9.27.2010

Precisamos moderar

A vaidade e a preocupação com a saúde são tão antigas quanto o homem. E o temor das influências negativas do excesso de peso sobre a saúde também não é de hoje. A mais antiga referência a respeito do controle da obesidade situa-se na história da medicina asteca, no século XVI, quando os índios Chokstaws usavam banhos de vapor para tratamento de algumas doenças e também para perder alguns quilos.
No mundo moderno, os princípios da beleza socialmente valorizados referem-se basicamente a um corpo magro. E, para alcançar tal objetivo, a sociedade não mede esforços. As mulheres, principalmente, vivem
em constante luta para chegar ao que acreditam ser o ideal.
Diversas práticas são utilizadas na tentativa de emagrecer, como dietas, caminhadas, clínicas de estéticas e de emagrecimento, academias de ginásticas, além do uso de medicamentos.
O fracasso na mudança do hábito alimentar, assim como falta de constância nas atividades físicas, acaba por forçar o uso de moderadores de apetite (farmacoterapia). Observamos que, dentre os métodos de emagrecimento acima citados, a utilização de medicamentos moderadores de apetite – principalmente os anorexígenos anfetamínicos (Anfepramona, Femproporex, Mazindol) – é uma das práticas mais usuais.
O mecanismo de ação dessas drogas se faz pela redução da ingestão alimentar, agindo no sistema nervoso
central (SNC). Diversos efeitos farmacológicos estão associados aos anorexígenos, como o aparecimento
de hipertensão arterial, arritmias cardíacas, insônia, sudorese, tremores, secura na boca,
retenção urinária e, ainda, uma possível dependência psíquica e/ou física, pois são substâncias.estimulantes do SNC. Existem ainda as associações com outros fármacos, como os diuréticos, benzodiazepínicos
(calmantes), hormônios, laxantes, antidepressivos, com a finalidade de tentar auxiliar na redução
de peso. Pesquisas em alguns estados do Brasil revelaram que houve associação de até 15 fármacos diferentes em uma determinada formulação. Torna-se importante destacar que a legislação sanitária proíbe as associações entre anorexígenos e outras substâncias.
A dispensação de anorexígenos por farmácias e drogarias só pode ocorrer com a prescrição
médica, inclusive com retenção desta, pois são substâncias atualmente controladas pela Portaria
344/98. É ressaltado que tais medicamentos só devem ser utilizados sob supervisão médica e após uma avaliação cuidadosa da relação risco– beneficio para cada paciente, especificamente.
No mercado brasileiro encontramos medicamentos anoréticos industrializados, assim como
formulações magistrais – que hoje já ocupam um representativo espaço no segmento dos medicamentos
indicados para reduzir peso.
Há consenso em recomendar que a prescrição de anoréticos, quando necessária, seja sempre acompanhada de um programa de mudança no estilo de vida – o que inclui uma dieta balanceada e a prática regular de atividades físicas.

* Roberto Barbirato
gerente-geral de inspeção da Anvisa

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