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Um Centro de Estabilidade no Meio do Caos
Numa crise de pânico a pessoa reage com sintomas de medo quando não há nada em volta que pareça justificar aquelas reações.
Esta experiência de “medo sem causa” é assustadora, pois sempre buscamos ligar o sofrimento a uma causa identificável, visível. Como é difícil ficar com este “medo sem objeto”, a pessoa começa a temer as consequências daquele estado, como se aquilo fosse levar a alguma consequência catastrófica, a morte, a um desmaio, como se não fosse passar nunca…
A experiência de uma crise de pânico leva a uma vivência psicológica de desamparo, pela falta de referências, pela falta de sentido. A pessoa se sente entregue ao destino, sem proteção nem garantias.
Neste momento existe um recurso dentro da pessoa que pode ajudá-la. É próprio da natureza humana uma capacidade de vivenciar algo e ao mesmo tempo se observar na vivência. Temos dois níveis de experiência mental; enquanto estou comendo um pedaço de chocolate, posso também me perceber comendo, observar o sabor, os movimentos da boca, etc.
A consciência pode tomar outros processos da mente como objetos de atenção. A consciência pode dirigir seu foco para sensações, emoções e pensamentos sem estar totalmente identificada com estes processos.
No caso de um ataque de pânico, a pessoa pode aprender a ativar esta consciência observadora para observar suas reações numa crise de pânico.
Ao mesmo tempo em que está lá, ansiosa, aflita, com aquelas reações em seu corpo e aqueles pensamentos catastróficos, mantém parte de sua presença centrada em sua consciência, observando aquilo que se desenrola no teatro de sua mente e de seu corpo.
Surge assim, a experiência direta e ao mesmo tempo a testemunha da experiência. Eu estou sofrendo, mas também observo minha dor, a partir de um lugar seguro, dentro de mim.
Ao fazer isto algumas mudanças começam a acontecer. A atitude de se observar de modo neutro a partir do centro da consciência ajuda a criar um ponto de referência no meio do caos, um lugar interno de estabilidade.
Eu vou deixando de estar totalmente entregue a experiência desamparada de pânico. Na medida em que posso observar o que sinto, passo a me acompanhar, com possibilidade de aceitar o que sinto. Neste momento, “eu sou comigo mesmo”.
Esta presença de si consigo durante um episódio de tanto sofrimento, produz uma transformação fundamental no processo do pânico, pois aquilo que parecia sem sentido, avassalador, vai se relativizando, sendo uma experiência que volta a se repetir e pode sempre ser observada.
Depois de passada a experiência da crise é importante que o sujeito também aprenda a expressar aquilo que viveu através de palavras – faladas ou escritas – para que aquilo que era da ordem do indizível e insuportável, vá ganhando forma e contorno. A nomeação ajuda a tornar familiar o que era estranho e assustador.
Neste processo a pessoa aprende a “ser consigo mesma” e a dar continência para aquilo que parecia totalmente sem sentido e parecia ameaçar tanto sua experiência de ser.
A crise de ansiedade e pânico, uma experiência de “vulnerabilidade do ser”, vai se transformando e se tornando uma experiência suportável, cada vez menos assustadora. Assim as crises e ataques de pânico vão se enfraquecendo gradativamente.
Esta experiência de “medo sem causa” é assustadora, pois sempre buscamos ligar o sofrimento a uma causa identificável, visível. Como é difícil ficar com este “medo sem objeto”, a pessoa começa a temer as consequências daquele estado, como se aquilo fosse levar a alguma consequência catastrófica, a morte, a um desmaio, como se não fosse passar nunca…
A experiência de uma crise de pânico leva a uma vivência psicológica de desamparo, pela falta de referências, pela falta de sentido. A pessoa se sente entregue ao destino, sem proteção nem garantias.
Neste momento existe um recurso dentro da pessoa que pode ajudá-la. É próprio da natureza humana uma capacidade de vivenciar algo e ao mesmo tempo se observar na vivência. Temos dois níveis de experiência mental; enquanto estou comendo um pedaço de chocolate, posso também me perceber comendo, observar o sabor, os movimentos da boca, etc.
A consciência pode tomar outros processos da mente como objetos de atenção. A consciência pode dirigir seu foco para sensações, emoções e pensamentos sem estar totalmente identificada com estes processos.
No caso de um ataque de pânico, a pessoa pode aprender a ativar esta consciência observadora para observar suas reações numa crise de pânico.
Ao mesmo tempo em que está lá, ansiosa, aflita, com aquelas reações em seu corpo e aqueles pensamentos catastróficos, mantém parte de sua presença centrada em sua consciência, observando aquilo que se desenrola no teatro de sua mente e de seu corpo.
Surge assim, a experiência direta e ao mesmo tempo a testemunha da experiência. Eu estou sofrendo, mas também observo minha dor, a partir de um lugar seguro, dentro de mim.
Ao fazer isto algumas mudanças começam a acontecer. A atitude de se observar de modo neutro a partir do centro da consciência ajuda a criar um ponto de referência no meio do caos, um lugar interno de estabilidade.
Eu vou deixando de estar totalmente entregue a experiência desamparada de pânico. Na medida em que posso observar o que sinto, passo a me acompanhar, com possibilidade de aceitar o que sinto. Neste momento, “eu sou comigo mesmo”.
Esta presença de si consigo durante um episódio de tanto sofrimento, produz uma transformação fundamental no processo do pânico, pois aquilo que parecia sem sentido, avassalador, vai se relativizando, sendo uma experiência que volta a se repetir e pode sempre ser observada.
