Você sempre vai precisar de um
ombro amigo, de uma conversa idiota pra te fazer bem, e depois de um
abraço dizendo que tudo vai passar, você sempre vai precisar de uma
pessoa que te intenda sem que você diga muitas palavras, alguém que você
possa confiar de olhos fechados e saber que não irá tropeçar, você vai
precisar de alguém que se preocupe contigo, e fique em silêncio pra
ouvir você desabafar, você sempre vai precisar de alguém que você possa
definir em mais de uma palavra, um alguém que seja pra sempre, ou até o
fim da sua vida
Larissa Alves
E muitas vezes eu não reconheço as pessoas que amei nos rostos que hoje
avisto, falta algo além da aparência, além da distância, além das
imagens e também além do ego. Fica difícil captar as essências e restam
somente algumas palavras soltas, uns assuntos decorados e umas falas,
por deveras, rápidas demais. Começa a desaparecer o antigo entusiasmo e
as memórias ficam cada vez mais entre os paradoxos. Começa-se então a
inventar desculpas, o tempo fica cada vez mais ocupado e os espaços que
antes eram sempre encaixados começam a padecer. Não é o fim de tudo, é
só o começo de um novo princípio, são só as leis que pararam de julgar
aqueles lugares, e tudo o que antes existia se torna pouco diante do
novo existente. E não é pecado observar e comprovar isso, não é errado
permitir outras visitas, que o meu mundo seja um universo paralelo
cercado de diversas possibilidades a ser somente um rascunho do medo, um
calmante, um desvio, um tédio. Por mais estranha que possa ser essa
passagem é melhor essa percepção do que sempre perguntar o que há de
errado. Não há nada errado, não tem nenhum problema, nem tudo permanece
intacto, para o mundo rodar algumas coisas tem que parar de serem
iguais. Algumas rotas têm que sair de eixo e algumas escolhas têm que
ser substituídas. Há sim sentimento eterno e momentos duradouros, mas há
também outros horizontes e não é porque outras situações entraram em
cena que tudo que se foi não significa nada, significa sim só não é mais
tão abrangente como antes, não tem a mesma cor, mas mantém a lembrança
do antigo brilho. E por fim,quando falta essa reciprocidade no olhar
,essa falta do que dizer, eu me recordo o porquê de tanto amor, o porquê
de tanta saudade, o porquê de tanta história, e daí, apesar de não se
ter o que falar, respondo por entre olhares, digo por entre o silencio
da minha recordação e recupero o ar. As coisas mudam sim, os sorrisos
não se correspondem mais, mas as recordações estão para ambos os lados
em evidência. Foi um bom passado - eu penso, e passado de certa forma
não passa, ele vive aquecido nos sentimentos, vive afagando a memória
com suas doses de conforto e experiência. É por isso que quando falta
esse reconhecimento atual eu fico feliz por já ter me encontrado nesses
rostos e risos um dia. O tempo passa sim, mas o que foi bom não tem
motivo para ser esquecido.
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