Morte de DG, do programa 'Esquenta', causou protesto violento no Rio.
'Como se tivessem perfurado dele com ferro ou vergalhão', disse a mãe.
Após saber do laudo, a mãe da vítima, Maria de Fátima, disse que "furaram ele". "Como se tivessem perfurado ele com ferro ou vergalhão. Ele tinha sangue, como se estivessem raspado ele na parede. Tinha muito sangue na boca”, acrescentou a auxiliar de enfermagem, que vai prestar novo depoimento nesta quarta-feira (23) na 13ª DP (Copacabana).
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Foto mostra DG no chão, nos fundos de creche
(Foto: Reprodução / TV Globo)
Segundo Maria de Fátima, o enterro do filho será na quinta-feira (24),
às 15h, no Cemitério São João Batistas. De acordo com ela, a
apresentadora Regina Casé antecipou o retorno de sua viagem de férias para comparecer ao sepultamento.(Foto: Reprodução / TV Globo)
Protesto violento
O inicio da noite foi marcado por um protesto em Copacabana, Zona Sul do Rio, contra a morte de DG. Uma foto, também conseguida com exclusividade pelo Jornal da Globo, mostra o jovem morto, no chão, em um vão de escadas, nos fundos de uma creche. É possível ver sangue no chão. Durante a manifestação, outro homem levou um tiro na cabeça e morreu.
Foi uma noite de muita tensão, com tiros, barricadas com fogo e ruas de Copacabana bloqueadas. O tumulto se estendeu por duas das principais ruas do bairro e o comércio fechou as portas. A Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais do bairro, foi fechada antes das 18h. O Batalhão de Choque se posicionou bem perto da entrada do Pavão-Pavãozinho onde está situada a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Uma multidão se concentrou no acesso ao morro. A cada movimentação da polícia, havia revolta da população.
Na confusão, Edilson da Silva dos Santos, de 27 anos, levou um tiro na cabeça e morreu antes de chegar ao hospital.
Segundo o comando da UPP, na madrugada de terça-feira, houve um tiroteio entre policiais da unidade e traficantes. O caso foi registrado na delegacia e, quando policiais civis faziam uma perícia no local do tiroteio, viram Douglas morto.
Fraturas no corpo
O comando da UPP confirmou que havia fraturas no corpo. Em nota, a Polícia Civil disse que o laudo do local apontou que as escoriações são compatíveis com morte ocasionada por queda.
Na noite desta terça, na delegacia, a mãe de DG ficou indignada com essa versão. “Ele não caiu do muro. Ele estava machucado. Ele tem marca de chute nas costas, na costela”, disse Maria de Fátima da Silva.
Laudo foi obtido pelo Jornal da Globo (Foto: Reprodução / TV Globo)
Moradores do Pavão-Pavãozinho relataram à TV Globo que Douglas estaria
pulando muros da creche para fugir do tiroteio entre bandidos e
policiais da UPP, na madrugada. O dançarino teria sido confundido com
traficantes.O líder comunitário Carlos Henrique Júnior postou em sua página numa rede social que o dançarino Douglas Rafael foi morto pelos policiais da Unidade de Polícia Pacificadora no Pavão-Pavãozinho, no Cantagalo, dentro de uma creche. Ele vai ser intimado pela Polícia Civil. O delegado Gilberto Ribeiro, da 13ª DP (Copacabana), que investiga a morte de Douglas já ouviu três dos 10 PMs que participaram do tiroteio na madrugada de terça-feira.
'Arrasada', diz Regina Casé
No fim da noite, depois de saber da morte de Douglas, a apresentadora Regina Casé divulgou a seguinte nota: "Estou arrasada e toda a família Esquenta está devastada com essa notícia terrível. Uma tristeza imensa me provoca a morte do DG, um garoto alegre, esforçado, com vontade imensa de crescer. O que dizer num momento desses? Lamentar, claro, essa violência toda, que só produz tragédias assim. Que só leva insegurança às populações mais pobres do país. Agora, é impossível saber exatamente o que houve, mas é preciso que a polícia esclareça essa morte, ouvindo todos, buscando a verdade. A verdade, seja ela qual for, não porá fim à tristeza, mas é o único consolo".
Homem morre baleado no protesto por morte de dançarino do 'Esquenta'
Vítima foi baleada na cabeça, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
Confusão em Copacabana e Ipanema teve tiros, bombas e quebra-quebra.
Marcas de sangue em 2 pontos da subida do morro
(Foto: Marcelo Elizardo/G1)
Um homem morreu baleado na cabeça durante uma manifestação de moradores
do Pavão-Pavãozinho, na Zona Sul do Rio, nesta terça-feira (22).
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a vítima já chegou morta ao
Hospital Miguel Couto. O protesto de moradores
começou após o corpo do dançarino do programa "Esquenta" Douglas Rafael
da Silva Pereira, conhecido como DG, de 26 anos, ser encontrado na
comunidade.(Foto: Marcelo Elizardo/G1)
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Segundo informações da TV Globo, o morto foi identificado como Edilson
da Silva dos Santos, de 27 anos, e nasceu em Minas Gerais. A polícia já
ouviu o irmão de criação dele, um amigo e dois PMs que o socorreram.
