7.03.2010

PARA ESQUECER UM GRANDE AMOR.....


Difícil é esquecer um grande amor... Por mais que esse amor não o seja mais.
Fácil é saber que o seu amor já encontrou um novo amor, e os seus olhos não te encontram mais, mas brilham por outra pessoa.
Difícil é você encontrar um novo amor, mas ele virá. E será muito mais terno que todo amor que você já sentiu.
Fácil é amar agora, que de tanto esperar, o coração não agüentou ficar sozinho; por tanto lutar, suas forças se esgotaram, e o novo amor achou nova morada... Mais madura, mais livre, mais calma, mais feliz!

“By Rafaela”

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O que fazer para esquecer um grande amor?
A missão é quase impossível, pois cérebro registra para sempre esta emoção. Até deixa-se de sofrer, mas fica-se eternamente vulnerável

Não adianta nem tentar me esquecer; durante muito tempo em sua vida eu vou viver’. Mais do que uma simples canção, a letra de Roberto Carlos retrata fielmente o que acontece quando um relacionamento termina: quanto mais se deseja superar, mais as lembranças surgem para apertar o peito. É quase impossível esquecer um grande amor, afirmam especialistas que participaram do Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções, no Rio Grande do Sul.

Segundo eles, experiências emocionais significativas — como as vivenciadas com a pessoa amada — ficam gravadas para sempre no cérebro. Por isso, resgatar essa memória, mesmo só em pensamento, faz com que a mente reaja como se a estivesse revivendo de fato.

“O simples fato de ver a pessoa na rua faz com que o sentimento volte e você reviva toda a experiência.”, afirma o professor de Neurologia da Universidade de Iowa (EUA), Antoine Bechara. “É como um vício. A pessoa pode até deixar de sentir a dor do amor perdido, mas estará sempre vulnerável”.

Segundo o neurologista André Palmini, com o passar do tempo, o impacto que a pessoa amada causa no cérebro diminui. Porém, sempre que reencontrá-la, a sensação será diferente da que se tem ao encontrar um amigo ou conhecido.

'LUTO’ NECESSÁRIO

“Isso ocorre porque a amígdala cerebral marcou essa pessoa como extremamente relevante na memória. Então vem o frio na barriga. Quando você não está mais com ela, essa sensação é desconfortável, surge num contexto de racionalidade da perda. Daí vem a angústia, a dor, o arrependimento”, explica Palmini.

Bechara ressalta que é mais fácil esquecer um amor quando a pessoa ‘desaparece’: muda de endereço e telefone e não dá mais notícias. Ou morre. Por isso, quem realmente quer deixar de pensar em alguém precisa evitar o contato ou, como ensinam os psiquiatras, devem ‘viver o luto da relação’.

Quando a pessoa ainda está por perto, ainda que em fotos e cartas, é mais difícil esquecer. Trocando em miúdos, ouça os conselhos de Chico Buarque: devolva o Neruda que você nunca leu e livre-se das sombras do amor que acabou.

“Desvencilhar-se dos objetos é uma forma de evitar lembranças e se ajudar. Não fique relendo cartas e vendo fotos da relação que acabou”, orienta a psiquiatra Carmita Abdo.

Como ensinou o poeta Carlos Drummond de Andrade: “A dor é inevitável. O sofrimento é opcional”.

Memórias extintas em laboratório

Imagine se você pudesse esquecer a dor de um relacionamento que deu errado, apagando de vez o fantasma do ‘ex’? Foi possível no filme ‘Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças’, com Jim Carrey e Kate Winslet, e, para especialistas, pode ser possível na vida real. Segundo o neurologista André Palmini, a chamada ‘extinção da memória’ tem sido objeto de estudo. Mas não para esquecer um grande amor, e sim tratar transtornos pós-traumáticos.

Pesquisadores da Universidade de Nova Iorque (EUA) já conseguiram ‘apagar’ do cérebro de ratos lembranças de medo. Primeiro, expuseram os animais a dois sons diferentes. Ao mesmo tempo, davam choques elétricos nas cobaias, para que elas associassem os sons à dor e ao medo.

Cada vez que ouviam os barulhos, os ratos lembravam do choque e sentiam medo. Depois, os cientistas drogaram parte dos roedores com U0126, substância experimental que induz à perda da lembrança. Em seguida, expuseram novamente estes ratos a um dos sons, mas sem dar-lhes choques.

Depois de retirar a droga dos ratos, os cientistas descobriram que os animais perderam o medo daquele som ao qual foram expostos enquanto estavam drogados. Eles não ‘aprenderam’ a não ter medo do som, e sim ‘esqueceram’ aquela lembrança.

FASES DO FIM
Carmita Abdo, psiquiatra, explica que, quando a relação acaba, a pessoa passa por fases que, em alguns momentos, se intercalam.

ANSIEDADE
Diante da iminência da perda eterna, a pessoa se descontrola e só consegue pensar no fim.

NEGAÇÃO
A pessoa nega para si mesma que a relação acabou ou nega a importância do fato.

REALIZAÇÃO
Nesse momento, a pessoa percebe que, de fato, o relacionamento acabou. É seguida de dois tipos de reações: adaptação (quando a pessoa tenta criar uma rotina para lidar com a perda) ou revolta e vingança.

RESOLUÇÃO
É quando a pessoa decide, de fato, lidar com a situação e superar a perda. Normalmente, pode levar até dois anos depois do fim do relacionamento.

Filme discute se vale realmente a pena apagar alguém da memória para sempre

No filme ‘Brilho Eterno de Uma Mente sem Lembranças’ (de 2004), Jim Carrey interpreta Joel, jovem que se apaixona perdidamente por Clementine, interpretada por Kate Winslet. Após viverem um romance conturbado, a relação termina. Um tempo depois, Joel descobre que Clementine o deletou para sempre de sua memória.

Inconformado e frustrado por ainda amar uma pessoa que já o ‘superou’, ele resolve retribuir na mesma moeda e submete-se ao procedimento. Entretanto, no meio do processo, Joel percebe que não quer deletar Clementine. Ao contrário, ele quer manter vivas todas as lembranças de momentos felizes — e tristes — que passaram juntos.

Mais do que uma simples história de amor, o roteiro de ‘Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças’ trata da complexidade do cérebro, focando, principalmente, na memória e emoção. Ao tratar com sensibilidade a urgência e o desespero de quem sofre por amor, o roteirista Charles Kaufman traz à tona para os espectadores o questionamento principal do filme: será que realmente vale a pena apagar alguém para sempre da memória?

POR CLARISSA MELLO
O Dia

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