6.01.2013

Pra onde é que a gente volta?

Não sei exatamente de onde surgem algumas certezas que eu encontro por aí, às vezes de manhã no meio do lençol, outras pelo meio da rua, algumas em copos de vodka e pessoas incrivelmente encantadoras.
Sei que é recorrente uma delas: o encantador é passageiro.
E isso não me assusta.
A gente mergulha de cabeça em um monte de coisa que é incrível e funda. Ai vai vendo as plantinhas bonitas e os musgos, e descobrindo quantos desses também fazem parte da gente. Mergulha e depois sai de biquíni mostrando a bunda (no melhor dos cenários) e enxugando, enxugando, enxugando...Haja água doce pra tanto sal.
O encantamento vai virando normalidade, as pessoas vão sendo cada vez mais humanas e perdendo as asas e a gente vai voltando ao que era antes de esquecer-se disso.
E um dia vc se pega não querendo mais ser tão simpático, tão bonito, tão atencioso, tão cuidadoso, tão doado, livre, feliz, perfeito... Aí vc resolve lavar o rosto antes de dormir e tirar uma foto assim, enquanto liga pra alguém capaz de te amar desse jeito feio, limpo e cansado.
Do encantamento sobram muitas coisas verdadeiras e até bem mais bonitas e sinceras do que vc pensava quando se encantou, e muitas outras coisas perdem o sentido e morrem de fome, de sede, de falta de tijolos no pensamento.
Eu acho isso bonito demais.
No fundo a gente se distrai com algumas outras pessoas, mas eu, particularmente, acho que já esgotei a cota de gente que eu posso ter na vida (essas que dá pra ligar de cara lavada), quem vier depois disso vai passar, e só. E isso é de uma tranquilidade...!
Vontade de sair da festa e deitar no colo das certezas, do jeito egoísta que eu sei fazer, e que elas aceitam e fazem igual, quando necessário.
É como diz o mestre recém descoberto (inclusive por mim) e popular em redes sociais (há coisas positivas em tanta conexão desconexa) Caio Fernando Abreu:
"Eu acho que a gente não deve perder a curiosidade pelas coisas: há muitos lugares para serem vistos, muitas pessoas para serem conhecidas."
Eu só me pergunto, Caio: pra onde é que a gente volta?

Mas, por aqui, sempre tem mais vinho e sorrisos, lugar no sofá e no colo e, pra quem gostar, no coração também.
 

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