Constatar o fim da taquicardia, do frisson e da saudade é ainda mais estranho do que o final em si. Porque final toda coisa tem, o fim não é assim tão surpreendente como imaginamos, mas perder as sensações, deixar pra lá todos os arrepios e falta de léxico faz sim uma tremenda diferença. A perca dói pela falta de reciprocidade, de intensidade, pela falta de incentivo, não pela falta de alguém em si. Pessoas são só pessoas,mas as emoções,ah..essas sim são encantadoras. Pessoas vazias não despertam paixões, sentimentos rasos não preenchem espaços. É preciso o êxtase da descoberta, o frisson da dúvida, o querer sem preocupações do que é correto. Porque quando as palavras somem, as mãos amornam e os braços não mais transmitem segurança, não adianta viver de memórias, relembrar o começo e planejar não mais ter fim. O fim é inevitável quando se perde o entusiasmo. E agrava ainda mais quando o corpo rejeita a idéia de ficar junto, a vontade de ficarem juntos. Não sentir é ainda mais estranho que o turbilhão de dúvidas que rondam os sentimentos. O não ter, o não pensar, o não querer... O fim em si. E melhor aceitar que as coisas vão, do que tentar prender algo já desnutrido, já sem força para o dia seguinte, já sem fé, já sem amor.
Datilógrafa Ambulante
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