9.20.2011

Pesquisadores investigam função do orgasmo feminino

 
      A ciência não sabe por que o orgasmo feminino existe

Mesmo depois de décadas de estudos sobre o tema, uma pesquisa australiana publicada recentemente questiona uma das teorias mais aceitas: a de que o orgasmo feminino existe só porque o masculino precisa existir.

Isso mesmo: para a revolta feminina, boa parte dos cientistas acredita que o orgasmo da mulher é um subproduto da evolução --mulheres sentem prazer sexual pelo mesmo motivo que homens têm mamilos. E não há nenhuma importância evolutiva nisso.

Há outras hipóteses, como a de que a sensação de prazer serviria de incentivo para a mulher repetir o sexo. Ou, então, que a contração do útero ajuda os espermatozoides a chegarem até o óvulo.
O que sustenta a teoria do subproduto (e derruba as outras) é que parte das mulheres nunca experimentou o orgasmo.

"Cerca de 10% nunca tiveram. Isso parece muito se o orgasmo tiver realmente uma importância evolutiva. Outro aspecto importante é que muitas mulheres conseguem o orgasmo muito mais facilmente com a masturbação", dizem Brendan Zietscha e Pekka Santtilac, pesquisadores da Universidade de Queensland, na Austrália, e da Abdo Akademi University, na Finlândia, em artigo publicado este mês na revista "Animal Behaviour".
Zietscha e Santtilac coordenaram uma pesquisa feita com gêmeos não idênticos e idênticos que desafia a teoria do subproduto.

Para testar essa tese, eles avaliaram questionários de mais de 5 mil pares de irmãos, entre gêmeos idênticos, não idênticos e não gêmeos de sexos diferentes. A ideia era tentar encontrar padrões de orgasmo entre irmãos de sexo oposto (eles chamam de "orgasmabilidade"), o que indicaria a existência de vínculo genético e seria mais uma evidência de que há uma relação entre o orgasmo feminino e o masculino.

O questionário perguntava sobre o tempo, frequência e facilidade para atingir o orgasmo.
Ao contrário das expectativas, não foi observado um padrão de orgasmo entre irmãos. "Isso sugere que homens e mulheres têm diferentes fatores genéticos associados ao orgasmo", dizem, na conclusão do estudo. Depois, admitem que ainda há muito a ser pesquisado sobre o tema.

VÍNCULO AFETIVO
Para Iracema Teixeira, psicóloga membro da Sociedade Brasileira de Sexualidade, uma das funções do orgasmo é criar vínculo afetivo. "Alguns estudos mostram que há maior produção de ocitocina na mulher, que é um hormônio que tem também função de neurotransmissor e está associado ao processo de vinculação."
Mas, segundo ela, não tem como separar o fator biológico do subjetivo.
"Existe uma necessidade de sempre colocar os aspectos da subjetividade em uma perspectiva exclusivamente biológica. Pode haver um suporte no biológico, mas tem um caráter subjetivo relacionado ao prazer, à vinculação afetiva e à diversão. Não precisa ter mais motivo do que isso."

JULIANA VINES - Folha 

Saiba mais sobre o  orgasmo feminino:

O orgasmo feminino refere-se ao prazer sexual intenso alcançado pelas mulheres através da relação sexual, masturbação ou outros meios de forma única ou múltipla. É sentido por intensas contrações rítmicas, principalmente na região vaginal, durando cerca de 0,8 s cada, totalizando de 3 a 12 contrações; com a sensação de prazer aumentando em intensidade a cada momento, até que se atinja o clímax, seguido do relaxamento.[1] Cada mulher sente o orgasmo de forma distinta: algumas só conseguem através de estimulação clitoriana, penetração, preliminares longas/curtas e outras nunca conseguiram atingir o pico de prazer máximo na hora do sexo.[2]
A ocorrência do prazer do orgasmo é proporcionada por uma descarga química de neurotransmissores tais como as catecolaminas (noradrenalina e adrenalina), a indoleamina e a serotonina. A dopamina e a serotonina estimulam a produção de endorfinas que estimulam o prazer.[3][4]
Pode ser sentido no clítoris, na entrada da uretra, no colo do útero e no ânus ou de em todos ou alguns destes pontos ao mesmo tempo.
Algumas mulheres podem fingir o orgasmo para agradarem seus parceiros.[5]

