Perdoa-me por te traires
SER TRAÍDA DÓI. MAS EM ALGUNS CASOS PODE SERVIR PARA REVER E MELHORAR O RELACIONAMENTO. SERÁ QUE SEU AMOR É À PROVA DE TRAIÇÃO?
Foto: Getty Images
O que aconteceria se você descobrisse que sua alma gêmea bancou a Kristen Stewart ou o Ashton Kutcher? Se você acha que todo mundo merece uma segunda (terceira, quarta...) chance, não está sozinha. Ok, Demi Moore não faz mais parte desse grupo. Mas 71,47% das 750 leitoras entrevistadas por NOVA já relevaram uma pulada de cerca. A grande maioria delas deve ter pensado em fazer as malas e partir para outra, mas, por algum motivo, decidiu que seria mais feliz ficando onde estava.
Afinal, a traição está ficando cada vez mais comum. Um estudo publicado pelo Journal of Experimental Social Psychology mostrou que até a crise financeira contribui para inflacionar o número de casos extraconjugais - má notícia: aumentando a libido dos homens. Quando se sentem ameaçados, eles desejam espalhar seus genes para garantir a sobrevivência. Mas também o gap entre o número de traidores do sexo masculino e do sexo feminino está diminuindo.
Na era em que trair é tão fácil que as celebridades vão a público confessar sua infidelidade, o difícil não é perdoar, mas manter a confiança na relação. "Quando é traída, a mulher deixa de acreditar que é única para o namorado ou marido. Ela só consegue perdoar e viver bem com ele quando reconstrói essa certeza de que é especial", diz a antropóloga Mirian Goldenberg, autora do livro Por Que Homens e Mulheres Traem. Já os homens perdoam por outros motivos. Para eles, é importante manter uma relação estável com a mulher que escolheram. "Eles desejam ser cuidados, ter uma família. Se ninguém souber da traição - afinal, não querem ser vistos como cornos -, continuam o relacionamento", afirma Mirian. Mas como fica o relacionamento depois de pegar seu amor no pulo (ou ser pega pulando a cerca)?
Do lado de cá da cerca
Nossas leitoras contam por que perdoaram o parceiro
Gabriela*, 24 anos, supervisora de crédito, Divinópolis, MG
"Quando conheci o Rafael*, ele tinha um caso com uma amiga minha. Tempos depois, a história deles acabou e ficamos juntos durante um show. Como ele é muito bonito, sempre conseguiu ficar com qualquer mulher. Eu conhecia sua fama de traidor. Mas nem isso me desanimou. Após oito meses de namoro, ele quis morar comigo. Aceitei e casamos dois meses depois. Os problemas apareceram quando precisamos mudar de cidade por causa do nosso trabalho. Como ele era carne nova no pedaço, havia um assédio intenso, principalmente por parte das adolescentes do prédio. Elas cochichavam quando passávamos juntos e ele não tomava nenhuma atitude. Comecei a me sentir mal e as brigas se tornaram frequentes. Ficávamos até quatro dias sem trocar uma palavra. Para completar, eu estava grávida e comecei a me sentir feia. Nunca me achei muito bonita. Não entendia por que ele estava comigo. Além disso, ele viajava bastante e eu me sentia sozinha. Resolvi voltar para minha cidade para ter o bebê perto da minha família. Um dia, quando estava na casa da minha mãe, resolvi olhar a conta de celular do Rafael. Havia inúmeras ligações para o mesmo número. Descobri a traição. Doeu demais ver que ele tinha ligado para a amante no dia do meu aniversário, antes mesmo de falar comigo. Liguei para meu marido em seguida. Ele confessou tudo. Fiquei tão desolada que entrei em depressão. Porém, resolvi que não tomaria nenhuma atitude até a criança nascer. Dei à luz três dias depois dessa conversa. Tive problemas durante o parto que afetaram o bebê e ele precisou ser internado. Lidar com essa dificuldade nos aproximou. Doze dias depois do nascimento do Pedro, resolvi perdoá-lo. Mas impus algumas condições. Teríamos de voltar para nossa cidade. Também exigi uma aliança nova, a mais cara da loja. Eu queria apagar o que tinha acontecido. O Rafael conseguiu me reconquistar. Ele tenta me incluir em todos os programas. Até para o futebol me chama. Mas, se ele quisesse sair sozinho, eu deixaria, porque lhe dei um voto de confiança. Nossa relação é muito melhor hoje."
