4.25.2014

Excesso de exercícios pode causar lesões

Excesso de atividade física e obesidade causam sobrecarga nas articulações
Um dos esportes que mais cresce, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo, é a corrida. A grande popularização do esporte, a partir da década de 70, faz dela, hoje, a principal atividade esportiva, envolvendo milhões de pessoas em todo o mundo. Hoje, em nosso país, são cerca de 500 provas realizadas somente no Estado de São Paulo ao ano, recebendo mais de meio milhão de atletas profissionais e amadores. 
Nesse meio, há uma questão que preocupa bastante a médicos e profissionais da saúde: o aumento de casos de lesões. Entre elas, os joelhos estão entre as principais queixas. Nem sempre os problemas estão relacionados à falta de orientação para a prática esportiva. Isso porque as cartilagens, que protegem as articulações do corpo humano, como os joelhos, sofrem com progressivo processo de desgaste, expondo a articulação ao atrito, o que causa dor e restringe movimentos.
Sem diagnóstico precoce e pronto início do tratamento, este processo pode levar a consequências mais sérias, como a osteoartrose. Infelizmente, sem capacidade de regeneração, a melhor opção é, ainda, a prevenção. 
Prevenção e tratamento
Hereditariedade, fatores hormonais, idade (a partir dos 40 anos), obesidade, doenças metabólicas, traumas, sobrecarga esportiva e uso inadequado de aparelhos de musculação são as principais causas para o aparecimento da Osteoartrite. Também conhecida como artrose, é uma das doenças articulares mais comuns, causada pelo desequilíbrio entre a degradação e a renovação da cartilagem. 
Para prevenir, além de manter uma alimentação balanceada, praticar atividade física sempre com acompanhamento profissional e realizar exames médicos preventivos regulares, a suplementação de colágeno pode ser necessária.

Excesso de exercícios físicos é fator de risco para a saúde do corpo

Síndrome pode afetar músculos e também o sistema cardiovascular.
'Tem que ter limite nos treinos e no descanso', alerta cardiologista.



