11.14.2014

Petrobras não vai voltar atrás e como a presidenta Dilma falou "não vai ficar pedra sobre pedra" – "Doa a quem doer" a transparência nas investigações será total

Homem trabalha dentro da embarcação José de Alencar, da Petrobras, no estaleiro de Mauá, em Niterói

Petrobras pode divulgar balanço sem revisão de auditores
Petrobras: decisão dos auditores é a de esperar a conclusão das investigações da própria Petrobras
 São Paulo - A Petrobras confirmou na noite desta quinta-feira, 13, o adiamento da divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2014, que era esperada para amanhã, conforme antecipou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, por meio de fontes.
Segundo fato relevante divulgado pela estatal, "em observância ao princípio da transparência, a Petrobras estima divulgar, em 12 de dezembro, informações contábeis relativas ao terceiro trimestre de 2014 ainda não revisadas pelos auditores externos, refletindo a sua situação patrimonial à luz dos fatos conhecidos até essa data".
O Broadcast apurou, mais cedo, com fontes, que a auditoria PricewaterhouseCoopers decidiu não assinar as informações trimestrais do balanço da Petrobras.
A decisão dos auditores é a de esperar a conclusão das investigações que a própria Petrobras está realizando sobre as denúncias feitas pelo ex-diretor da companhia Paulo Roberto Costa, no acordo de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.
No fato relevante divulgado agora à noite, a Petrobras afirma que "está empenhada em divulgar as informações do terceiro trimestre deste ano revisadas pelos auditores externos o mais breve possível".
Segundo a estatal, "tão logo haja uma definição sobre a data da conclusão dos trabalhos, a companhia comunicará ao mercado, com antecedência mínima de 15 dias, a data para a sua divulgação".
Ainda segundo o comunicado, "em decorrência do tempo necessário para se obter maior aprofundamento nas investigações em curso pelos escritórios contratados, proceder aos possíveis ajustes nas demonstrações contábeis com base nas denúncias e investigações relacionadas à 'Operação Lava Jato' e avaliar a necessidade de melhorias nos controles internos, a companhia não está pronta para divulgar as demonstrações contábeis referentes ao terceiro trimestre de 2014 nesta data".


O derretimento das ações da Petrobras negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo nesta sexta-feira reflete o medo dos acionistas sobre o tamanho do prejuízo que a corrupção pode ter custado à companhia. Quando a petrolífera anuncia ao mercado que não poderá publicar seu balanço do terceiro trimestre é porque a direção da empresa não tem uma resposta para esta dúvida.
A contabilidade da Petrobras precisa dizer quanto dos investimentos contabilizados nos últimos anos foi realmente alocado nas obras e quanto foi parar no duto da corrupção. Por exemplo, a refinaria Abreu e Lima, no nordeste – estava lá no balanço da companhia que ela custou até o momento R$ 19 bilhões.
Esta semana a refinaria já começou a operar
As  denúncias feitas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef, envolvendo empreiteiras e parlamentares da base aliada e também da oposição ao governo mostram que que a corrupção não foi só do PT . As revelações já estavam causando perdas expressivas à Petrobras, mas os prejuízos reais ainda estavam no campo das especulações.
Com a decisão de não publicar suas contas, a Petrobras passa pela porta das regras e leis de mercado – daqui e dos Estados Unidos, onde ela também negocia suas ações. Para ganhar este posto de empresa “listada” em bolsas, a petrolífera assumiu a responsabilidade de cumprir com todas as exigências de gestão, governança e, principalmente, de transparência – tanto do Brasil quantos lá fora. São os acionistas os maiores beneficiários desse emaranhado de regras – os grandes e pequenos investidores.
A Petrobras  segundo a Dilma vai  mostra os estragos tudo que aconteceu sem poupar ninguém . O pontapé inicial desse processo já foi dado e não foi pela Petrobras. A recusa da empresa de auditoria a aprovar as contas da companhia levantou a última cortina que protegia as escolhas feitas pela atual diretoria da petrolífera.
A Petrobras é uma empresa rica, forte e com muita capacidade de geração de resultados. O plano de investimentos para os próximos anos, de US$ 180 bilhões, é factível e pode trazer bons resultados. Agora é a hora de responder a tudo e a todos, blindar a companhia dos maus feitos do passado recente e devolvê-la ao seu papel por capacidade e vocação.