Débora*, 30 anos, empresária, Brusque, SC
"Durante os três anos em que o Eduardo* e eu estivemos juntos, terminamos várias vezes porque descobri que ele me traía. Mesmo assim, resolvemos morar juntos. Logo engravidei e ele se aproveitou disso para sair sozinho muitas vezes. Quando minha filha nasceu, ele não estava por perto. Eu tinha apenas 20 anos. Terminar o relacionamento não estava nos meus planos, porque o amava. Era preciso que eu parasse de me humilhar. Percebi que só conseguiria ser essa nova mulher tendo vida própria. Esperei que minha filha completasse 2 anos e comecei a trabalhar. Formei uma rede de amigos e sempre tinha algum programa com eles. Aos poucos, deixei de viver em função do meu marido. Isso teve um grande efeito sobre a relação. O Eduardo passou a me tratar com respeito. Se eu não tivesse aprendido a me valorizar, isso não teria acontecido. Quando nos casamos, eu tinha 18 anos e era muito romântica. Cobrava carinho o tempo todo. Sem notar, eu o afastei com tantas exigências. Também não era uma mulher admirável como hoje, cheia de ideias. Tanto que consegui abrir uma loja de calçados. No ano que vem, vou cursar psicologia. É como se eu pudesse recuperar agora a minha juventude. Desse modo, eu o amo, mas não dependo dele. Isso faz com que dê certo".
Do outro lado da cerca
Três homens traídos contam por que decidiram perdoar sua mulher
Paulo*, 33 anos, produtor cultural, São Paulo, SP
"Estava com a Melissa* havia menos de um ano, quando rolou um distanciamento. Como trabalho à noite, produzindo shows, ficava complicado estar com ela. Eu também não era muito atencioso. Uma vez ficamos uns dez dias sem conversar direito. Quando nos encontramos, ela disse que precisava falar sobre um assunto sério e eu senti a protuberância na minha cabeça. Como eu já tinha ficado com outras, achei que devia à Melissa uma segunda chance. Nunca houve um clima de desconfiança depois do perdão. Passei a dar mais atenção a ela e ligava sempre que podia. No fim, a traição nos aproximou mais."
Rafael*, 39 anos, programador, São Bernardo do Campo, SP
"Namorava a Juliana* havia seis anos quando descobri que ela me traía com um colega do trabalho. Ela estava na rua e me pediu para acessar seu e-mail pessoal. Vasculhei e encontrei uma foto suspeita dela com um cara e enviei para ela, que me ligou assustada e acabou confessando. Quando a raiva passou, perdoei, porque também já aprontei muito. Além disso, ela era legal, bonita e sabia conversar. Eu achava que não encontraria outra mulher como a Juliana."
Pedro*, 40 anos, gerente de comunicação, São Paulo, SP
"Quando a Marília* e eu decidimos nos casar, há oito anos, combinamos que a infidelidade seria permitida. Dois anos e meio depois, ela se interessou por outro homem e não me contou. Soube durante uma briga. A partir daí, combinamos que tudo seria dito. Eu queria que ela me contasse tudo, mas ela não dizia muita coisa. Por um descuido, ela deixou o e-mail aberto e li uma troca de mensagens carinhosas dela com um amigo. Foi terrível perceber que minha mulher tinha se envolvido emocionalmente. A partir daí, decidimos ter um casamento tradicional. Funcionou por um tempo, até que ela confessou ter ficado com outro. Fiquei magoado, mas perdoei. Eu também tinha ficado com outra. Não dá para negar que sempre sentiremos atração por outras pessoas. Porém, escolhemos engolir nossas vontades. O casamento está melhor do que antes. É muito difícil gerenciar uma relação aberta."
* Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados.
Perdoo-te por me traíres
Das 750 leitoras que responderam à nossa enquete, a maioria já relevou uma infidelidade
Você perdoaria uma traição?
57,33% - Sim
42,67% - Não
Você já foi perdoada por trair seu parceiro?
36,67% - Sim
63,33% - Não
Você já perdoou uma traição?
71,47% - Sim
28,53% - Não
Se sim, como descobriu?
41,07% - fucei nas coisas dele (e-mail, Facebook, carteira etc.)
33,87% - Alguém contou
25,06% - Ele(a) contou
Com quem foi?
64,13% - Com uma desconhecida
15,62% - Com uma colega de trabalho
20,25% - Com uma amiga
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