BAGÉ
E SANTANA DO LIVRAMENTO, RS (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva foi obrigado a fazer alterações em seu roteiro na manhã
desta segunda-feira (19) ao enfrentar protestos em sua chegada à cidade
de Bagé (RS), ponto de partida de sua caravana pelos estados do Sul do
país.
Ruralistas
e simpatizantes do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL), também
pré-candidato à Presidência da República, usaram caminhões e tratores
para bloquear o acesso da comitiva de Lula à Unipampa (Universidade
Federal dos Pampas) criada no governo do PT.
Manifestantes avançaram na direção da universidade, exigindo que a caravana usasse a via lateral do campus.
À
saída, o petista teve que discursar sobre um carro de som estacionado
ao lado do ônibus da comitiva, para que subisse rapidamente. Pela
programação original, ele usaria um carro de som maior, onde ficaria
mais vulnerável.
"Confesso
que saio triste daqui. O
que vi aqui foi pobres e trabalhadores, que, às vezes, estão até
desempregados ganhando alguma coisa para ofender a gente", discursou o
petista, após afirmar que não quer que o Brasil seja eternamente um
exportador de soja.
Em
um discurso de oito minutos, o ex-presidente chamou seus opositores de
fascistas, acusando-os de constranger professores e alunos para que não o
recepcionassem na universidade.
"Sinceramente,
não esperava que nossa passagem por Bagé fizesse com que a direita
fascista reclamasse junto ao MP [Ministério Público] que eu não pudesse
fazer ato na universidade", disse. "Essas pessoas deveriam ter feito o
protesto quando viemos criar a universidade."
A
equipe do ex-presidente já esperava protestos contra a caravana de Lula
no Sul, de tradição agropecuária e antipetista. Apesar de
questionamentos de aliados, o petista, que já circulou por Nordeste e
Sudeste, insistiu na ideia de incluir a região.
MUJICA
De
Bagé, Lula foi a Santana do Livramento, na fronteira entre Brasil e
Uruguai, onde encontrou o amigo e ex-presidente uruguaio José Mujica. Em
conversa pública na Praça Internacional, que divide os dois países,
Lula afirmou em tom de brincadeira: "Estou sendo processado. Poderia dar
um pulo ali [no Uruguai]. Não dou. Mais dia menos dia, quem vai sair do
país são meus acusadores".
Em
outras oportunidades, o petista, condenado em segunda instância por
corrupção, já descartou a possibilidade de fugir do país caso tenha a
prisão decretada.
Lula
afirmou ainda que seu problema pessoal é pequeno em comparação ao
enfrentado por brasileiros. Também presente, o ex-presidente do Equador
Rafael Correa discordou: "Uma injustiça que se comete contra um homem se
comete contra a humanidade".
O encontro também teve a presença da ex-presidente Dilma Rousseff.
Durante
a conversa entre os ex-presidentes na praça, Lula levou um puxão de
orelha de Mujica, que disse ao brasileiro ser necessário fortalecer os
partidos. "As mudanças não podem se respaldar em uma figura só."
"Sorte que têm Lula. Mas, na luta, não terão Lula eternamente", disse.
O
uruguaio disse ainda que os partidos de esquerda têm que cuidar
enormemente da conduta dos que os representam. "Se pregamos por
igualdade temos que viver como o povo e não como uma minoria
privilegiada", disse ele, antes de seu discurso ser interrompido por uma
queda de luz. A atividade --segundo ponto da agenda de Lula no Rio
Grande do Sul-- foi suspensa por dez minutos devido à falta de energia
que atingiu a praça.
Ao
assumir o microfone, Lula recorreu ao seu mantra: de que tem 72 anos de
idade; energia de 30 e tesão de 20. "Se me deixarem, se for possível, e
até quando o partido quiser, serei candidato a presidente". O petista
disse ter se inspirado no exemplo de Mujica em muitas coisas, como na
força ideológica e na honradez.
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