por André Barrocal
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Antonio Cruz/ Agência Brasil
O Brasil melhorou em 2013 sua
colocação em um ranking internacional que classifica as nações conforme a
expectativa de vida, os estudos e a renda de suas populações. O chamado
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) alcançado pelo País é o 79º em
uma lista de 187 países. Em 2012, o Brasil estava na 85ª posição, mas a
metodologia do IDH era outra. Com a aplicação da atual metodologia à
pesquisa anterior, o Brasil teria aparecido na 80ª colocação no ano
passado.
O IDH é calculado desde a década de 90 pelo Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), uma das várias agências
temáticas da ONU. Seu objetivo é ser uma referência da qualidade de
vida que vá além de análises baseadas no critério de renda. Também leva
em conta a esperança de vida, a expectativa de anos de estudo e o tempo
médio efetivo de estudos.
No Relatório de Desenvolvimento Humano de 2014, que
traz o IDH de 2013, o Brasil figura de novo no grupo dos países com
desenvolvimento humano 'alto', a segunda entre quatro categorias
definidas pelo PNUD. Existem 49 nações com índice “muito alto”, 53 com
“alto”, 42 com “médio” e 43 com “baixo”. De 2012 para 2013, só 38 países
melhoraram seu IDH e apenas 18, ou seja, 10% do total, conseguiram
ganhar posição. O Brasil faz parte dos dois times. Segundo o PNUD, à
medida que os países avançam, é mais difícil observar variações no IDH.
Uma da razões para a melhoria do Brasil foi a mudança
nas estatísticas sobre educação usadas pelo PNUD, uma reivindicação
antiga do governo. Até 2013, o IDH recorria a dados de 2005 sobre a
expectativa de tempo de estudos. O PNUD argumentava que era uma maneira
de tratar os países de modo igual, pois nem todos têm a mesma capacidade
de manter estatísticas atualizadas. As nações emergentes, Brasil entre
elas, reclamavam que isso era injusto pois deixava de lado avanços
recentes. Os números utilizados no relatório de 2014 são mais “frescos”.
Em 2013, informa o estudo, o brasileiro tinha 73,9 anos
de esperança de vida (73,8 em 2012), 15,2 anos de expectativa de anos
de estudo (14,2 em 2012), 7,2 anos de média efetiva de estudo (igual a
2012) e renda per capita anual de 14,275 mil dólares (14,081 mil dólares
em 2012). Essa combinação deu ao País um IDH de 0,744. Na versão 2012, o
índice do País era de 0,742. “O Brasil melhorou nos últimos 30 anos e
será um país ainda melhor no futuro, mas perde muito no IDH por causa da
desigualdade de renda”, diz Jorge Chedieki, chefe do escritório do PNUD
em Brasília.
O país líder do IDH continua sendo a Noruega, com 81,5
anos de esperança de vida, 12,6 anos de média de estudo, 17,6 anos de
expectativa de anos de estudo e renda per capita de 63,9 mil dólares por
ano. Em seguida aparecem Austrália, Suíça, Holanda e Estados Unidos. Na
América Latina, o Brasil perde no ranking para Chile (41ª posição),
Cuba (44ª), Argentina (49ª), Uruguay (50ª), Bahamas (51ª), Antígua e
Barbuda (61ª), Trinidad e Tobago (64ª), Panamá (65ª), Venezuela (67ª),
Costa Rica (68ª), México (71ª) e Ilha de São Cristovão (73ª).
Os relatórios anuais do IDH têm sempre um enfoque
particular. Neste ano, o PNDU decidiu destacar a capacidade de um país
de evitar que pessoas que saíram da pobreza voltem à situação anterior.
Para a agência, é bom que os países combatam a miséria, mas é preciso ir
além e construir política públicas que respaldem economicamente as
populações em casos de grandes crises financeiras ou climáticas, por
exemplo. O Bolsa Família é citado como exemplo de política pública a
assegurar “resiliência” contra a pobreza. “Constitui um piso de proteção
social”, afirma Chediek.
O IDH 2013 foi divulgado nesta quinta-feira 24 no
Japão. Jornalistas brasileiros receberam o documento antecipadamente
para terem tempo de preparar suas reportagens.
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