Depois de passada a experiência da crise é importante que o sujeito também aprenda a expressar aquilo que viveu através de palavras – faladas ou escritas – para que aquilo que era da ordem do indizível e insuportável, vá ganhando forma e contorno. A nomeação ajuda a tornar familiar o que era estranho e assustador.
Neste processo a pessoa aprende a “ser consigo mesma” e a dar continência para aquilo que parecia totalmente sem sentido e parecia ameaçar tanto sua experiência de ser.
A crise de ansiedade e pânico, uma experiência de “vulnerabilidade do ser”, vai se transformando e se tornando uma experiência suportável, cada vez menos assustadora. Assim as crises e ataques de pânico vão se enfraquecendo gradativamente.
Mindfulness e os Transtornos de Ansiedade
Um fator comum nos Transtornos de Ansiedade é uma baixa
tolerância a ansiedade e uma tendência de interpretar esta experiência
emocional como potencialmente perigosa.
Esta aversão a experiência ansiosa leva a pessoa a ficar mais ansiosa cada vez que sente ou antecipa sentir os sintomas de ansiedade.
Para “não sentir mais aquilo”, desenvolve muitas estratégias de evitação, controle e fuga. No entanto, quanto mais tenta evitar sentir ansiedade, mais intensa a emoção fica, o que só agrava o problema.
É necessário aprender outros modos de lidar com a ansiedade, como vivenciá-la sem entrar em desespero, aumentando a tolerância interna.
Outra característica do ansioso é viver em estado de pre-ocupação frequente, sofrendo numa expectativa negativa de futuro, a partir de cenários que vão se configurando em sua mente. Trazer a mente para o presente é uma estratégia fundamental no trabalho com a ansiedade.
Nos últimos anos vem sendo pesquisado os benefícios de um processo mental específico ativado em algumas práticas de meditação. É o processo de Mindfulness ou Atenção Plena.
De modo resumido, a prática de Mindfulness envolve: (1) o direcionamento da atenção para a experiência imediata, presente, (2) com uma atitude de aceitação, curiosidade e abertura.
O estudo científico do processo de atenção plena tem permitido o desenvolvimento mais preciso de recursos terapêuticos que podem ajudar no tratamento psicológico dos Transtornos de Ansiedade (Pânico, Fobias, Traumas, TAG, etc).
Através desta prática – adaptada a psicoterapia – é possível aprender a observar de modo “neutro” a experiência presente, as reações da ansiedade no corpo, os pensamentos negativos e as tendências de evitação e fuga. Neste aprendizado aprende-se a observar sem julgar, sem tentar interferir na experiência… entrar numa atitude onde não há nada a ser mudado, a ser corrigido… apenas reconhecido.
A emoção e os pensamentos negativos podem ser observados, o que cria uma diferenciação interna entre o centro da consciência (eu que observa) e os fenômenos observados (reações corporais, pensamentos, etc). O “eu que observa” pode reconhecer a turbulência interna e permanecer sereno em sua atitude de reconhecimento e aceitação.
Ao mesmo tempo há uma diminuição na ansiedade antecipatória, pois a pessoa começa a cultivar um estado de presença.
Se a pessoa parar a briga interna contra a ansiedade, deixar de tentar se livrar do que sente e se permitir sentir, ela inicia uma mudança fundamental em sua psique. Começa a se criar uma transformação interna, onde a ansiedade pode ocupar um espaço interno e a tensão e o conflito diminuem.
É fundamental diferenciar aquilo que se pode controlar daquilo que não se pode controlar. Ao lidar com emoções, as tentativas de controle são bastante problemáticas, pois as emoções sempre voltam e a luta interna cria mais tensão e mais ansiedade. O melhor caminho é de compreensão e aceitação.
Aceitar não é resignar-se passivamente, mas abrir espaço para perceber a experiência direta da ansiedade e responder de outro modo, saindo das reações automáticas de aflição, evitação, fuga e pânico.
É possível interferir nos graus da ansiedade?
Sim, há técnicas e recursos para isto, mas enquanto a pessoa não mudar sua relação com a experiência ansiosa, estará fadada a fracassar em sua recuperação, pois a intolerância faz com que tente controlar e evitar aquilo que não se pode controlar.
Lutar contra a própria emoção só aumenta o sofrimento. Paradoxalmente, é através do caminho da aceitação que a ansiedade pode começar a diminuir.
Esta aversão a experiência ansiosa leva a pessoa a ficar mais ansiosa cada vez que sente ou antecipa sentir os sintomas de ansiedade.
Para “não sentir mais aquilo”, desenvolve muitas estratégias de evitação, controle e fuga. No entanto, quanto mais tenta evitar sentir ansiedade, mais intensa a emoção fica, o que só agrava o problema.
É necessário aprender outros modos de lidar com a ansiedade, como vivenciá-la sem entrar em desespero, aumentando a tolerância interna.
Outra característica do ansioso é viver em estado de pre-ocupação frequente, sofrendo numa expectativa negativa de futuro, a partir de cenários que vão se configurando em sua mente. Trazer a mente para o presente é uma estratégia fundamental no trabalho com a ansiedade.
Nos últimos anos vem sendo pesquisado os benefícios de um processo mental específico ativado em algumas práticas de meditação. É o processo de Mindfulness ou Atenção Plena.
