Num contexto geral, a depressão é
classificada em três níveis: sintomas, síndrome e doença. No terceiro
nível, uma das principais intervenções é o uso de antidepressivos, que
podem ser de dois tipos: triclínicos e inibidores de recaptação de
serotonina (neurotransmissor responsável, entre outras coisas, pela
regulação do sono, do humor e do apetite). Mesmo com efeitos colaterais
em alguns casos, remédios baseados em inibidores de recaptação de
serotonina são considerados menos prejudiciais ao organismo, e os mais
indicados para depressão. Ao serem ingeridos, tais remédios atuam nas
enzimas que promovem recaptação de neurotransmissores, incluindo a
própria serotonina.
“Os antidepressivos mais conhecidos
tiveram suas fórmulas desenvolvidas na década de 1980 e, desde então,
poucas estruturas têm sido reportadas até o momento”, explica Carvalho
Júnior. Por intermédio de técnicas cristalográficas, o pesquisador tem
feito a caracterização de alguns elementos para, posteriormente,
realizar a análise de suas propriedades. “A metodologia desse
desenvolvimento consiste em trabalhar numa síntese supramolecular, uma
vez que analiso fórmulas já existentes e, a partir daí, obtenho novas
fórmulas similares ou com comportamento semelhante”, elucida o
mestrando.
Novo fármaco
Por desenvolver a forma sólida
antecipadamente em laboratório, há uma preciosa economia de tempo na
etapa final, que é o desenvolvimento de um novo fármaco. “Por ter
estrutura igual a outra forma sólida já existente, os testes clínicos,
por exemplo, que são muito demorados, podem ser dispensados”, afirma
Carvalho Júnior.
“A partir do momento que se tem o
entendimento sobre a estrutura em termos de conformação, configuração e
arranjo supramolecular já é possível inserir modificações. No caso de um
novo antidepressivo, será possível diminuir-se efeitos colaterais, além
da melhora da solubilidade e estabilidade”. Maior solubilidade pode
fazer com que sejam necessárias menos doses de medicamento para tratar
os pacientes, enquanto o aumento da estabilidade pode impedir que os
efeitos dos fármacos sejam prejudicados devido a fatores como a redução
de temperatura.
O objetivo final do trabalho, portanto, é
desenvolver e caracterizar novas formas sólidas com propriedades
otimizadas, como já dito anteriormente. Mas, até lá, algumas etapas
precisam ser concluídas. “Por mais que haja planejamento, diversos
contratempos aparecem nos experimentos em laboratório. Alguns
procedimentos podem falhar, outros experimentos podem não trazer o
resultado desejado…Muitas coisas são tentativa e erro”, conta o
pesquisador.
Mesmo assim, como em muitas pesquisas,
resultados realmente significativos podem demorar para aparecer. Mas,
como muitos outros remédios já bem conhecidos por todos nós, é só uma
questão de alguns anos para que eles apareçam nas prateleiras das
farmácias.
Fonte: Assessoria de Comunicação do IFSC / Foto: Divulgação IFSC
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