10.14.2011

A encalhada?


Levante a mão, faça sinal de fumaça, envie um twitter ou manifeste-se da maneira que preferir a mulher que, em sã consciência, sente-se ofendida por ser chamada de magra. Tudo bem, existem exceções, mas uma coisa é dizer com sinceridade: “preciso ganhar peso”. Outra coisa é usar a frase “preciso ganhar peso” só para o interlocutor – no caso, a amiga não tão magra – responder: “imagina, você é tão magrinha”. É como no jardim de infância. Você pega o seu lanche de bolo de chocolate com cobertura, danoninho e guaraná e diz para o colegua cuja mãe se encarregou de resguardar-lhe a saúde com duas belas bananas nanicas: “meu lanche está tão ruim… Bem que a minha mãe podia mandar uma banana nanica”.
Se alguém diz a uma mulher que ela está magra, esse pode ser o maior dos elogios. Agora, não sei o que é pior, ser tachada de feia ou encalhada. Pensando bem, acho que encalhada é o pior de todos os adjetivos. Se você não está no seu melhor momento beleza, pode dar uma corrigida. Pintar o cabelo, fazer uma maquiagem, investir na simpatia, abusar da inteligência, cantar em grego ou outras qualidades com potencial para providenciar o equilíbrio. Mas estar sem namorado é como ser apedrejada na rua. É ter os holofotes vinte e quatro horas voltados para o seu crime.
“Você não tem namorado?”. “Coitada, está sem namorado”. “Tão bonita, magra, bem sucedida… e sozinha”. “Até a minha tia-bisavó começou um casinho esses dias”. Seja qual for a observação, termina com a pergunta, efetiva ou nas entrelinhas: “O que será que tem de errado com ela?”. Estar sem namorado não é uma opção. É um atestado de incompetência. O fracasso de uma vida. O massacre público da auto-estima. E dizem que o mundo já não é assim…

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