Dor ou desconforto do abdômen, distensão abdominal, alterações dos hábitos intestinais, alternando crise de prisão de ventre e diarreia. Sintomas comuns a muitas doenças intestinais podem também sinalizar a Síndrome do Intestino Irritável (SII), um mal que afeta 10 a 20% da população mundial.
Como o próprio nome explica, não se trata de uma doença, mas de um conjunto de sinais e sintomas que se manifestam predominantemente no cólon, causando impacto negativo na qualidade de vida do paciente. Pode afetar pessoas de qualquer faixa etária, porém ocorre com mais frequência antes dos 35 anos e sua prevalência é maior entre as mulheres.
Por ser um distúrbio funcional, sem causa anatômica nem lesões que o justifiquem, a endocrinologista e nutróloga, conta que a SII pode ficar sem diagnóstico durante muito tempo. "É um problema real e de difícil diagnóstico. O diagnóstico só pode ser feito com base na descrição dos sintomas pelo paciente, além da necessidade de descartar outras doenças intestinais".
A diretora do CITEN informa que a maioria dos casos de queixas intestinais são decorrentes do estresse e do estilo de vida das pessoas, de suas dietas pobres em fibras e água, de seu sedentarismo, do consumo de alimentos gordurosos e até de intoxicação alimentar. Entretanto, as queixas de prisão de ventre e diarreia passam a ter grande importância quando esses sintomas são repetitivos e duradouros e, principalmente, quando se associam à distensão e dor abdominal.
Funcionamento do intestino - "O hábito intestinal não depende da nossa vontade e sim dos nossos hábitos", . "O nosso ritmo intestinal é autônomo e independe da nossa vontade. Somos nós que devemos obedecer ao impulso quando ele vem, independente de estarmos em casa ou fora dela. Muitas vezes pensamos que temos uma doença intestinal ou um intestino "preguiçoso" ou muito ativo quando, na verdade, o que temos mesmo é uma grande irregularidade em nossas refeições".
Sintomas, diagnóstico e tratamento
Os sintomas mais comuns são distensão abdominal ou sensação de estofamento; alternância entre períodos de diarreia e constipação; flatulência excessiva (gases); sensação de esvaziamento incompleto após a evacuação.
Para se fechar o diagnóstico de SII uma pessoa deve ter dor ou desconforto abdominal recorrente nos últimos 3 meses e outras alterações características da síndrome. "Todas as pessoas sintomáticas devem ser submetidas a exames para afastar outras doenças gastrintestinais".
Uma doença sem causa definida também não tem um tratamento específico. Assim, o tratamento visa melhorar os sintomas. "São usados suplementos de fibras, alguns tipos de laxantes, antidiarreicos, antibióticos, antiespasmódicos e até antidepressivos. Tratamentos alternativos também são utilizados sem muita evidência científica, mas com alguns resultados que confirmam a utilidade dos mesmos como a prática de yoga e acupuntura e o consumo de gengibre e probióticos".
A influência da dieta
O papel da dieta é fundamental na manutenção do estado nutricional dos pacientes de SII. Apesar de não se configurar um quadro clássico de intolerância à lactose, esses pacientes sempre melhoram com a suspensão do leite e derivados. Além disso, a redução do consumo do açúcar e moderação dos carboidratos em geral podem aliviar os sintomas de flatulência e distensão abdominal tão comuns devido à maior fermentação desses nutrientes.
Mirian Ribeiro
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