2.24.2012

Morre em São Paulo a herdeira da Daslu, Eliana Tranchesi

Empresária lutava contra câncer no pulmão desde 2006

A empresária Eliana Tranchesi, da Daslu Foto: Melissa Aidar / Arquivo Diário de S. Paulo
A empresária Eliana Tranchesi, da Daslu Melissa Aidar / Arquivo Diário de S. Paulo
SÃO PAULO - Morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 55 anos, a empresária Eliana Tranchesi, vítima de complicações de um câncer no pulmão. Ela estava internada no Hospital Albert Einstein, em São Paulo.
A empresária comandou a butique multimarcas Villa Daslu, fundada por sua mãe Lucia Piva. Em 2009 foi condenada a 94 anos e seis meses de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, fraude em importações e falsificação de documentos, mas logo foi solta por meio de habeas corpus.
Em 2006, Tranchesi foi internada para a retirada de um tumor no pulmão. Desde então a empresária lutava contra o câncer, que teve metástase na coluna.
Nota divulgada pelo hospital por volta das 11h desta sexta-feira informa que Eliana Tranchesi morreu “a 0h20 de hoje, em decorrência de um câncer pulmonar complicado por pneumonia”.
“A diretoria da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein estende nesse momento suas condolências aos familiares”, diz a nota, assinada pelo presidente do hospital, Claudio Luiz Lottenberg, e o médico oncologista Sérgio Simon.
O velório acontecerá no hospital até as 14h desta sexta-feira e o enterro será realizado às 15h no cemitério do Morumbi. Ela foi casada com o médico Bernardino Tranchesi e teve três filhos: Bernardo, 26, Luciana, 23, e Marcela, 20.
No dia 27 de março de 2009, a empresária Eliana Tranchesi, dona da multimarcas de luxo Daslu, deixou a Penitenciária Feminina do Carandiru, na Zona Norte de São Paulo, beneficiada por habeas corpus concedido pelo desembargador Luiz Stefanini, do Tribunal Regional Federal (TRF). Eliane foi presa após ser condenada, em primeira instância, a 94 anos e seis meses de prisão pelos crimes de descaminho (importação de produtos legais sem pagamento de tributos), formação de quadrilha e falsidade ideológica.
A dona da Daslu ficou presa por pouco mais de 36 horas em 2009. Em julho de 2005, quando foi deflagrada a Operação Narciso, da Polícia Federal, que originou toda a ação contra a Daslu, Eliana ficara presa por 12 horas.
A advogada Joyce Roysen pediu logo depois que Eliana foi solta o embargo da sentença, instrumento pelo qual se discutem apenas os aspectos técnicos da sentença, e não o mérito. Além de Eliana, a juíza Maria Isabel do Prado, da 2ª Vara Federal de Guarulhos, condenou o irmão da empresária, Antonio Carlos Piva de Albuquerque, e mais seis empresários, todos ligados a firmas de importação.
O habeas corpus que libertou Eliana também beneficiou os importadores Rodrigo Nardy Figueiredo, Roberto Fakhouri Junior, que não chegaram a ser presos, e Celso de Lima. Lima, dono da importadora Multimport, foi condenado a 53 anos e também estava detido. Piva de Albuquerque e mais dois condenados na mesma ação, que estavam foragidos, tiveram suas prisões revogadas por outro habeas corpus impetrado no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Lima e o irmão de Eliana estavam presos no Centro de Detenção Provisória (CDP), em Pinheiros.
Na época, a advogada disse que o desembargador Stefanini não considerou o estado de saúde de Eliana, que fazia tratamento contra um câncer pulmonar com metástase na coluna, mas a inconstitucionalidade da prisão.
Em julho de 2010, a Daslu entrou com pedido de recuperação judicial. Em nota, a empresa dizia que o objetivo era "criar condições para que a Daslu, de uma forma pública e transparente, possa se capitalizar".
Nos seus tempos áureos, a loja paulistana era frequentada por políticos e celebridades e reunia quase 300 marcas, incluindo a italiana Prada e a francesa Chanel.
O Globo

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