Patrocínio para viagem de médico será limitado
Conselho Federal de Medicina vai limitar viagens de médicos para congressos com despesas pagas pela indústria farmacêutica, informa reportagem de Cláudia Collucci. Estará liberado só quem der palestras ou cursos nos eventos.
O presidente do CFM, Roberto D'Ávila, afirma que a decisão é um caminho sem volta. Se não houver acordo com os laboratórios, ela virá em forma de resolução. Segundo D'Ávila, a ideia é criar regras transparentes.
Estudos mostram que, ao oferecerem favores, determinadas indústrias obtêm vantagens na prescrição de produtos. Médicos concordam em evitar abusos, mas temem prejuízos à atualização profissional.
Saiba Ainda:
Brindes influenciam médicos na hora de prescrever remédios
Folha de São Paulo - Rachel Botelho
Estudo com universitários identificou simpatia por medicamento citado em material promocional
Uma pesquisa publicada no periódico "The Archives of Internal Medicine" sugere que brindes como canetas e blocos de anotação com o nome de um remédio são capazes de influenciar futuros médicos na hora de receitar um remédio.
O estudo teve a participação de 352 estudantes da Universidade Penn, que proíbe a maioria dos presentes das empresas farmacêuticas, e da Universidade de Miami, que os permite.
Os autores tentaram influenciar os estudantes inconscientemente, fazendo-os usar materiais promocionais, como blocos de anotações e canetas. Como resultado, os alunos de Miami mostraram forte entusiasmo pelo medicamento.
Para Reinaldo Ayer de Oliveira, professor de bioética da Faculdade de Medicina da USP e conselheiro do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de SP), o valor do presente não importa. "Os médicos aceitam porque o valor material é baixo, mas seria mais ético recusar qualquer brinde ou oferta que possa influenciar sua decisão", diz.
O peso de presentes, como passagens aéreas, nas decisões médicas é bastante discutido. Nessa pesquisa, a diferença é que os objetos não têm valor.
No Brasil, o código de ética médica proíbe os profissionais, de modo genérico, de receitarem remédios influenciados pela indústria e uma resolução do Conselho Federal de Medicina, do ano 2000, obriga os profissionais a declararem o grau de relacionamento que mantêm com seu patrocinador, seja de uma pesquisa, seja da viagem a um congresso.
"Essas são as marcações legais que existem, mas, nas discussões para revisão do código, criamos um capítulo em que há indicação para não aceitar nenhum brinde da indústria farmacêutica", diz Roberto d'Ávila, vice-presidente do CFM.
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