Moradores da comunidade também estavam sendo chamadas para prestar
depoimento.- FOTOS: veja imagens da manifestação
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Segundo o relato de vários moradores ao G1, um menino de 12 anos, conhecido como Mateus, também teria sido baleado, na Ladeira Saint-Romain, esquina da Rua Sá Ferreira. Secretaria de Saúde e Polícia Civil, no entanto, não confirmaram a informação, e familiares da suposta vítima não foram encontrados.
Dançarino DG durante apresentação do programa
Esquenta (Foto: Reprodução/Tv Globo)
Morte de dançarinoEsquenta (Foto: Reprodução/Tv Globo)
Amigos do dançarino DG acusam policiais militares de o espancarem por acharem que o jovem era traficante. A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) nega.
"Ele morreu à 1h com marca de espancamento. Mais de 12 horas depois a gente conseguiu ver o corpo. Estava em posição de defesa, todo machucado. Ele não tem marca de tiros", disse a mãe, técnica de enfermagem Maria de Fátima da Silva, contando que DG mora com ela na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, e tinha ido à favela visitar a filha, de 4 anos, e ensaiar com um grupo de dança.
Cápsula de bala é encontrada durante manifestação
(Foto: Marcelo Elizardo / G1)
Segundo o comando da unidade, houve tiroteio durante ação da PM na
noite de segunda-feira (21) na comunidade. O corpo do dançarino foi
encontrado numa creche, no fim da manhã desta terça. DG fazia parte do
Bonde da Madrugada, do programa "Esquenta", de Regina Casé. Em nota,
apresentadora lamentou a morte e pediu que o crime seja esclarecido. “Eu estou arrasada e toda a família Esquenta está devastada com essa notícia terrível.(Foto: Marcelo Elizardo / G1)
Mais cedo, a assessoria de imprensa da Globo informou que a "família Esquenta! está profundamente abalada e triste com a notícia da morte". "Perdemos um dos mais criativos dançarinos que já conhecemos em qualquer palco. Desde a primeira temporada do nosso programa, há quatro anos, DG só alegrava nossas gravações. Ele vai sempre ser lembrado em nossas vidas por estas duas palavras: alegria e criatividade”, diz o texto.
Sinais de morte por queda, diz polícia
De acordo com a 13ª DP (Ipanema), onde o caso foi registrado, as circunstâncias da morte de Douglas estão sendo investigadas. O laudo preliminar da perícia apontou que as escoriações são compatíveis com morte ocasionada por queda. Equipes da delegacia estiveram no local. Testemunhas e moradores estão sendo chamados para depor.
Tiros e bombas
Helicópteros sobrevoavam a região por volta das 19h. Tiros, bombas e muito quebra-quebra foram relatados por moradores da região, assustados. Pelo menos um carro foi queimado na subida da comunidade. O Batalhão de Choque da Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros foram para o local. Por volta das 19h30, a situação começou a ser controlada.
O Túnel Sá Freire Alvim e a Avenida Nossa Senhora de Copacabana também foram interditados. Imagens aéreas mostraram barricadas montadas com fogo e entulho. O trânsito ficou muito ruim na região até as 21h30. As vias foram totalmente liberadas depois das 23h. Acessos da estação General Osório também foram fechados. De acordo com a Light, faltou luz na comunidade.
Barrica foi montada na subida da manifestação (Foto: Marcelo Piu/Agência O Globo)
Padaria na Rua Farme de Amoedo foi fechada
(Foto: Márcia Saad / TV Globo )
Em Ipanema, houve correria quando a polícia perseguia um grupo de
pessoas, que teria depredado um hospital particular na esquina das ruas
Barão da Torre e Farme de Amoedo. Funcionários do metrô que fica perto
saíram correndo. Comerciantes fecharam as portas e o policiamento foi
reforçado na região.(Foto: Márcia Saad / TV Globo )
Pelo Twitter, o líder comunitário Rene Silva postou uma mensagem lamentando a morte de um jovem dançarino, que trabalharia em programa de televisão. "Meus sentimentos ao amigo DG do #esquenta... Q covardia fizeram com ele... Mataram mais um adolescente trabalhador", diz o post, um dos muitos sobre o caso nas redes sociais.
"Qual será a desculpa dessa vez? Que o inocente que os UPPs mataram era suspeito, que estava com atitudes suspeitas, estava em confronto com a polícia, era ex-traficante? Mais um inocente morto, mais uma mãe sem filho, mais um filho sem pai", escreveu um amigo, também no Twittter.
Muitas pessoas foram para as ruas próximas ao Pavão-Pavãozinho (Foto: Marcelo Elizardo/G1)
Trânsito ficou muito ruim no entorno de Copacabana (Foto: Marcelos Elizardo / G1)
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