestos (Foto: Reprodução/Facebook)
De acordo com denúncia do Ministério Público, Samy teria cedido a casa para reuniões de planejamento de atos violentos e cita uma ligação com o Movimento Frente Independente Popular (FIP). Ela nega e diz que tem divergências fortes com o grupo em relação a atuação em protestos.
"Nunca fiz reuniões na minha casa e [o pessoal] da FIP me odeia. Como posso estar ligado à FIP? Estou à espera de informações de Brasília [sobre o asilo], mas as informações sobre mim na denúncia não existem", disse ao G1.
Em um vídeo postado na internet, ela pede anistia a todos que chama de "presos políticos". "Hoje sou uma perseguida política, sendo criminalizada pela minha atuação na defesa dos direitos de manifestação. Fui denunciada pelo crime de formação de quadrilha armada com outras 22 pessoas, algumas das quais se quer eu conhecia”, diz. “Jamais cometi qualquer ato que infringisse a lei (...) Meu único crime é a firme posição que adotei para defender a Constituição.”
Dezoito foragidos
Eloisa e outros 22 ativistas foram denunciados e tiveram a prisão preventiva decretada na sexta-feira (18) por associação criminosa, entre outros crimes. Cinco deles já estavam presos. Nenhum dos outros 18, incluindo a advogada, foi encontrado neste sábado (19), quando a polícia tentou cumprir mandados de prisão. Ao G1, a delegada Renata Araújo disse que a divulgação prematura pela imprensa da intenção de pedir a prisão preventiva atrapalhou o trabalho da polícia.
"Nenhum dos foragidos que nós tínhamos informações sobre endereço foram localizados neste fim de semana", explicou.
Perfil
Engajada com as reivindicações que tomaram a cidade desde junho de 2013, a advogada Eloysa Santiago foi vista dezenas de vezes entre os manifestantes nos protestos que se tornaram frequentes no Rio. De perfil conciliador, já foi vista se apresentando a manifestantes mascarados durante o "Ocupa Cabral", acampamento montado na porta do prédio do então governador Sérgio Cabral.
Ela apresentava a carteira da OAB e se oferecia para prestar assistência em caso de violência policial durante a madrugada. Dias antes, a ocupação fora desarticulada à força. Chegou a dormir acampada com o grupo. Cenas semelhantes se repetiram em manifestações como a "Ocupação da Telerj".
Especializada em Direito Civil e Processo Civil também foi voluntária de ativistas detidos durante protestos na cidade. "Mergulhou de cabeça na militância", segundo interlocutores próximos. Apaixonada por gatos, se destacou também na luta pelo direito dos animais. Na denúncia, um dos elementos contra Eloysa seria o de não cobrar honorários.
A OAB, que também tornou pública sua insatisfação com as prisões, conseguiu um habeas corpus para a advogada que, em vídeo publicado há quase um mês em redes sociais, se dizia "perseguida". De acordo com o relato, ela vinha sendo avisada para se manter longe das manifestações para evitar que fosse presa.
Habeas corpus negado
O plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) negou, neste domingo (20), habeas corpus aos 23 ativistas, que respondem a processo por planejar ações violentas em protestos. Segundo a denúncia, eles teriam a intenção de incendiar a Câmara do Rio e planejavam usar artefatos explosivos durante manifestações convocadas para o dia da final da Copa do Mundo no Maracanã.
Entre os cinco já presos estão a ativista Elisa Quadros, a Sininho, e a dupla que teria provocado a morte do repórter cinematográfico Santiago Andrade em uma manifestação em fevereiro: Fábio Raposo e Caio Silva.
O Tribunal de Justiça do Rio informou que o habeas corpus foi negado porque somente o desembargador Siro Darlan, da 7ª Câmara Criminal, poderá conceder a liberdade aos ativistas, já que ele está vinculado à causa após aceitar outros pedidos de habeas corpus do caso.
