Farmanguinhos
acaba de obter o registro de um medicamento inovador contra a
tuberculose, o 4 em 1. Ele é chamado desta forma por reunir quatro
princípios ativos:
rifampicina+isoniazida+pirazinamida+etambutol (respectivamente nas
concentrações de 150 mg +75 mg +400 mg +275 mg) em um comprimido.O deferimento foi
concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por
meio da Resolução número 4.419, de 12/11, publicada no Diário Oficial da
União (DOU) da quinta-feira (13/11). O medicamento permitirá melhor
adesão e, consequentemente, a redução das taxas de abandono do
tratamento. Para se ter uma ideia, somente em 2013 o Brasil registrou
71.123 novos casos da doença.
Essa formulação em dose fixa combinada é
considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o jeito mais
eficaz de combate à tuberculose. Este tipo de terapia reduz o número de
comprimidos que devem ser tomados pelos pacientes diariamente,
facilitando a adesão ao tratamento. Os comprimidos do 4 x 1 devem ser
ministrados em dose única diária, que depende do protocolo indicado para
cada caso. Por ser longo (no mínimo seis meses), é grande o número de
pacientes que abandonam o tratamento.
A fabricação do 4x1 por Farmanguinhos
será possível graças a uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP)
com o laboratório indiano Lupin, celebrada em 2010. Segundo Gisele
Moreira, que gerencia o projeto na Coordenação de Desenvolvimento
Tecnológico da unidade, ao longo de três anos, a partir da publicação do
registro, o Instituto receberá gradualmente a tecnologia para a
produção no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM), em Jacarepaguá,
Zona Oeste do Rio de Janeiro. “De acordo com o cronograma, a produção em
Farmanguinhos está prevista para começar em 2017”, explicou. Durante
esse período inicial, o laboratório indiano se compromete a abastecer o
Sistema Único de Saúde (SUS) com o medicamento.
Além dos benefícios de relacionados à
adesão ao tratamento, a nacionalização da tecnologia do 4 x 1 vai gerar
uma economia aos cofres públicos. Para se ter uma ideia, de acordo com o
Ministério da Saúde (MS), anualmente, o Brasil gasta cerca de R$ 11
milhões em ações contra a tuberculose.
Assistência – Além do
4x1, recentemente Farmanguinhos obteve também o registro de outro
medicamento composto para o tratamento da tuberculose, o isoniazida +
rifampicina. Com isto, a unidade amplia para quatro a linha de
medicamentos para o tratamento da tuberculose, já que produz também a
etionamida e a isoniazida.
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pelo Mycobacterium tuberculosis,
popularmente conhecido como bacilo de Koch. Afeta, prioritariamente, os
pulmões, embora possa acometer outros órgãos e sistemas. A apresentação
pulmonar, além de ser mais frequente, é também a mais relevante para a
saúde pública, pois é a principal responsável pela transmissão da
doença. Segundo o Ministério da Saúde, anualmente são notificados cerca
de 6 milhões de novos casos de em todo o mundo, levando mais de um
milhão de pessoas a óbito.
A tuberculose é curável em praticamente
100% das novas ocorrências. Para isso, é preciso que a pessoa seja
sensível aos medicamentos e que sejam obedecidos os princípios básicos
da terapia: associação medicamentosa adequada, doses corretas e uso por
tempo suficiente. Logo nas primeiras semanas de tratamento o paciente se
sente melhor, mas precisa continuar com a terapia até o final,
independentemente da melhora dos sintomas. O Ministério da Saúde alerta
que tratamento irregular pode complicar a doença e resultar no
desenvolvimento de cepas resistentes aos fármacos.
Dados do Ministério da Saúde indicam que
o número de mortes por tuberculose no Brasil chegou a um total de 4.406
em 2012. A população mais vulnerável se concentra em moradores de rua,
cujo risco de infecção é 44 vezes maior do que na população geral. Em
seguida, estão as pessoas com HIV/Aids (risco 35 vezes maior); população
carcerária (risco 28 vezes maior) e indígenas (risco três vezes maior).
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