Lava Jato: PF prende outro diretor da Petrobras e executivos de empreiteiras

Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal, e executivos das gigantes Mendes Júnior, Engevix e Iesa Óleo e Gás foram presos nesta sexta-feira
por Redação — publicado 14/11/2014 11:28, última modificação 14/11/2014 11:32
Geraldo Magela / Agência Senado
Paulo Roberto Costa
Paulo Roberto Costa em depoimento à CPI da Petrobras, em 17 de setembro
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira 14 a sétima fase da Operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção envolvendo políticos, empreiteiras e obras públicas, em especial da estatal Petrobras. A ação decorre da análise de material apreendido e de depoimentos colhidos em fases anteriores da Lava Jato. Segundo a PF, os grupos investigados registraram, segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), operações financeiras atípicas num montante que supera os 10 bilhões de reais.
Entre os presos nesta sexta-feira está Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, que é suspeito de usar o cargo para assinar contratos com empreiteiras e repassar parte do dinheiro para um esquema que alimentaria partidos governistas, como PT, PMDB e PP. De acordo com declarações atribuídas a Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras que assinou um acordo de delação premiada com a Justiça, Duque era um dos diretores da estatal que repassava dinheiro desviado para o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Duque esteve no cargo entre 2003 e 2012 e foi demitido da estatal junto com Costa, pela presidenta Dilma Rousseff (PT).
Entre os alvos da Lava Jato estão também empreiteiras e outras grandes empresas que faziam negócios com a Petrobras. Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, entre os presos nesta sexta estão Sergio Cunha Mendes, vice-presidente da construtora Mendes Júnior, e Otto Garrido Sparenberg, diretor da Iesa Óleo e Gás. Segundo a Folha de S.Paulo, foi presos também Cristiano Kok, presidente da Engevix, e Gerson Almada, vice-presidente da empresa.
De acordo com o Estadão, mandados de busca e apreensão foram cumpridos na sede da Iesa e de sua controladora, a Iapi, na casa do presidente da empresa, Valdir Carrero, e em endereços da Odebrecht e de três de seus executivos (Marcio Faria da Silva, Rogério Campos de Araújo e Saulo Vinícius Rocha Silveira). A Folha informa que foram realizadas buscas na sede da Camargo Corrêa e na casa de Ricardo Pessoa, presidente da UTC/Constran.
Além dessas empresas, Costa citou em depoimento vazado a OAS, a Queiroz Galvão, a Galvão Engenharia e a Andrade Gutierrez.
As investigações da Lava Jato tendem a avançar com velocidade pois, além de Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, mais duas pessoas aceitaram realizar acordo de delação premiada – Augusto Ribeiro de Mendonça Neto e Julio Camargo, ambos da Toyo-Setal, empresa controlada pela japonesa Toyo Engineering.
No total, a Polícia Federal foi a campo nesta sexta para cumprir 85 mandados judiciais, seis de prisão preventiva, 21 de prisão temporária, nove de condução coercitiva e 49 de busca e apreensão nos estados do Paraná, de São Paulo, do Rio de Janeiro, de Minas Gerais, de Pernambuco e no DF. Foi decretado o bloqueio de aproximadamente 720 milhões de reais em bens pertencentes a 36 investigados.
A Receita Federal também participou das ações desta sexta-feira, assim como uma força-tarefa do Ministério Público Federal. As buscas da Receita serviram para tentar verificar pagamentos por serviços contratados que possam não ter sido prestados, especialmente de assessoria ou consultoria, cujos valores, contabilizados como custos operacionais, reduziriam de forma fraudulenta a base de cálculo de tributos.
Segundo a Polícia Federal, o grupo investigado, “além de envolver alguns dos principais personagens do mercado clandestino de câmbio no Brasil”, é responsável pela movimentação financeira e lavagem de ativos de diversas pessoas físicas e jurídicas envolvidas em crimes como tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração e contrabando de pedras preciosas e desvio de recursos públicos. A operação foi intitulada Lava Jato porque o grupo usava uma rede de lavanderias e postos de combustíveis para movimentar o dinheiro.
Com informações da Agência Brasil

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