Função biológica
A função biológica do orgasmo feminino, diferente do que ocorre nos homens, não é consensual entre os cientistas. Foram propostas diversas teorias para tentar explicá-lo.[6]
Desmond Morris em seu livro O macaco nu acredita que o fato dos humanos andarem em posição ereta tenha ocasionado problemas, pois o local que o esperma entra nas mulheres, o óstio do colo do útero, fica localizado numa posição superior. Desta forma, o evento do orgasmo provocaria relaxamento na mulher e esta por sua vez tenderia a ficar deitada, o que facilitaria a fertilização. Todavia, muitas fêmeas de animais de quatro patas também tem orgasmo.[6]
Outra hipótese, seria a fragilidade do ser humano ao nascer. Assim, o orgasmo seria para os humanos uma recompensa para aumentar a proximidade do casal para cuidar do recém nascido. Mas o orgasmo também pode ser problemático e em alguns casos afastar casais que procurariam outros parceiros para satisfazer suas necessidades de prazer.[6]
Cyril A. Fox e sua equipe, em 1970, estudaram a pressão intravaginal e intrauterina quando as mulheres faziam sexo. Descobriu que uma diferença de pressão levaria esperma para dentro do canal cervical, o que ocorria durante orgasmos. Isto, aumentaria as chances de fecundação do óvulo. Esta hipótese chama-se hipótese da sucção.[6]
Alguns cientistas ainda constatam que o orgasmo feminino não teria qualquer função biológica, sendo comparável ao mamilo dos homens (vestígio evolutivo das mamas femininas), onde seria apenas um vestígio evolutivo do orgasmo masculino.[6]
Ainda, existem aqueles que acreditam que seria possível de forma consciente ou não, a mulher fazer a seleção de genes melhores através do orgasmo, uma vez que Baker e Bellis desvendaram que 1 minuto antes do homem ejacular e 45 minutos depois, na ocorrência de orgasmo feminino, aumentam a retenção de esperma. Caso as mulheres escondam o orgasmo, reduziriam a possibilidade de engravidar, pela demora na ejaculação masculina. Orgasmos fingidos podem fazer o homem ejacular mais rápido e acabar o ato sexual, reduzindo também a possibilidade de gravidez. Orgasmos múltiplos facilitariam a possibilidade de gerar um bebê.[6]

Fases do ciclo sexual feminino

O orgasmo feminino foi dividido na década de 1960, por Masters e Johnson, em fases: desejo, excitação, orgasmo, orgasmos múltiplos.[7]

O Desejo

O desejo sexual é o que faz as mulheres buscarem o sexo, através da estimulação dos instintos, e assim sua vontade aumenta. O tato e o olfato são os principais motivadores para o aumento do desejo nas mulheres.[7]

Excitação

Com a excitação, o corpo responde aos estímulos iniciados com o desejo sexual. A vagina produz um muco que facilita a lubrificação. O volume de sangue na região vaginal aumenta e existe miotonia, ou seja, ocorrem a contração involuntária de fibras musculares, o aumento de tamanho dos seios e a ereção e hipersensibilidade dos mamilos. Além disso, a excitação provoca hiperemia da face e aumento de frequência cardíaca e respiratória. O ânus, o reto, a bexiga e a uretra podem ter pequenas contrações.[7] O clítoris aumenta de tamanho.

Orgasmo

É o momento máximo de prazer, onde toda tensão proveniente da estimulação anterior é atingida. Além de contrações rítmicas involuntárias da plataforma orgástica, o clítoris pode retrair-se, além de mudanças na coloração do genital[8] e descontrole muscular corporal. Num momento seguinte a mulher pode ser estimulada e alcançar outros orgasmos, diferente do homem que precisa esperar alguns minutos.[7] Em média um orgasmo feminino dura de 90 a 104 s.[9]Nesta fase, algumas mulheres podem expelir um líquido, e este evento chama-se ejaculação feminina.[10]Algumas mulheres quando sentem o orgasmo podem soltar gritos e gemidos altos ou baixos bem como ficarem caladas e após ele tendem a experimentar um sentimento de calmaria e relaxamento.

Clítoris e o orgasmo através da masturbação


Masturbação feminina
O clítoris é um órgão do aparelho sexual feminino que possui muitas terminações nervosas e elevada sensibilidade. É dividido em haste, base e coroa. A literatura registra aproximadamente 8 mil fibras nervosas na região.[11] A grande maioria das mulheres alcança o orgasmo com o a estimulação do clítoris, seja pelo sexo oral, masturbação ou com a utilização de dildos ou vibradores.[12] Estruturalmente, o clítoris é diferente em cada mulher, podendo ser mais ou menos visível e proeminente. Com a excitação ele aumenta seu volume e fica mais sensível.