De modo resumido, a prática de Mindfulness envolve: (1) o direcionamento da atenção para a experiência imediata, presente, (2) com uma atitude de aceitação, curiosidade e abertura.
O estudo científico do processo de atenção plena tem permitido o desenvolvimento mais preciso de recursos terapêuticos que podem ajudar no tratamento psicológico dos Transtornos de Ansiedade (Pânico, Fobias, Traumas, TAG, etc).
Através desta prática – adaptada a psicoterapia – é possível aprender a observar de modo “neutro” a experiência presente, as reações da ansiedade no corpo, os pensamentos negativos e as tendências de evitação e fuga. Neste aprendizado aprende-se a observar sem julgar, sem tentar interferir na experiência… entrar numa atitude onde não há nada a ser mudado, a ser corrigido… apenas reconhecido.
A emoção e os pensamentos negativos podem ser observados, o que cria uma diferenciação interna entre o centro da consciência (eu que observa) e os fenômenos observados (reações corporais, pensamentos, etc). O “eu que observa” pode reconhecer a turbulência interna e permanecer sereno em sua atitude de reconhecimento e aceitação.
Ao mesmo tempo há uma diminuição na ansiedade antecipatória, pois a pessoa começa a cultivar um estado de presença.
Se a pessoa parar a briga interna contra a ansiedade, deixar de tentar se livrar do que sente e se permitir sentir, ela inicia uma mudança fundamental em sua psique. Começa a se criar uma transformação interna, onde a ansiedade pode ocupar um espaço interno e a tensão e o conflito diminuem.
É fundamental diferenciar aquilo que se pode controlar daquilo que não se pode controlar. Ao lidar com emoções, as tentativas de controle são bastante problemáticas, pois as emoções sempre voltam e a luta interna cria mais tensão e mais ansiedade. O melhor caminho é de compreensão e aceitação.
Aceitar não é resignar-se passivamente, mas abrir espaço para perceber a experiência direta da ansiedade e responder de outro modo, saindo das reações automáticas de aflição, evitação, fuga e pânico.
É possível interferir nos graus da ansiedade?
Sim, há técnicas e recursos para isto, mas enquanto a pessoa não mudar sua relação com a experiência ansiosa, estará fadada a fracassar em sua recuperação, pois a intolerância faz com que tente controlar e evitar aquilo que não se pode controlar.
Lutar contra a própria emoção só aumenta o sofrimento. Paradoxalmente, é através do caminho da aceitação que a ansiedade pode começar a diminuir.
O Comportamento Humano nas Tragédias Coletivas
Quando ocorre uma tragédia – como o triste incêndio que vimos em
Santa Maria (RS) – é comum ouvirmos que houve um “comportamento de
manada”, onde pessoas “entraram em pânico”, que a situação era
“caótica”, e predominava o “cada um por si”.
Muitas pesquisas tem sido feitas ao redor do mundo com pessoas que sobreviveram a diversas tragédias como incêndios, inundações, tumultos, ataques terroristas, etc.
Através destas pesquisas, muitas idéias dominantes no senso comum tem sido revistas, como o de que as pessoas entram facilmente em pânico, agindo de modo irracional ou que sempre predomina o comportamento egoísta, onde cada um tenta salvar sua própria pele sem se importar com os outros.
A investigação científica das situações de tragédias, por exemplo, derruba o mito do egoísmo extremo, demonstrando que o comportamento predominante é de cooperação e solidariedade. Geralmente as pessoas começam ajudando quem está com elas e tendem a estender esta ajuda aqueles desconhecidos em volta, criando um forte sentimento de identidade coletiva.
Existe um ponto crítico, no entanto, em que o comportamento tende a mudar e a sobrevivência passa a contar mais do que o sentido de coletividade. Para que ocorra esta mudança na direção do comportamento precisam ocorrer duas condições simultâneas: as pessoas se sentirem sem saída e sob o risco iminente de morte. Num incêndio, por exemplo, quando o fogo está próximo, a fumaça intoxicando e as saídas parecem escassas, fugir imediatamente da situação torna-se imperativo para preservar a própria vida.
Nesta hora crítica o estado emocional de pânico entra em ação, ativando padrões automáticos de comportamentos de luta/fuga. O comportamento racional, solidário e cooperativo dá lugar então a um comportamento de emergência, em que sair da situação torna-se a única prioridade.
Quando as pessoas entram neste estado emocional de pânico, acabam se empurrando, se atropelando, o que aumenta os danos de uma tragédia, com pessoas que morrem pisoteadas e sufocadas no meio da multidão tentando sair de um lugar ameaçador em saídas insuficientes.
As pessoas não saem correndo, se empurrando porque estão agindo de modo cruel e caótico, mas porque estão agindo sob o imperativo da preservação de suas vidas, num comportamento automático de fuga, disparado pelo estado emocional de pânico. Seu comportamento não é irracional, desvairado, mas atende a uma lógica primária de preservação da vida. Com o perigo aumentando e a sensação de risco de morte iminente, sair da situação o mais rápido possível é o comportamento mais coerente pela lógica de preservação do cérebro humano. Depois de sair, muitas pessoas voltam para ajudar os outros, muitas vezes até colocando em risco a própria vida.
O que aumenta as mortes e danos numa tragédia não decorre do “comportamento irracional” das pessoas, mas das limitações do ambiente, como insuficiência de saídas, ausência de sinalização, falta de liderança e treinamento em procedimentos de evacuação, etc.
