11.09.2014

Jovens negros pelo direito de viver


Estamos em novembro, mês de comemoração do dia da consciência negra (20), em homenagem a Zumbi dos Palmares, herói brasileiro. No entanto, o país segue com seus quilombos, casas grandes e senzalas. Alguns se acham melhores do que os outros. Arrotam suas arrogâncias sem pudor, se consideram os donos da nação, ungidos para comandarem. Creem que seus dinheiros lhes dão poderes especiais. Uma falsa e ignorante aristocracia. Enfim, pessoas que não estão preparadas para a convivência democrática.
O conceito do “racismo ambiental” se aplica perfeitamente frente aos incessantes e continuados crimes cometidos por estas pessoas contra grupos étnicos em função da cor de suas peles ou de suas origens.
Nestas semanas pós-eleições esta parte da chamada índole brasileira, quase sempre escamoteada, foi escancarada e o que se viu foi lamentável. Principalmente pelas redes sociais, mas também nos meios de comunicação, nortistas e nordestinos foram achincalhados de todas as formas. Na esteira das ofensas entraram os pobres em geral, acusados – como no passado – de serem indolentes e interesseiros por trocarem seus votos por benefícios sociais. Já aqueles que não podiam ser classificados desta forma, entraram no grupo da “esquerda caviar”.
Esse racismo ambiental infelizmente faz parte de nosso cotidiano. Os negros, por exemplo, não precisam encontrar insatisfeitos com os resultados de eleições para sofrerem com ele. Pior ainda se forem jovens. Segundo dados de 2012, dos 56 mil assassinatos no Brasil, 30 mil foram de pessoas entre 15 e 29 anos, das quais 77% eram negros.
Neste domingo, dia 9 de novembro, a Anistia Internacional Brasil lança a campanha “Jovem Negro Vivo”. Será na pista de skate do Parque do Flamengo, das 10 às 16 horas. Durante este período estão previstas diferentes atividades de dança, música, conversas, oficinas. O objetivo é divulgar a realidade enfrentada pelos jovens negros e fazer com que haja visibilidade desse massacre que ocorre no país.
Será lançado o manifesto ‘Queremos ver os jovens vivos’, em defesa por uma vida livre de violência e preconceito para os jovens negros. O documento aborda a necessidade de políticas públicas de segurança pública, educação, saúde, trabalho, cultura, mobilidade urbana, entre outras.
É hora de mobilização em defesa da vida. Quem puder que esteja lá e divulgue. Nossa juventude merece muito mais do que tem conseguido obter.

Postado por Ivan Accioly

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