Disfunções relacionadas ao orgasmo feminino

Anorgasmia

A anorgasmia é uma disfunção do orgasmo feminino caracterizada pela falta total do prazer proporcionado pelo orgasmo, popularmente conhecido como "gozo".[13] Neste casos, pode ocorrer a excitação com todas suas características, mas a mulher não atinge o clímax.[13] Este quadro atinge 30% das brasileiras.[13] É classificada em primária (quando a mulher nunca conseguiu chegar a um orgasmo) e secundária (quando esta passa a não ter mais orgasmos durante os seu atos sexuais).[13]

Vaginismo

É a contração involuntária dos músculos vaginais provocando dificuldades na penetração.[14] É associada a transtornos psicológicos sofridos pelas mulheres em algum momento de suas vidas.[15]

Síndrome de excitação sexual persistente

Nesta síndrome o problema é a falta de controle sobre a excitação e os orgasmos. A mulher passa a ficar excitada mesmo sem estimulação sexual. Alguns casos relatados atingem a marca de 200 orgasmos diários[16]e podem chegar até 800.[3]

Tabus e vida moderna

A dificuldade de atingir o orgasmo é um fato determinado pela história de repressão feminina. A maioria das sociedades configura o sexo como sendo algo pecaminoso, incluindo ai a masturbação, que na opinião de muitos especialistas faz com que a mulher desconheça seu corpo. Na época da Inquisição, mulheres que sentiam prazer eram consideradas bruxas e condenadas à morte.[17]
Fora isto, temos as variações hormonais, menopausa, a tensão pré menstrual, stress da vida moderna, fobias tornam dificultoso a execução do ato sexual seguido de orgasmo.[17] Até mesmo o estresse e preocupação demasiada em como determinar e proporcionar a ocorrência de orgasmo feminino pode ser um fator que dificulta que este aconteça e diversos sexólogos, terapeutas e autores recomendam lembrar que orgasmo não se planeja, acontece[18] e que é mais valioso cuidar do prazer do momento que se preocupar em atingir ou não o orgasmo.

Notas e referências

  1. O Globo. Guia sobre o orgasmo feminino para mulheres modernas. Página visitada em 26/07/2009.
  2. Sana, Cristiane Cador, Ibrasa, Alma de Mulher. Página visitada em 25 de julho de 2009.
  3. a b Margolis, Jonathan, Ediouro, A História Íntima do Orgasmo, Rio de Janeiro: 2006.
  4. DiarioWeb (2006). 'Drogas' do amor. Página visitada em 28/07/2009.
  5. Cama na Rede. http://camanarede.terra.com.br/orgasmo/orgasmo_14.htm. Página visitada em 19/01/2010.
  6. a b c d e f Os segredos evolutivos do orgasmo feminino
  7. a b c d ABC da Saúde. Resposta Sexual Feminina. Página visitada em 26/07/2009.
  8. Spitz, Christian, Summus, Adolescentes perguntam.
  9. Lins, Regina Navarro, Braga, Flávio, Ediouro, O Livro de Ouro do Sexo, Rio de Janeiro: 2005.
  10. Walfrido, Valéria, Ediouro, Toque sedutor, Rio de Janeiro: 2003.
  11. MORRIS, Desmond. A mulher nua: um estudo do corpo feminino. São Paulo: Globo, 2005. pag. 196
  12. Banco de Saúde. Orgasmo. Página visitada em 01/08/2009.
  13. a b c d ABC da Saúde. Disfunções do orgasmo feminino. Página visitada em 19/01/2010.
  14. Correio Braziliense. "Para especialistas, não chegar ao orgasmo tem causas mais psicológicas do que físicas". . (página da notícia visitada em 19/01/2010)
  15. Expresso. Sexo: Quando elas não conseguem. Página visitada em 19/01/2010.
  16. Pravda. "Britânica de 24 anos atinge 200 orgasmos por dia". . (página da notícia visitada em 19/01/2010)
  17. a b Terra. Orgasmo feminino: você tem esse direito. Página visitada em 26/07/2009.
  18. Como a mulher sabe quando vai gozar?. Página visitada em 20/02/2011.

Bibliografia

          Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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