Estas falhas contribuem para conduzir os sujeitos a entrarem em pânico, neste modo psicológico de “emergência total”, quando precisam sair urgentemente do local visando a própria sobrevivência. Nesta hora crítica, o comportamento é conduzido individualmente, o que cria um novo perigo. Na ausência de coordenação das ações por uma liderança e de estrutura adequada de saídas, surgem as tristes cenas de empurrões e pisoteamentos involuntários.
As estratégias para lidar com tragédias precisam oferecer condições para as pessoas saírem daquela situação antes de entrarem neste “modo de pânico”. Esta deve ser uma prioridade no planejamento arquitetônico de espaços públicos e no desenvolvimento de estratégias de evacuação.
De modo geral, situações trágicas mostram que o ser humano tem uma forte tendência de cooperação e cuidado recíproco. Explicitam também como nossas emoções estão programadas para facilitar comportamentos coerentes para lidar com perigos reais e preservar a vida. Com planejamento e ações coordenadas deve-se evitar que a situação chegue ao ponto crítico da fuga individualizada sem uma estrutura adequada para saída.
Muitas pesquisas tem sido feitas ao redor do mundo com pessoas que sobreviveram a diversas tragédias como incêndios, inundações, tumultos, ataques terroristas, etc.
Através destas pesquisas, muitas idéias dominantes no senso comum tem sido revistas, como o de que as pessoas entram facilmente em pânico, agindo de modo irracional ou que sempre predomina o comportamento egoísta, onde cada um tenta salvar sua própria pele sem se importar com os outros.
A investigação científica das situações de tragédias, por exemplo, derruba o mito do egoísmo extremo, demonstrando que o comportamento predominante é de cooperação e solidariedade. Geralmente as pessoas começam ajudando quem está com elas e tendem a estender esta ajuda aqueles desconhecidos em volta, criando um forte sentimento de identidade coletiva.
Existe um ponto crítico, no entanto, em que o comportamento tende a mudar e a sobrevivência passa a contar mais do que o sentido de coletividade. Para que ocorra esta mudança na direção do comportamento precisam ocorrer duas condições simultâneas: as pessoas se sentirem sem saída e sob o risco iminente de morte. Num incêndio, por exemplo, quando o fogo está próximo, a fumaça intoxicando e as saídas parecem escassas, fugir imediatamente da situação torna-se imperativo para preservar a própria vida.
Nesta hora crítica o estado emocional de pânico entra em ação, ativando padrões automáticos de comportamentos de luta/fuga. O comportamento racional, solidário e cooperativo dá lugar então a um comportamento de emergência, em que sair da situação torna-se a única prioridade.
Quando as pessoas entram neste estado emocional de pânico, acabam se empurrando, se atropelando, o que aumenta os danos de uma tragédia, com pessoas que morrem pisoteadas e sufocadas no meio da multidão tentando sair de um lugar ameaçador em saídas insuficientes.
As pessoas não saem correndo, se empurrando porque estão agindo de modo cruel e caótico, mas porque estão agindo sob o imperativo da preservação de suas vidas, num comportamento automático de fuga, disparado pelo estado emocional de pânico. Seu comportamento não é irracional, desvairado, mas atende a uma lógica primária de preservação da vida. Com o perigo aumentando e a sensação de risco de morte iminente, sair da situação o mais rápido possível é o comportamento mais coerente pela lógica de preservação do cérebro humano. Depois de sair, muitas pessoas voltam para ajudar os outros, muitas vezes até colocando em risco a própria vida.
O que aumenta as mortes e danos numa tragédia não decorre do “comportamento irracional” das pessoas, mas das limitações do ambiente, como insuficiência de saídas, ausência de sinalização, falta de liderança e treinamento em procedimentos de evacuação, etc.
Estas falhas contribuem para conduzir os sujeitos a entrarem em pânico, neste modo psicológico de “emergência total”, quando precisam sair urgentemente do local visando a própria sobrevivência. Nesta hora crítica, o comportamento é conduzido individualmente, o que cria um novo perigo. Na ausência de coordenação das ações por uma liderança e de estrutura adequada de saídas, surgem as tristes cenas de empurrões e pisoteamentos involuntários.
As estratégias para lidar com tragédias precisam oferecer condições para as pessoas saírem daquela situação antes de entrarem neste “modo de pânico”. Esta deve ser uma prioridade no planejamento arquitetônico de espaços públicos e no desenvolvimento de estratégias de evacuação.
De modo geral, situações trágicas mostram que o ser humano tem uma forte tendência de cooperação e cuidado recíproco. Explicitam também como nossas emoções estão programadas para facilitar comportamentos coerentes para lidar com perigos reais e preservar a vida. Com planejamento e ações coordenadas deve-se evitar que a situação chegue ao ponto crítico da fuga individualizada sem uma estrutura adequada para saída.
Pensamentos escravizantes, TOC e ansiedade
No Transtorno Obsessivo Compulsivo o sujeito se vê atormentado por pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos. Vamos pensar num exemplo. A pessoa tem um pensamento de que está com as mãos sujas.
Ela, então, lava suas mãos. No entanto, o mesmo pensamento logo volta a
sua cabeça. A pessoa tenta dialogar consigo mesma lembrando-se que
acabou de lavar as mãos, mas seu pensamento automático é insensível a razão, dizendo para ela que as mãos ainda estão sujas. Vem ansiedade e aflição com a ideia de estar com as mãos sujas, contaminadas. Na ânsia de aliviar este sofrimento, surgem as compulsões
– rituais e comportamentos repetidos – que tentam aliviar a tensão e
ansiedade trazidos pelo pensamento obsessivo. Neste processo a pessoa
pode sentir-se compelida a lavar suas mãos 20 vezes, por exemplo, sempre
sendo recapturada pelos pensamentos intrusivos que insistem na sujeira…
Há um ciclo básico no qual uma preocupação (pensamento obsessivo) gera ansiedade (emoção), e o sujeito se sente “compelido” a aliviar esta tensão emocional através de um comportamento (compulsão).