Mariana Palma Do G1




Priscilla participou de duas provas, mas teve que reduzir o ritmo (Foto: Arquivo pessoal) 
Priscilla participou de duas provas, mas teve que
reduzir o ritmo (Foto: Arquivo pessoal)
O equilibro é fundamental em diversas situações do dia a dia, inclusive na prática de atividade física. O excesso de exercícios pode transformar o que seria um hábito saudável em um grande risco para o corpo, não só para a musculatura, como também para o sistema cardiovascular.
“O exagero é o que chamamos de síndrome do excesso de treinamento, quando a pessoa treina sem parar para ter resultados melhores, o que na maioria das vezes não acontece”, alerta o cardiologista e especialista em medicina do esporte Nabil Ghorayebx.
Foi o que aconteceu com Priscilla Nasrallah, de 31 anos. Em novembro de 2012, ela começou a perceber que seu corpo já não estava mais respondendo aos treinos e decidiu ir ao médico. “Eu nunca tinha competido e, do nada, decidi que queria ser triatleta. Treinava duas vezes por dia, todos os dias, e buscava um resultado rápido. Às vezes, achava que estava só com preguiça, mas a verdade é que meu corpo não estava mais aguentando”, lembra.
De acordo com o médico Nabil Ghorayeb, por causa do excesso de treinamento, começam a ocorrer mudanças no organismo do paciente. “O corpo passa a produzir hormônios de uma maneira errada. Além disso, o coração fica acelerado o tempo todo, mesmo em repouso”, afirma. As consequências começam a aparecer também no dia a dia e o paciente pode começar a ficar mais irritado, com insônia e até com a imunidade mais baixa.
“Com a defesa mais baixa, ele começa a ter mais facilidade para pegar infecções. Outro problema é em relação ao sangue, que pode ficar mais grosso, o que pode levar a um infarto do miocárdio ou a um derrame cerebral, por exemplo. Além do risco de arritmia e até parada cardíaca”, ressalta o médico. Fora isso, o atleta começa a perder rendimento e, por isso, passa a se cobrar cada vez mais. “É algo inconsciente. Ele faz um tempo ótimo e acha que está mal”, exemplifica Nabil.
Arte Infarto Bem Estar (Foto: Arte/G1)
Segundo a psicóloga Leila Cury Tardivo, a vontade de fazer cada vez mais exercício físico pode ser comparada a uma compulsão. “É uma atitude repetitiva associada a uma ideia obsessiva de querer ficar forte ou magro. Então a pessoa “vicia”, o que pode trazer danos também para sua saúde mental”, explica. Leila esclarece ainda que uma das causas do excesso de exercício pode ser uma distorção da imagem que a pessoa tem de si mesma. “A pessoa não se vê com o corpo bonito, então é como se ela tivesse uma ordem na cabeça dizendo para não parar”, diz a psicóloga.
No caso de Priscilla, essa cobrança e o estresse foram duas grandes dificuldades. “A orientação médica era para que eu parasse, mas eu não conseguia. A cabeça influenciava muito e eu ficava me cobrando, pensando que precisava treinar”, lembra.
Segundo Gustavo Magliocca, médico do esporte que acompanhou o tratamento de Priscilla, o problema do excesso pode se agravar ainda mais por causa de maus hábitos alimentares, privação do sono e também erros nas cargas do exercício.
“Para um organismo não bem controlado, o excesso pode gerar uma fadiga, que pode ser uma simples dor muscular de 2 horas ou até um quadro que dura 2 semanas”, explica Gustavo. Por causa da diminuição da imunidade, Priscilla acabou desenvolvendo uma pielonefrite, infecção no trato urinário. “Fiquei internada na época”, lembra.
Toda pessoa que começa um exercício físico, deve ter uma meta gradual e progressiva para evitar lesões e outros quadros mais graves"
Gustavo Magliocca, médico do esporte
Para reverter o quadro, o tratamento é “parar tudo”, como explica o cardiologista Nabil Ghorayeb. “Tem que recomeçar quase do zero. Nesse momento, é importante ter um educador físico qualificado e também acompanhamento médico”, recomenda.
Priscilla, que está em processo de recuperação desde dezembro de 2012, conta que já voltou a se exercitar, mas em um ritmo bem menor. “Quando voltei a correr, não conseguia. Era um desespero porque estava acostumada a correr 9 km e não conseguia mais correr nem 3 km”, lembra.
Seja na recuperação da síndrome de excesso de treinamento ou na atividade física do dia a dia, a dica principal é sempre dar um descanso ao corpo. “Toda pessoa que começa um exercício físico, deve ter uma meta gradual e progressiva para evitar lesões e outros quadros mais graves”, alerta o médico do esporte Gustavo Magliocca. Segundo ele, quanto mais intenso for o treino, maior deve ser o período de descanso e intervalos.
Priscilla está se recuperando e já voltou a se exercitar - com moderação (Foto: Arquivo pessoal) 
Priscilla está se recuperando e já voltou a se
exercitar - com moderação (Foto: Arquivo pessoal)
Para o cardiologista Nabil Ghorayeb, a principal recomendação é sempre praticar atividade física, qualquer que seja, com orientação e moderação. “Tem que ter limite nos treinos e também no descanso”, defende o médico.
Em relação à saúde mental, a psicóloga Leila Cury Tardivo explica que há um trabalho de recuperação que pode envolver psicoterapia e até acompanhamento de um psiquiatra. “Tem que entender o que a pessoa está buscando, qual o tipo de perfeição que ela quer. Às vezes, o tratamento é feito inclusive com antidepressivos”, diz.
Ainda se recuperando, Priscilla alerta que o mais importante é sempre prestar atenção aos sinais que o corpo dá. “É fácil ignorar porque a gente sempre quer se superar, mas o corpo fica debilitado e não pode deixar a cabeça passar por cima disso”, aconselha. Ela diz que ainda tem dificuldade de entender que o corpo ainda está em recuperação. “É complicado. Mas não posso fazer o exercício físico virar uma obrigação. Se você não for um atleta, tem que ser sempre um prazer”, conclui.

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