6.03.2013

Como os sentimentos negativos se alimentam


Toda emoção negativa que carregamos deseja sobreviver e se fortalecer. 
É como se ela tivesse vida e um tipo de inteligência própria que busca 
formas de se alimentar. A emoção toma de conta de nós em certas 
situações e fala através da nossa boca e age através do nosso corpo. 
Já escrevi em outro artigo intitulado “Você não é os seus pensamentos 
e sentimentos” onde falo que nós não somos as emoções que carregamos e,
 sim, a consciência que está por trás de tudo, o observador, 
a testemunha. Como se fosse uma entidade, a emoção pode nos 
possuir, gerando pensamentos e atitudes negativas para que ela possa 
se alimentar e se perpetuar.               
Observe a si mesmo em determinados momentos. Às vezes me pego 
irritado com certas coisas e, no momento em que isso ocorre, é quase 
irresistível sentir e agir da forma que ajo. Neste momento a emoção 
tomou conta de mim, influenciou meus pensamentos e minhas ações.
 E na hora em que isso acontece, as razões exteriores parecem justificar 
muito bem a forma que eu me sinto, e o que eu falo e faço. É como se 
eu dissesse “não tem como não se irritar com isso, qualquer pessoa 
se sentiria assim!”. No entanto, é apenas a irritação que já está 
dentro de mim se manifestando, falando pela minha boca, querendo 
beber mais sofrimento e se fortalecer. O resultado? A gente acaba 
desenvolvendo sintomas físicos, doenças e ansiedade por guardar a 
carga emocional negativa dentro de nós. 
Veja se você consegue perceber de vez em quando uma vontade
 irresistível de reclamar, de sentir raiva de algo, de falar mal de 
alguém ou do passado, de relembrar alguma situação desagradável.
 É apenas a emoção querendo sobreviver. 
A emoção fica latente, à espreita, esperando uma oportunidade 
para se manifestar e se alimentar. Situações externas e outras 
pessoas são os gatilhos que acordam essa negatividade guardada.
 Você está super tranquilo quando, de repente, alguém diz algo 
ou faz alguma coisa e aí surge um incômodo muitas vezes de 
forma instantânea. E quando você menos espera, a emoção 
já tomou conta, vários pensamentos negativos foram gerados e
 talvez você já tenha agido de uma determinada forma. 
A emoção poderá nos influenciar levemente, gerando apenas 
alguns pensamentos negativos ou algumas palavras, mas pode
 também chegar a provocar ações violentas, brigas e, até
 mesmo, crimes bárbaros. É o mesmo mecanismo em ação, 
só que em intensidades diferentes. 
A intensidade da nossa reação vai depender de duas coisas:
 da força da emoção negativa que está guardada em nós;
 e do nosso grau de identificação com aquela emoção.
 Vou explicar melhor. 
Existem pessoas que são verdadeiras bombas-relógio. 
Têm uma carga emocional tão forte guardada 
(coisas do passado mal resolvidas, mágoas, raivas, rejeições etc.) 
que esse corpo emocional, quando ativado por algum acontecimento,
 faz a reação vir como uma avalanche poderosa e incontrolável,
 tomando conta da pessoa. Assim, ela pode se tornar violenta ou 
pode ficar triste e chorar desesperadamente, por exemplo. 
Quanto maior o conteúdo emocional guardado, maiores as 
chances de sermos pegos de surpresa. 
O grau de identificação com a emoção é o quanto você 
acredita que ela faz parte de você, do seu eu, da sua 
personalidade. Você não é os seus pensamentos e 
sentimentos, mas na maior parte do tempo pensamos que somos. 
Então, quando surge a emoção negativa, se você tem uma 
consciência maior de que você não é aquilo e que ela deseja 
apenas se alimentar, é mais fácil apenas observar a ação 
dela com calma, até que ela vai se dissolvendo aos poucos.
 O ideal é observar sem resistir, sem julgar, sem alimentar, somente 
sentindo a emoção, as reações físicas que ela causa e os 
pensamentos que ela provoca. Precisamos estar muito atentos 
para fazer isso. 
No entanto, quando não temos consciência (e a maioria das
 pessoas não a tem) de que a emoção não é quem nós somos, 
vamos alimentá-la quando ela surgir com pensamentos e ações.
 Iremos justificar e argumentar interiormente que estamos totalmente
 certos em nos sentirmos daquela forma. Assim, a emoção negativa
 cumpre o seu objetivo de se alimentar e se perpetuar. 
Depois de um tempo, ela irá se acomodar no seu interior e vai aguardar
 outra oportunidade para se manifestar. 
Observe também o seguinte mecanismo: a pessoa está triste por 
causa de um término de um relacionamento ou outra situação 
semelhante e começa a ouvir músicas tristes, românticas, para 
“roer” e curtir a dor. É a própria emoção da tristeza dirigindo 
as ações da pessoa para se alimentar. Ela fará você escolher 
as músicas mais tristes para tocar. E, assim, você sente um 
estranho misto de prazer e dor. Prazer para quem? Para a 
tristeza instalada, a dor de ouvir a música triste é prazer. 
Esse mecanismo ocorre também quando começamos a 
alimentar lembranças de histórias passadas: brigas, perdas, 
culpas, frustrações etc. Criamos um diálogo mental falando 
de um evento passado desagradável. Esse diálogo pode 
ficar relembrando falas que foram ditas, coisas que você
 poderia ter feito, mas não fez. É possível também 
que esse diálogo tenha um tom de “vitimismo” ou agressividade.
 Podem, também, surgir imagens do que ocorreu ou do que 
poderia ter ocorrido. Algumas pessoas remoem compulsivamente 
histórias do passado. 
Quando aplico a EFT em consultório é muito interessante 
observar a mudança da fala da pessoa depois que a emoção
 negativa é dissolvida com a técnica. O discurso muda 
completamente. Vamos supor que a pessoa chegue com muita raiva 
de alguém. Ela pode chegar dizendo “ele é mau caráter, 
um canalha, fez de propósito, dá vontade de bater nele...”.
 É a própria raiva falando pela boca do cliente. Depois de 
algumas rodadas a raiva se dissolve, a pessoa pode dizer 
coisas do tipo: “eu também errei com ele, sei que nesse 
dia ele estava muito estressado e eu também, só podia 
ter dado nisso...”. Neste momento, não tem mais a entidade
 “raiva” falando pela pessoa. 
A emoção é “esperta”. Se você não estiver muito atento,
 ela tomará conta de você. E, às vezes, você poderá 
até se pegar em um conflito interior com um lado 
tentando deixar a emoção para trás e o outro lado 
alimentando-a. A emoção negativa tentará convencê-lo 
a não deixar aqueles pensamentos. 
Aplique EFT neste momento em que a emoção surgir, pois 
será bem mais fácil dissolvê-la com a técnica, mas atenção: 
a emoção não quer ser dissolvida! Então é muito provável 
que você não tenha vontade de aplicar a técnica. 
Pode também surgir uma paralisia ou uma preguiça 
irresistível. Agora que você já compreende o mecanismo,
 fica mais fácil de identificar e não ceder. É importante também
 limpar a carga emocional de eventos passados, desde a infância 
até os mais recentes. Basicamente, é esse o trabalho que 
fazemos no consultório, o que traz benefícios enormes 
em todas as áreas da vida da pessoa como relacionamentos,
 autoestima, saúde física e área profissional.





André Lima - EFT Practitioner

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