Enquanto não realiza o ato compulsivo há uma vivência de ansiedade e o pensamento se repetindo dentro da cabeça, num intenso tormento. O ato compulsivo traz um alívio passageiro da ansiedade, mas logo os pensamentos obsessivos voltam. Na verdade, a cada vez que se age para aliviar a tensão (como lavar as mãos), reforça-se o ciclo dos pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos.
Qual a saída? A proposta terapêutica que traz melhores resultados consiste em ensinar a pessoa a não aliviar sua ansiedade através de rituais e comportamentos obsessivos. Ao invés disto, aprender a conter o comportamento e suportar níveis maiores de ansiedade.
Como é comum nos Transtornos de Ansiedade, a pessoa com TOC não sabe lidar com a ansiedade que sente. Assim que fica ansiosa, começa a “brigar” com o que sente, ficando aflita por sentir-se daquele modo. A luta interna contra a ansiedade aumenta ainda mais o nível de tensão.
O caminho de recuperação passa por aceitar a ansiedade como um estado desconfortável, mas que pode ser tolerado. Se expondo ao que sente, a pessoa vai se habituando à ansiedade e esta vai perdendo força gradativamente. Como decorrência, os pensamentos obsessivos tendem a se enfraquecer paulatinamente até se extinguir. Isto é possível dentro de um processo estruturado e gradual de exposição e prevenção de resposta.
Aprender a lidar com a ansiedade é um passo essencial para superar as limitações trazidas pelo Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Há um ciclo básico no qual uma preocupação (pensamento obsessivo) gera ansiedade (emoção), e o sujeito se sente “compelido” a aliviar esta tensão emocional através de um comportamento (compulsão).
Enquanto não realiza o ato compulsivo há uma vivência de ansiedade e o pensamento se repetindo dentro da cabeça, num intenso tormento. O ato compulsivo traz um alívio passageiro da ansiedade, mas logo os pensamentos obsessivos voltam. Na verdade, a cada vez que se age para aliviar a tensão (como lavar as mãos), reforça-se o ciclo dos pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos.
Qual a saída? A proposta terapêutica que traz melhores resultados consiste em ensinar a pessoa a não aliviar sua ansiedade através de rituais e comportamentos obsessivos. Ao invés disto, aprender a conter o comportamento e suportar níveis maiores de ansiedade.
Como é comum nos Transtornos de Ansiedade, a pessoa com TOC não sabe lidar com a ansiedade que sente. Assim que fica ansiosa, começa a “brigar” com o que sente, ficando aflita por sentir-se daquele modo. A luta interna contra a ansiedade aumenta ainda mais o nível de tensão.
O caminho de recuperação passa por aceitar a ansiedade como um estado desconfortável, mas que pode ser tolerado. Se expondo ao que sente, a pessoa vai se habituando à ansiedade e esta vai perdendo força gradativamente. Como decorrência, os pensamentos obsessivos tendem a se enfraquecer paulatinamente até se extinguir. Isto é possível dentro de um processo estruturado e gradual de exposição e prevenção de resposta.
Aprender a lidar com a ansiedade é um passo essencial para superar as limitações trazidas pelo Transtorno Obsessivo Compulsivo.
Frequentemente vejo pessoas que chegam (finalmente) para terapia
depois de anos e às vezes décadas de sofrimento psicológico. Ela tem
suas vidas limitadas pelo medo de ter uma crise de
pânico, pelo receio de passar constrangimento numa situação social, por
ser escravizado por rituais obsessivos, por temer reviver algum trauma…
Estas pessoas estavam vivendo vidas precárias, privadas de satisfação, empobrecidas de oportunidades, sem nunca terem efetivamente buscado e enfrentado um tratamento psicológico especializado que poderia resolver seus problemas. Muitas destas pessoas iam “levando a vida”, com um controle precário de sintomas, muitas vezes com a ajuda de alguma medicação prescrita anos atrás. Mas o que ressalta aos olhos é a ausência de busca de uma ajuda que resolveria de fato o problema.
Quanta vida não estava sendo vivida? O que a pessoa faria se não estivesse consumindo tanto de seu tempo e energia lutando com seu sofrimento?
Hoje a Psicologia vive um desafio importante, de aumentar o conhecimento de sua eficácia, para que as pessoas saibam que existem tratamentos psicológicos especializados para diferentes transtornos psicológicos e que o sofrimento mental não é algo com o qual a pessoa tem que se acomodar tristemente.
A vida pode ser vivida mais plenamente.
Estas pessoas estavam vivendo vidas precárias, privadas de satisfação, empobrecidas de oportunidades, sem nunca terem efetivamente buscado e enfrentado um tratamento psicológico especializado que poderia resolver seus problemas. Muitas destas pessoas iam “levando a vida”, com um controle precário de sintomas, muitas vezes com a ajuda de alguma medicação prescrita anos atrás. Mas o que ressalta aos olhos é a ausência de busca de uma ajuda que resolveria de fato o problema.
