10.15.2012

Síndrome de Charles Bonnet

Algumas pessoas que veem fantasmas ou que tem alucinações geralmente são taxadas de loucas ou perturbadas. Você sabia que alguma dessas pessoas nada tem além da síndrome de Charles Bonnet?! A doença ganhou nome em 1769, após o suíço Charles Bonnet descrever a doença. A condição pode afetar qualquer pessoa com visão diminuída ou pessoas com visão normal, mas que passem tempo suficiente vendadas.

Uma das características principais da síndrome de Charles Bonnet é que as alucinações são sempre imagens coloridas, com rostos ou objetos deformados, aparecendo e desaparecendo repentinamente.
Resumidamente, funciona da seguinte forma: em uma pessoa sem a síndrome, células nervosas da retina enviam fluxo constante de impulsos para as partes visuais do cérebro. Porém, se a retina estiver danificada, esse fluxo reduz enquanto outras partes do cérebro tornam-se hiperativas. Então, o cérebro passa a construir imagens artificiais que chamamos de alucinações causadas por distúrbios mentais ou que em muitos casos são consideradas perturbações espirituais.
Portanto, a síndrome trata-se de alucinações, mas que não tem relação nenhuma com insanidade ou perturbações espirituais, devendo ser procurado um tratamento que dependendo do caso pode variar entre um tratamento da deficiência ocular até um acompanhamento psicológico.

Saiba ainda :

Esta síndrome consiste na visualização repentina de imagens silenciosas, nítidas, complexas e coloridas, que desaparecem abruptamente. Elas podem durar poucos minutos ou até algumas horas, e são perceptíveis mesmo quando se está com os olhos fechados. Na maioria dos casos elas são prazerosas, ou pelo menos nulas.
A pessoa afetada, via de regra, apresenta comprometimento visual, como catarata, glaucoma, degeneração macular relacionada à idade, retinopatia diabética e arterite temporal; e é capaz de reconhecer a irrealidade de tais visões. Além disso, ela não apresenta distúrbios cognitivos, ou alterações sistêmicas significativas.
Tais sintomas são semelhantes ao que ocorre quando uma pessoa amputada “sente” aquela região do corpo que não está mais ali. Em ambos os casos, essas percepções estão relacionadas à perda de informações sensoriais, fazendo com que o cérebro preencha esta lacuna com sensações lembradas, ou imaginadas.
Apesar de ocorrer em vários grupos etários, essa síndrome se manifesta predominantemente em idosos, com maior incidência entre aqueles que estão entre os 70 e 93 anos de idade. Muitas vezes o quadro é negligenciado: ou porque as pessoas próximas acreditam que se trata de demência senil, ou porque o próprio indivíduo afetado tem este receio, e esconde das outras pessoas o que tem passado. Outro fator que dificulta a identificação desse quadro é o próprio desconhecimento de alguns médicos, fazendo com que o quadro seja erroneamente diagnosticado, ou negligenciado.
Considerando o envelhecimento da população, e a maior expectativa de vida que este grupo tem conquistado, é importante que tais profissionais estejam atentos. Alguns especialistas afirmam que a melhor forma de descobrir portadores em potencial é perguntando sobre a existência ou não de ilusões visuais, àqueles pacientes que têm a acuidade visual reduzida.
Quanto ao tratamento, foca-se na deficiência ocular que o paciente apresenta; mas pode, também, ser requerido um acompanhamento psicológico e tratamento de entidades associadas, como depressão. Em alguns casos, fármacos também podem ser receitados.
Infelizmente, em alguns casos, o quadro só desaparece quando o paciente perde, por completo, a capacidade de enxergar. De qualquer forma, piscar, aumentar a iluminação do local onde se está, ou fazer outras mudanças no ambiente; costumam acelerar o desaparecimento das visões.
Saber que o que está ocorrendo não se trata de algum problema psiquiátrico, ou algo mais grave, reduz significantemente a angústia que muitas dessas pessoas sentem. Assim, quanto mais cedo for diagnosticada a síndrome de Charles Bonnet, melhores serão as chances de o paciente seguir a sua vida de forma mais saudável.

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