Críticas ao juiz
No despacho que negou o habeas corpus aos ativistas, o juiz do Plantão Judiciário repudia os termos ofensivos utilizados pela defesa dos acusados, que teria se referido ao juiz Flávio Itabaiana, que aceitou a denúncia do MP-RJ como "prepotente" e "espírito de carcereiro". O magistrado cita ainda o clima de radicalismo político que contamina a questão e fala da representação disciplinar contra o juiz enviada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pelos deputados federais Chico Alencar, Jean Wyllys, Ivan Valente, todos do Psol, e Jandira Feghali, do PC do B. Eles alegaram que o juiz agiu com arbitrariedade e abuso de poder.
“É completamente absurdo, absurda a atuação deles. O que eles tiveram por objetivo, claro, foi me intimidar. Só que não vão me intimidar. Ao que parece, eles estão querendo politizar algo que nada tem a ver com política, mas sim com matéria criminal”, disse o juiz, por telefone, ao Bom Dia Brasil.
Reclamação ao CNJ
O deputado Ivan Valente disse que Itabaiana quer intimidar os movimentos sociais e que o magistrado é quem está politizando o processo. A deputada Jandira Feghali afirmou que o juiz aceitou uma denúncia genérica do MP-RJ, sem provas e sem fato determinado. A deputada declarou ainda que a reação do juiz à reclamação feita ao Conselho Nacional de Justiça mostra que ele não aceita o questionamento da sociedade feito por seus representantes eleitos.
O advogado Wallace Paiva, que defende Fábio Raposo, disse que a prisão é ilegal. Já o advogado de Caio Silva, Antônio Pedro Melchior, disse que não teve acesso às novas informações do inquérito e por isso prefere não comentar o caso.
Defesas
Lucas Sada, advogado do Sindicato dos Jornalistas do Rio e do Instituto Defensores dos Direitos Humanos (DDH), representa seis ativistas: Joseane Maria Araújo de Freitas, Gabriel da Silva Marinho, Karlayne Moraes da Silva Pinheiro, a "Moa", André de Castro Sanchez Basseres, Pedro Guilherme Mascarenhas e Luiz Carlos Rendeiro Júnior, o "Game Over".
Sobre o caso de Joseane, ele afirma que a denúncia é uma "peça de ficção". "Ela participou de manifestações, sim, mas nunca participou de nenhum confronto com a polícia e não possui nenhum vínculo com os Black Bloc", disse Sada, acrescentando que pretende entrar com um pedido de habeas corpus nesta segunda-feira (21) para seus clientes.
saiba mais
A Comissão de Prerrogativas da OAB-RJ também se manifestou e disse que as prisões "parecem ter caráter intimidatório".- Polícia identifica outro menor que teria participado de atos violentos no Rio
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Durante
prisão em 2013, Sininho se despede do então namorado, conhecido como
'Game Over': ela está presa e ele, foragido (Foto: Estefan
Radovicz/Agência O Dia/Estadão Conteúdo)
Os 23 denunciados pelo MP-RJ são:- Elisa de Quadros Pinto Sanzi, vulgo "Sininho”
- Luiz Carlos Rendeiro Junior, o "Game Over”
- Gabriel da Silva Marinho
- Karlayne Moraes da Silva Pinheiro, a "Moa"
- Eloisa Samy Santiago
- Igor Mendes da Silva
- Camila Aparecida Rodrigues Jourdan
- Igor Pereira D’Iicarahy
- Drean Moraes de Moura Corrêa, "DR"
- Shirlene Feitoza da Fonseca
- Leonardo Fortini Baroni Pereira
- Emerson Raphael Oliveira da Fonseca
- Rafael Rêgo Barros Caruso
- Filipe Proença de Carvalho Moraes, o "Ratão"
- Pedro Guilherme Mascarenhas Freire
- Felipe Frieb de Carvalho
- Pedro Brandão Maia, o "Pedro Punk"
- Bruno de Sousa Vieira Machado
- André de Castro Sanchez Basseres
- Joseane Maria Araujo de Freitas
- Rebeca Martins de Souza
- Fabio Raposo Barbosa
- Caio Silva Rangel.
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