Entre camundongos, fêmeas com dor tiveram menos apetite sexual.
Estudo pode ajudar a entender relação entre dor crônica e problema sexual.
Pesqusadores
afirmam que estudo pode ajudar a entender relação
entre dor crônica e
problemas sexuais em humanos (Foto: Anais Mai/Photononstop)
A famosa desculpa da "dor de cabeça" tem uma razão válida, segundo
estudo que analisou o impacto da dor sobre o desejo sexual das fêmeas e
dos machos, publicado nesta quarta-feira (23) pela revista "Journal of
Neuroscience".Os pesquisadores da Universidade McGill e da Universidade Concordia, do Canadá, descobriram em testes com camundongos que a dor causada pela inflamação reduziu a motivação sexual das fêmeas, mas não teve o mesmo efeito nos machos.
"Sabemos por outros estudos que o desejo sexual das mulheres é muito mais dependente do contexto que o dos homens, mas se isto se deve a fatores biológicos ou socioculturais, como a criação e a influência dos meios de comunicação, ainda não se sabe", explicou Jeffrey Mogil, professor de psicologia na McGill.
A conclusão que também nas fêmeas de camundongo a dor inibe o desejo sexual "indica que pode haver uma explicação evolutiva para estes efeitos nos humanos e que não se trata somente de um aspecto sociocultural", acrescentou.
Para o estudo, os cientistas colocaram os camundongos numa câmara de acasalamento dividida por uma barreira com orifícios pequenos o suficiente para impedir que os machos pudessem passar de um lado ao outro.
Isso permitiu que as fêmeas, menores, decidissem se queriam estar acompanhadas, e por quanto tempo, ao passarem para a ala masculina da câmara.
As fêmeas que sentiam dor passaram menos tempo em companhia dos machos e, como resultado, houve menos comportamento sexual. Os pesquisadores determinaram que era possível reavivar o desejo sexual delas administrando um analgésico ou com um de dois compostos que reforçam a libido.
Os machos foram testados colocando em uma câmara sem divisão na qual tinham acesso livre a uma fêmea no cio. O comportamento sexual dos ratos não foi afetado em grau algum pelo mesmo nível de dor inflamatória.
Em um comentário do artigo, o professor de psicologia Yitzchack Binik, que dirige o Serviço de Tratamento Sexual e de Casais no Centro de Saúde da Universidade McGill, disse que "frequentemente a dor crônica está acompanhada de problemas sexuais nos humanos".
"Esta pesquisa permite inferir um modelo animal do desejo sexual inibido pela dor que ajuda os cientistas a estudarem este sintoma importante da dor crônica"
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