Cada dia mais crianças e adolescentes levam suas dúvidas e anseios para a sala de aula. Não existe manual para educá-los
Uma gentil senhora enviou-me uma carta perguntando o que sua neta de 9 anos deveria aprender na escola. Ela tinha em mente os conteúdos acadêmicos, mas a pergunta me trouxe algumas reflexões acerca das aspirações que geramos em nossos filhos e alunos a respeito do que eles necessitam saber para viver suas vidas. Não somente isso, mas que tipo de formação queremos dar a eles.
Esses questionamentos vieram em meio a algumas notícias ruins que foram divulgadas na imprensa referentes a resultados da Educação no Brasil. Uma delas dizia que apenas 2,1% dos alunos pobres do país têm bom desempenho escolar. O Brasil é um dos países em que há maior desigualdade social e menor número de estudantes resilientes, aqueles que, mesmo diante da condição de pobreza e outras dificuldades, conseguem ter bom desempenho na escola. Trata-se de um estudo da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O estudo mostra que fatores que contribuem para os números negativos estão ligados a habilidades sociais, que poucas vezes são ensinadas na escola. Além disso, as expectativas dos alunos são de desencantamento. Desencantamento que não está apenas no olhar dos mais desfavorecidos, mas nas condições estruturais precárias e patológicas de nossa Educação.
Um dos fatores mais incisivos para esse estado de coisa é o ambiente em que se estuda. Escolas que têm professores bem formados e que desenvolvem atividades criativas propiciam ao educando maiores possibilidades de sucesso. Políticas educacionais que garantam a presença do Estado no espaço escolar e práticas pedagógicas mais interativas podem reduzir a vulnerabilidade dos estudantes.Por Eugênio Cunha Professor e jornalista
Cada dia mais crianças e adolescentes levam suas dúvidas e anseios para a sala de aula. Não existe manual para educá-los. Porém, o papel de quem educa é crucial para um ensino de qualidade, especialmente quando se trata de atributos que estabeleçam uma Educação cidadã. Não se faz isso sem formação humana.
Respondi à pergunta dizendo que, nesse tempo de tanta complexidade e desafios, é necessário aprender os predicados invisíveis que nos tornam mais preparados para a vida e o que ela traz de bom ou ruim. Terminei a minha resposta dizendo que é extremante importante aprender o que é preciso saber, mas é fundamental aprender o que é preciso ser.
Eugênio Cunha, professor e jornalista,
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