Ao observar um bebê respirando
conseguimos ter uma dimensão do quanto desaprendemos, ao longo dos anos,
a realizar funções simples, como respirar.
A psiquiatra Dra. Lygia Merini explica que a ansiedade e o estresse, podem levar a uma respiração incorreta, que quando mantida retroalimenta estes sintomas, podendo levar um paciente aos quadros mais graves, como o transtorno do pânico, e ao início de sintomas depressivos.
Ao observar um bebê respirando conseguimos ter uma dimensão do quanto desaprendemos, ao longo dos anos, a realizar funções simples, como respirar. Na ansiedade e na correria do dia-a-dia, é comum que respiremos usando apenas a parte superior do pulmão, sem utilizar o abdômen e, portanto, o diafragma. A respiração mais profunda, utilizando toda a superfície pulmonar, leva a uma maior oxigenação cerebral, melhorando o funcionamento do cérebro e do corpo como um todo, melhorando a concentração, trazendo calma e equilíbrio.
“Como forma de prevenção ao aparecimento de um transtorno mental, ou mesmo como coadjuvante no tratamento quando ele já existe, recomendamos a prática de meditação ou mesmo do yoga ou do pilates, para que o indivíduo reaprenda a respirar. Essa reeducação vai fazer com que ele utilize corretamente todo o potencial do seu pulmão, levando a uma melhora da concentração e do sono, a uma sensação de relaxamento mesmo após um dia corrido, e também a uma melhor resposta ao tratamento”, diz a médica.
Como respirar corretamente e preservar o equilíbrio
Ainda de acordo com o biólogo, o primeiro passo para ampliar os benefícios da respiração é realizá-la de maneira correta. Para deixar "a mente mais tranquila" e assim facilitar o equilíbrio respiratório, pode-se recorre às pranayamas. Essas técnicas respiratórias usadas em meditação elevam a energia e a conduzem pelo corpo por meio da respiração. Por exemplo, a pranayama das narinas alternadas, explica o especialista, “ajuda a equilibrar os hemisférios do cérebro, a relaxar e se concentrar”. A técnica, acrescenta ele, pode ser feita em casa. (Veja passo a passo no fim da matéria)
Mendes considera a respiração parte da consciência humana. Uma “ligação do corpo à mente”:
– A cada estado do nosso corpo, há uma forma de respiração associada. A respiração muda de acordo com o humor: se você está cansado, estressado, apaixonado, ansioso, sua respiração é diferente.
A estudante também praticou durante dois anos a hata-ioga, como uma solução para o problema de déficit de atenção, e diz que alcançou o "equilíbrio emocional". Aos 23 anos, Luiza acredita que a ioga e a rotina dos exercícios respiratórios ajudaram a torná-la mais calma e concentrada no dia a dia.
– As mudanças na minha respiração melhoraram a minha tensão muscular, o meu relaxamento. Nas horas difíceis, eu lembrava das aulas para me acalmar e pensar no que eu deveria fazer. Passei a ter uma visão mais racional – conta.
Mendes destaca ainda a importância da alimentação para o equilíbrio respiratório. Segundo ele, uma dieta balanceada – evitando-se, por exemplo, açúcar, álcool e alimentos gordurosos – ajuda a manter a harmonia do corpo.
Luisa Nolasco
Se a atividade física favorece o equilíbrio respiratório, a respiração correta também aumenta a disposição. Mendes esclarece essa reciprocidade:
– Respirar melhor pode trazer consequências a curto, médio e longo prazos. Observam-se benefícios para na postura. nos sistemas circulatório e digestivo, na redução do estresse e da ansiedade na remoção de toxinas. A respiração correta leva a um equilíbrio físico e mental.
A despeito dos vários benefícios, o professor de meditação ressalva que a respiração correta "não elimina os problemas, só auxilia na forma de lidar com eles":
– Os desafios da vida e o estresse continuarão vindo, mas você terá uma ferramenta a mais para tirar isso do seu corpo.
Depois de "buscar equilíbrio emocional" por dez anos, o economista Thiago Bahia, voluntário da Arte de Viver, decidiu fazer curso de respiração. As técnicas aprendidas, conta ele, foram usadas na viagem recente "de mochila pelo mundo":
Luisa Nolasco
Já para a estudante de geografia Fernanda Mello, de 22 anos, os exercícios de meditação e de respiração representaram um avanço no convívio social:
– A respiração me ajudou a lidar com pessoas diferentes do meu ciclo. Em vez de julgá-las, passei a tentar ajudá-las e entender as disparidades.
Fernanda era “acelerada”. O reequilíbrio respiratório conseguiu acalmá-la e prepará-la para o estresse cotidiano, como no trânsito e na entrevista de emprego. Ela diz ser agora "mais focada e paciente".
Para fugir do agito do feriadão, mesmo dentro da cidade grande, a Fundação Arte de Viver (Rua
Voluntários da Pátria, 301, sala 801, Botafogo) inicia amanhã um curso
para o "gerenciamento de estresse" por meio da técnica respiratória sudarshan kryia. O exercício, segundo Mendes, facilita a retirada de toxinas do organismo.
Luisa Nolasco
Pranayama das narinas alternadas
1º Passo: Procurar um local agradável, tranquilo e longe de barulho.
Sentar-se em posição de relaxamento e fechar os olhos para apurar os
outros sentidos.2º Passo: Apenas com a mão direita, colocar os dedos indicador e médio no centro da testa, e o dedão na narina direita. Nesse momento, inspirar apenas pela narina esquerda. Expirar pela narina esquerda e inspirar novamente.
3º Passo: Há uma troca, mantendo os dedos indicador e médio na testa, o dedão fica livre e o anelar tampa a narina da esquerda, para que a direita expire. Após expirar, ela inspira e a troca é realizada novamente. O exercício consiste em ficar repetindo esses movimentos.
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