Quanta vida não estava sendo vivida? O que a pessoa faria se não estivesse consumindo tanto de seu tempo e energia lutando com seu sofrimento?
Hoje a Psicologia vive um desafio importante, de aumentar o conhecimento de sua eficácia, para que as pessoas saibam que existem tratamentos psicológicos especializados para diferentes transtornos psicológicos e que o sofrimento mental não é algo com o qual a pessoa tem que se acomodar tristemente.
A vida pode ser vivida mais plenamente.
Avanços no Tratamento do Transtorno do Pânico
No XII Congresso Brasileiro de Psicoterapia Corporal, realizado
este ano em Curitiba nos dias 7,8 e 9 de junho, apresentei para os
colegas da área uma proposta integrativa de tratamento psicológico para
pessoas com Transtorno de Pânico.
Esta proposta busca reunir e integrar recursos que se mostram eficazes para ajudar as pessoas a superarem seus sintomas de pânico e alcançarem uma conexão profunda com os estados internos que agiam subterraneamente no processo que desencadeou o sofrimento.
Esta proposta busca reunir e integrar recursos que se mostram eficazes para ajudar as pessoas a superarem seus sintomas de pânico e alcançarem uma conexão profunda com os estados internos que agiam subterraneamente no processo que desencadeou o sofrimento.
Ansiedade e Transtornos Mentais em São Paulo
Numa entrevista ao programa Canal Livre da TV Bandeirantes no último
domingo, comentei uma ampla e importante pesquisa científica publicada
recentemente que avalia a incidência de transtornos mentais na região
metropolitana de São Paulo.
Os resultados da pesquisa são preocupantes. Estima-se uma incidência de 30% de transtornos psicológicos na população da região metropolitana de São Paulo, sendo um terço deles em grau severo e a maioria sem estar recebendo nenhum tratamento.
São Paulo é o lugar com maior incidência de transtornos mentais quando comparado a outras regiões metropolitanas pesquisadas ao redor do globo.
A maior incidência é de 19,9% transtornos de ansiedade, seguido de 11% para Transtornos de Humor, 4,2% para Transtornos de Controle do Impulso e 3,6 % para Abuso de Substâncias.
Estes dados apontam para os efeitos da violência urbana sobre a saúde mental. Fatores como criminalidade, trânsito, poluição, desigualdade social, entre outros, parecem estar nos tornando mentalmente doentes.
Devemos ter claro que num transtorno mental, parte do funcionamento mental é capturado pelo sofrimento.
A pessoa é dominada por pensamentos distorcidos, preocupações excessivas, emoções desreguladas (medo, raiva, tristeza), sensações ruins, apatia, desespero, desamparo, comportamentos destrutivos, etc
O sofrimento psicológico consome parte preciosa da vida que poderia ser vivida de outro modo.
O sofrimento psicológico é um fator de empobrecimento vital, limitando drasticamente a capacidade de realização do potencial de cada um. Muito tempo é perdido, muita energia criativa é desperdiçada.
Os transtornos psicológicos são um dos problemas mais sérios da atualidade, o inimigo silencioso, que vai escravizando a alma, corroendo a qualidade dos vínculos, das famílias e dos ambientes sociais.
Dados da Pesquisa: Andrade LH, Wang Y-P, Andreoni S, Silveira CM, Alexandrino-Silva C, et al. (2012) Mental Disorders in Megacities: Findings from the São Paulo Megacity Mental Health Survey, Brazil. PLoS ONE 7(2): e31879. doi:10.1371/journal.pone.0031879
por Artur Scarpato
do reativo de alerta ao estado receptivo de aberturaOs resultados da pesquisa são preocupantes. Estima-se uma incidência de 30% de transtornos psicológicos na população da região metropolitana de São Paulo, sendo um terço deles em grau severo e a maioria sem estar recebendo nenhum tratamento.
São Paulo é o lugar com maior incidência de transtornos mentais quando comparado a outras regiões metropolitanas pesquisadas ao redor do globo.
A maior incidência é de 19,9% transtornos de ansiedade, seguido de 11% para Transtornos de Humor, 4,2% para Transtornos de Controle do Impulso e 3,6 % para Abuso de Substâncias.
Estes dados apontam para os efeitos da violência urbana sobre a saúde mental. Fatores como criminalidade, trânsito, poluição, desigualdade social, entre outros, parecem estar nos tornando mentalmente doentes.
Devemos ter claro que num transtorno mental, parte do funcionamento mental é capturado pelo sofrimento.
A pessoa é dominada por pensamentos distorcidos, preocupações excessivas, emoções desreguladas (medo, raiva, tristeza), sensações ruins, apatia, desespero, desamparo, comportamentos destrutivos, etc
O sofrimento psicológico consome parte preciosa da vida que poderia ser vivida de outro modo.
O sofrimento psicológico é um fator de empobrecimento vital, limitando drasticamente a capacidade de realização do potencial de cada um. Muito tempo é perdido, muita energia criativa é desperdiçada.
Os transtornos psicológicos são um dos problemas mais sérios da atualidade, o inimigo silencioso, que vai escravizando a alma, corroendo a qualidade dos vínculos, das famílias e dos ambientes sociais.
Dados da Pesquisa: Andrade LH, Wang Y-P, Andreoni S, Silveira CM, Alexandrino-Silva C, et al. (2012) Mental Disorders in Megacities: Findings from the São Paulo Megacity Mental Health Survey, Brazil. PLoS ONE 7(2): e31879. doi:10.1371/journal.pone.0031879
por Artur Scarpato
Uma pessoa cronicamente ansiosa vive em estado de alerta, em estado de ameaça, preparada para que algo possa dar errado.
