9.28.2010

Aqui e agora

Há algum tempo atrás, existia o namoro, noivado e o casamento. Era tipo um jogo de tabuleiro, porém às duplas: você começava no namoro, então avançava um pouco e noivava. Reuniam-se parentes, dinheiro e coragem, então se fazia o casamento. Em alguns casos pulava-se o noivado, mas o final era o mesmo, o “sim” na frente de um padre e o enlace sagrado. Tudo lindo, tudo tão sonhado. Tudo passado.
A seqüência se ramificou, ganhou novos caminhos: você tem um lance que se der certo, vira um rolo. A evolução do rolo é o ficante, que é a mesma coisa, porém com algum compromisso, mas que pode ser desfeito a qualquer instante. Se o instante durar demais e houver consentimento formal de ambos, daí sim, você pode colocar lá na capa do Orkut: namorando.

Hoje descobri uma nova categoria de relacionamento, se é que ela se classifica em algo: é o “aproveitar o momento”.

Aproveitar o momento é tipo um amante, porém ninguém está cometendo adultério. Você está livre e desimpedido, ela também, mas por alguma razão, querem manter-se assim. Curtir o momento é um meio-termo, não uma fase de transição já que não se quer chegar a ponto algum. Fica entre o ficante e alguma coisa. Fica entre continuar livre e ter um rolo. Fica entre estar sozinha e ter um momento agradável, mas que sabemos que pode não acontecer de novo. Vocês tem o telefone um do outro, mas não sabem quando tocará de novo, aliás, nem esperam que toque.

O curtir o momento não é desculpa de gente promíscua. É a sinceridade de assumir que você não quer compromisso, mas quer o divertimento da companhia.

É o fogo da paixão com o raciocínio do namoro: é bom, tá legal, mas não passa disso ! Pode durar uma balada, uma semana, as férias inteiras. Mas não costuma ir muito longe. Ele se origina de uma situação que também não é pra sempre. Você não quer nada sério agora, mas uma hora irá querer. Você está passando apenas uma temporada fora, chegará a hora de voltar pra casa.

São situações que sempre serão recordadas com carinho, pois não duram o suficiente pra marcar algo profundo, não deixa cicatrizes. É a forma mais transparente e menos dolorosa de se possibilitar um prazer egoísta, mas partindo da concordância do outro. Não há regras, aprendizados, cobranças ou chateações. Somente um momento, que geralmente é curto demais.
Por Luis Dutra

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