6.07.2015

Cirurgia que reduz as bochechas é opção para volume indesejado no rosto

Isabela Leal
Do UOL, em São Paulo
  • Getty Images
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Pouca gente sabe, mas aquele volume arredondado proeminente nas bochechas tem solução: trata-se de uma cirurgia chamada Bichectomia. O nome esquisito é derivado de Marie François Xavier Bichat, anatomista francês que descreveu a estrutura gordurosa presente nessa região e que, por isso, leva seu sobrenome, Bola de Bichat. O sufixo "ectomia" significa retirada.
Nos consultórios, as causas do desconforto consistem principalmente em dois aspectos, como explica o cirurgião plástico Eduardo Kanashiro, de São Paulo: "A queixa mais frequente entre as pacientes é que o volume arredondado da face dá a impressão de que elas estão mais gordas do que realmente são. E a outra reclamação é que as bochechas deixam a aparência do rosto mais infantil", pontua o médico.
"Fiz a cirurgia porque me sentia incomodada com o tamanho das minhas bochecas, que faziam com que meu rosto continuasse redondo mesmo eu estando magra. Fiquei contente com o resultado. Valeu muito a pena, pois me sentia infeliz com o formato do meu rosto", relata Glenda Karoline Costa Feitosa, 23 anos, de São Paulo.
As causas do volume indesejado não param por aí. "A frouxidão das estruturas das bochechas, que acontece com o tempo, pode deixar mais evidente a Bola de Bichat e sua retirada melhora o contorno da face. Algumas pacientes acumulam gordura no rosto e a retirada da bola alivia o peso da fisionomia. Em pessoas jovens, quando há indicação da Bichectomia, o rosto fica mais afilado, com um formato triangular", conta a cirurgiã plástica, Beatriz Brito, de São Paulo.
"Me sentia acima do peso, mesmo não estando. Quando soube dessa cirurgia fui ao céu com a notícia. Fiquei 100% satisfeita com o resultado, autoestima elevada e aliviada sem aquele volume", conta Aline de Oliveira, 24 anos, de Palmas (TO), que soube da Bichectomia quando foi ao cirurgião plástico para afinar o nariz.
E engana-se quem pensa que o volume das maçãs do rosto pode ser suavizado com o tempo. "Ao contrário de outras estruturas do rosto, que tendem a perder volume com a idade, a Bola de Bichat não atrofia de maneira significativa, como ocorre com a gordura subcutânea à medida que envelhecemos ou emagrecemos. Existem trabalhos que demonstram que o volume da Bola de Bichat permanece praticamente inalterado ao longo da vida", conta Dr. Kanashiro.
Como é a cirurgia
Ela consiste em retirar uma bolsa de gordura presente na estrutura das bochechas, que é o que provoca o volume indesejável. O corte, de 1 a 2 centímetros, é feito em cada um dos lados, por dentro da boca, por onde a  gordura é retirada --logo, não deixa cicatrizes aparentes. A anestesia pode ser local ou associada à sedação, vai depender do médico e de algumas variáveis em relação à saúde do paciente.
Pós-operatório
O paciente pode ir para casa na mesma data, já que a internação é de algumas horas. Nos primeiros dias, as bochechas ficam doloridas e com um inchaço semelhante ao provocado pela extração do dente siso. Para melhorar e evitar riscos, recomenda-se repouso, compressas frias e analgésicos. 
Nos dias seguintes também fica desconfortável mastigar alimentos sólidos e abrir muito a boca como, por exemplo, bocejar. "Recomendo dieta pastosa e oriento os pacientes para evitarem grandes aberturas da boca. Falar não costuma ser um problema, mas alguns pacientes relataram desconforto para escovar os dentes. Nesse caso, sugiro bochechos com anticéptico bucal após cada ingestão de alimentos", diz Beatriz Brito.
A recuperação de Glenda não teve transtornos. "O procedimento demorou 45 minutos e o pós-operatório foi tranquilo. No início, tive algumas restrições como só ingerir alimentos frios, líquidos ou pastosos nos primeiros três dias. Depois, pode alimentos mornos a quentes. Dor, praticamente não tive e quase não tomei analgésicos", conta a paulistana.
Os sintomas tendem a desaparecer ou, pelo menos, a ficar muito mais leves a partir do quarto dia. Já o resultado de bochechas menos volumosas pode ser notado a partir de duas semanas, em média, que é quando acaba o edema.
Procedimentos complementares
O Dr. Kanashiro ressalta que nos pacientes jovens, realmente, é só retirar a Bola de Bichat que já melhora a forma do rosto. "Mas se houver hipertrofia do músculo masseter (que fica no ângulo da mandíbula), a associação da toxina botulínica é indicada. E nos casos de flacidez, geralmente nos pacientes mais velhos, muitas vezes é necessário um lifting ou algum outro procedimento para que o contorno fique mais harmonioso".
Seja como for, os procedimentos complementares precisam ter uma indicação do médico. "Se houver muita flacidez de pele, por exemplo, e somente for retirada a bolsa de gordura, isso pode piorar a flacidez", esclarece Beatriz Brito. A médica explica que é comum associar a retirada das Bolas de Bichat com outras cirurgias, como a lipoenxertia (colocação de enxertos de gordura do próprio corpo). "Com a idade, ocorre reabsorção de gordura de algumas regiões da face, e a falta desta gordura envelhece o rosto. Nesse caso, a lipoenxertia  é ideal, assim como nos casos em que ocorre flacidez severa".
Até mesmo a Bola de Bichat pode ser utilizada em algumas cirurgias reparadoras na região da face. "Nos casos em que seja necessário um aumento de volume ou um tecido de cobertura", explica Dr. Kanashiro.
Os riscos
A Bichectomia, apesar de ser um procedimento simples, tem riscos de complicações, como toda cirurgia. "As bolsas de gordura são muito delimitadas, não há muita dificuldade em retirá-las. Mas é importante salientar que o profissional deve ser experiente, pois há muitos nervos e glândulas próximos à região trabalhada e se ocorrer alguma lesão, pode deixar sequelas", destaca a Dra. Beatriz.
"Além dos nervos, na região passa o ducto salivar, que leva a saliva da glândula parótida até o interior da boca. Uma lesão nos nervos pode levar à paralisia facial, como se a pessoa tivesse tido um acidente vascular encefálico. No caso de lesão do ducto salivar a pessoa pode ter sialorréia, que é salivação contínua", evidencia o cirurgião plástico Luis Claudio Barbosa, do Rio de Janeiro.
 
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