A pessoa vive num estado reativo, um estado de prontidão para responder ansiosamente a partir de padrões cristalizados no passado. Por exemplo, para uma pessoa com Transtorno do Pânico qualquer estímulo interno pode reativar a ansiedade de uma possível crise de pânico. Para uma pessoa com Transtorno de Estresse Pós Traumático, uma situação pode reativar emoções intensas de traumas vividos. Para uma pessoa com Transtorno de Ansiedade Generalizada, a vida é sempre imaginada como carregada de riscos, ameaças e problemas.
Neste estado de alerta há pouca abertura para experiências novas. A pessoa vive em predisposição para o perigo, onde as experiências facilmente disparam ansiedade, pensamentos negativos e reações fisiológicas de estresse.
Estes padrões cristalizados de alerta e ansiedade tornam a vida da pessoa uma sucessão de experiências repetitivas e carregadas de sofrimento, acompanhadas de uma tendência a comportamentos de recuo e evitação.
É importante sair deste estado reativo e aprisionante e caminhar para um estado receptivo. Enquanto o estado reativo é de repetição automática de padrões (de alerta, de ameaça, de luta e de fuga), o estado receptivo é um estado de abertura ao novo, onde o encontro com o que se apresenta pode despertar respostas inéditas, diferentes do padrão habitual. No estado recetivo há disponibilidade para os encontros e maior clareza na percepção da realidade.
Mas como caminhar de um estado reativo para um estado receptivo?
Precisamos de práticas diárias, o método que realmente funciona para mudanças desta natureza, técnicas praticadas com constância. Precisamos criar presença, trabalhando a mudança do eu centrado no pensamento (eu que pensa) para o eu centrado na experiência (eu que observa).
Como a pessoa ansiosa é escrava dos cenários futuros negativos que sua mente cria, criar presença afeta duas questões centrais:
1 – ajuda a pessoa a parar de sofrer por antecipação
2 – a coloca em contato com aquilo que ela realmente precisa começar a tolerar, sejam suas reações corporais ou os sentimentos de abandono e desamparo.
Criar presença é um passo fundamental para desativar o estado de alerta e entrar no estado receptivo, estar presente na vida.
A pessoa vive num estado reativo, um estado de prontidão para responder ansiosamente a partir de padrões cristalizados no passado. Por exemplo, para uma pessoa com Transtorno do Pânico qualquer estímulo interno pode reativar a ansiedade de uma possível crise de pânico. Para uma pessoa com Transtorno de Estresse Pós Traumático, uma situação pode reativar emoções intensas de traumas vividos. Para uma pessoa com Transtorno de Ansiedade Generalizada, a vida é sempre imaginada como carregada de riscos, ameaças e problemas.
Neste estado de alerta há pouca abertura para experiências novas. A pessoa vive em predisposição para o perigo, onde as experiências facilmente disparam ansiedade, pensamentos negativos e reações fisiológicas de estresse.
Estes padrões cristalizados de alerta e ansiedade tornam a vida da pessoa uma sucessão de experiências repetitivas e carregadas de sofrimento, acompanhadas de uma tendência a comportamentos de recuo e evitação.
É importante sair deste estado reativo e aprisionante e caminhar para um estado receptivo. Enquanto o estado reativo é de repetição automática de padrões (de alerta, de ameaça, de luta e de fuga), o estado receptivo é um estado de abertura ao novo, onde o encontro com o que se apresenta pode despertar respostas inéditas, diferentes do padrão habitual. No estado recetivo há disponibilidade para os encontros e maior clareza na percepção da realidade.
Mas como caminhar de um estado reativo para um estado receptivo?
Precisamos de práticas diárias, o método que realmente funciona para mudanças desta natureza, técnicas praticadas com constância. Precisamos criar presença, trabalhando a mudança do eu centrado no pensamento (eu que pensa) para o eu centrado na experiência (eu que observa).
Como a pessoa ansiosa é escrava dos cenários futuros negativos que sua mente cria, criar presença afeta duas questões centrais:
1 – ajuda a pessoa a parar de sofrer por antecipação
2 – a coloca em contato com aquilo que ela realmente precisa começar a tolerar, sejam suas reações corporais ou os sentimentos de abandono e desamparo.
Criar presença é um passo fundamental para desativar o estado de alerta e entrar no estado receptivo, estar presente na vida.
O ataque de pânico e o sofrimento dos bebês
As pessoas que têm ataques de pânico relatam um sentimento de
desamparo e desespero profundos. Elas se sentem a deriva, sem controle,
com a sensação de catástrofe iminente.
Esta experiência é tida como estranha pela maioria das pessoas adultas, que não tem lembrança consciente desta experiência.
O que a observação clínica sugere é que a experiência vivida numa crise de pânico possa ter um parentesco com experiências vividas em idade precoce, pelos bebês.
O bebê é totalmente dependente da mãe. Sem a mãe, ou alguém que a substitua, o bebê morreria. Morreria por falta de alimento, por exemplo.
Quando o bebê precisa da mãe e esta se ausenta o bebê chora. Este choro que “chama” a mãe, pode transformar-se num choro de desespero, caso a mãe demore a voltar para aliviar o sofrimento que consome o bebê.
