Linha férrea servia como tribunal do tráfico
Bandidos convocavam moradores para assistir ao tribunal do tráfico, na linha férrea, no Jacarezinho, e montaram enfermarias em Manguinhos. Bando não enfrentou a polícia e moradores puderam até fazer feira ontem
Rio -
Era na linha férrea, colado aos trilhos, que traficantes da Favela do
Jacarezinho matavam inimigos e traidores. O tribunal do tráfico ficava
perto de quadra de esportes, para que todos vissem o terror.
Os corpos eram jogados em valão. Em Manguinhos, bandidos montaram duas
enfermarias e estocavam próteses ortopédicas e balão de oxigênio. A
retomada das comunidades mobilizou 2.042 agentes de segurança, cinco helicópteros e 24 veículos blindados, 13 deles da Marinha.
“As pessoas eram julgadas e queimadas. Era um lugar estratégico,
para todo mundo ver. Era o recado para quem contrariasse. Aqui eles
convocavam os moradores para ver como os desafetos morriam”, descreveu o
delegado da 28ª DP (Campinho), Marcus Vinicius Almeida. A Polícia Civil
entrou no Jacarezinho com 165 homens e mais 300 no apoio. Nos muros, a
inscrição: “Vai morrer, cana da UPP”. A ameaça não se concretizou,
poucos tiros foram ouvidos na chegada dos agentes e mais de 30 motos
foram abandonadas deitadas na rua, indicando fuga às pressas. “Graças a
Deus estamos salvos”, desabafou morador.
Em Manguinhos, foram encontradas 15 próteses ortopédicas, peças usadas
em cirurgias improvisadas em bandidos feridos. Essa enfermaria ficava na
Coreia. Em Mandela II, havia balões de oxigênio e material cirúrgico.
Nesse complexo, usou-se dinamite para derrubar barreira montada com
concreto, mas nenhum bandido se animou a enfrentar os policiais. A
ocupação ocorreu em paz, com moradores fazendo feira e fotografando os
tanques.
Por volta das 10h30, na Praça João Goulart, bandeiras do Brasil e do estado do Rio foram hasteadas. Crianças comemoraram a paz num passeio no triciclo do Bope, na carona do subcomandante, major João Jacques Busnello.
Reportagens de Alessandra Horto, Angélica Fernandes, Christina Nascimento, Diego Valdevino, Francisco Edson Alves, Leandro Souto Maior e Maria Inez Magalhães
Tanque da Marinha cruza feira livre em Manguinhos: ação sem tiroteio não afetou a rotina dos moradores | Foto: Léo Corrêa / Agência O Dia
Blindado entra na linha férrea do Jacarezinho | Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Veja imagens da ocupação:
Bope destrói barricadas montadas pelo tráfico em Manguinhos
Por volta das 10h30, na Praça João Goulart, bandeiras do Brasil e do estado do Rio foram hasteadas. Crianças comemoraram a paz num passeio no triciclo do Bope, na carona do subcomandante, major João Jacques Busnello.
Reportagens de Alessandra Horto, Angélica Fernandes, Christina Nascimento, Diego Valdevino, Francisco Edson Alves, Leandro Souto Maior e Maria Inez Magalhães
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