No final do dia, gosto de caminhar pela praia central de Balneário Camboriú, acompanhando solidariamente a tarde que, aos poucos, prepara a chegada da "noite com seus sortilégios"(Manuel Bandeira). E assim deixo o tempo passar, curtindo o movimento constante das ondas, sempre iguais e singulares, como aprendemos com os estudos sobre os fractais.
Me divirto vendo os jovens nativos jogando futebol na areia. E se dedicam à peleja como se disputassem uma copa! Assim os times vão se alternando no campo improvisado. Só é possível essa interação amistosa entre os vários times, identificados pela cor das camisas, porque há um processo democrático que organiza a alternância dos times no campo.
Meu pensamento viaja e me pego pensando que a alternância no poder é constitutivo da democracia. No Brasil, os mesmos grupos políticos ficaram no poder, fazendo o seu jogo, por 112 anos, ou seja, deste 1889 quando foi decretada a república. Como dizia Darcy Ribeiro, um dos gênios de nossa raça, essa elite não fracassou em seu projeto para o Brasil. Na verdade, teve sucesso, pois seu projeto era concentrar a riqueza, ainda que mantendo na miséria grande parte da população. Os mesmos times ganharam o jogo de goleada durante mais de um século. Quem ousou romper com esse ciclo de dominação foi João Goulart. Apesar de ser filho de latifundiários, acreditou que poderíamos mudar o estilo de jogo para termos um país mais justo. Deu no que deu…
Finalmente, consegue entrar em campo um time de trabalhadores que, às custas de ter que armar jogadas inspiradas em Doutor Fausto, transformou o país para melhor em apenas 12 anos, para alegria da galera da geral. É pouco tempo para o muito que precisa ser feito. É pouco tempo para consolidar projetos e processos que não interessam aos tradicionais grupos de influência e poder. É preciso preparar novos jogadores: muitos craques são corruptos; muitos honestos e bem intencionados pisam na bola.
O PT não precisa de 100 anos, mas merece sim nosso apoio para ficar no governo mais tempo, enquanto se desenvolvem novas lideranças com discursos contemporâneos como Luciana Genro e Eduardo Jorge, por exemplo.
Não tenho nada contra a Marina. Mas tenho muito a favor da Dilma.
Não tenho medo que a Marina ganhe. Tenho medo sim que a Dilma perca, pois o Brasil irá perder. Já chega a derrota de 7 a 1...
Colaboração Sonia Maria Coutinho Orquiza
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