Esta resposta emocional intensa pode estar impressa no cérebro emocional desde tempos remotos, quando habitávamos as savanas africanas. A ausência prolongada da mãe poderia representar o destino fatal de ser deixado para trás, ser devorado pelos predadores ou morrer de inanição.
Este sofrimento é intenso, desesperador e provavelmente incompreensível para o bebê (investigar o que passa na mente dos bebês é uma das áreas mais interessantes de pesquisa em Psicologia).
A sensação de desamparo e desespero vividas por alguém que tem uma crise de pânico parece ter algumas semelhanças com esta experiência do bebê.
O adulto logo busca um sentido para seu sofrimento e sua mente é povoada de interpretações catastróficas para o que vive: estou tendo um ataque cardíaco, vou morrer, vou desmaiar, etc. Quanto mais acredita nestes pensamentos negativos, mais fica ansioso e se desespera.
O que pessoa precisa é aprender a suportar este desamparo, esta angústia sem nome e sem sentido que a toma. Se para o bebê este estado poderia representar a morte, para o adulto em pânico poderia significar um grande sofrimento, porém passageiro e para o qual vai aprendendo a tornar-se cada vez mais tolerante.
Esta experiência é tida como estranha pela maioria das pessoas adultas, que não tem lembrança consciente desta experiência.
O que a observação clínica sugere é que a experiência vivida numa crise de pânico possa ter um parentesco com experiências vividas em idade precoce, pelos bebês.
O bebê é totalmente dependente da mãe. Sem a mãe, ou alguém que a substitua, o bebê morreria. Morreria por falta de alimento, por exemplo.
Quando o bebê precisa da mãe e esta se ausenta o bebê chora. Este choro que “chama” a mãe, pode transformar-se num choro de desespero, caso a mãe demore a voltar para aliviar o sofrimento que consome o bebê.
Esta resposta emocional intensa pode estar impressa no cérebro emocional desde tempos remotos, quando habitávamos as savanas africanas. A ausência prolongada da mãe poderia representar o destino fatal de ser deixado para trás, ser devorado pelos predadores ou morrer de inanição.
Este sofrimento é intenso, desesperador e provavelmente incompreensível para o bebê (investigar o que passa na mente dos bebês é uma das áreas mais interessantes de pesquisa em Psicologia).
A sensação de desamparo e desespero vividas por alguém que tem uma crise de pânico parece ter algumas semelhanças com esta experiência do bebê.
O adulto logo busca um sentido para seu sofrimento e sua mente é povoada de interpretações catastróficas para o que vive: estou tendo um ataque cardíaco, vou morrer, vou desmaiar, etc. Quanto mais acredita nestes pensamentos negativos, mais fica ansioso e se desespera.
O que pessoa precisa é aprender a suportar este desamparo, esta angústia sem nome e sem sentido que a toma. Se para o bebê este estado poderia representar a morte, para o adulto em pânico poderia significar um grande sofrimento, porém passageiro e para o qual vai aprendendo a tornar-se cada vez mais tolerante.
O cineasta do terror em nossa mente
A pessoa ansiosa vive tomada de preocupações, expectativas sobre
algum perigo que ronda, algo que possa dar errado, que ela possa passar
mal… Sua mente é produtora de pensamentos e imagens em série que antecipam perigos e criam cenários catastróficos.
A pessoa vive voltada para o futuro, interpretando os dados atuais como indicadores potenciais de que algo possa dar errado, sair do controle, iniciar algum processo caótico…
Em sua mente começa a se projetar um filme com cenários catastróficos. Longe do momento presente e atenta a este filminho, a pessoa “sofre por antecipação”. Ela ainda não entrou no avião mas já sofre com a idéia de que pode passar mal lá dentro e não tenha como sair. Estando ainda em casa a pessoa sofre ao se imaginar passando mal na frente dos colegas na reunião do escritório. Temendo ter uma crise de pânico a pessoa evita sair e expor-se.
A projeção de cenários de perigo leva a um sofrimento antecipado e a comportamentos de evitação.
Muitas destas expectativas derivam do receio de repetir algum episódio de ansiedade vivido, um medo de repetir um trauma. Porém é comum que a pessoa exagere muito nesta expectativa imaginando que o resultado pode ser muito pior do que foi na última vez…
É importante se diferenciar deste cineasta do terror que cria tantos filmes mentais com enredos e cenários assustadores, deixando o sujeito em estado de sobressalto e ansiedade frequentes.
A pessoa vive voltada para o futuro, interpretando os dados atuais como indicadores potenciais de que algo possa dar errado, sair do controle, iniciar algum processo caótico…
Em sua mente começa a se projetar um filme com cenários catastróficos. Longe do momento presente e atenta a este filminho, a pessoa “sofre por antecipação”. Ela ainda não entrou no avião mas já sofre com a idéia de que pode passar mal lá dentro e não tenha como sair. Estando ainda em casa a pessoa sofre ao se imaginar passando mal na frente dos colegas na reunião do escritório. Temendo ter uma crise de pânico a pessoa evita sair e expor-se.
A projeção de cenários de perigo leva a um sofrimento antecipado e a comportamentos de evitação.
Muitas destas expectativas derivam do receio de repetir algum episódio de ansiedade vivido, um medo de repetir um trauma. Porém é comum que a pessoa exagere muito nesta expectativa imaginando que o resultado pode ser muito pior do que foi na última vez…
É importante se diferenciar deste cineasta do terror que cria tantos filmes mentais com enredos e cenários assustadores, deixando o sujeito em estado de sobressalto e ansiedade frequentes.
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