9.20.2010

Estresse, como lidar com ele


A palavra em inglês “stress” vem do termo usado em engenharia e refere-se à resistência de materiais aos esforços empregados. Nas práticas médicas e de saúde, o termo remete às respostas involuntárias dadas por nosso corpo aos estímulos e circunstâncias provenientes do estilo de vida ao qual estamos submetidos.

Diante de uma situação estressante, nosso corpo prepara-se para duas respostas: Luta ou fuga. E isso tem um custo para o organismo.

É errôneo afirmar que o “stress” acomete somente determinados grupos de pessoas como os executivos ou pessoas com múltiplas atividades. O stress pode estar presente em todas as categorias de profissionais, desde donas de casa, empregados e empregadores, em qualquer idade, gênero, posição social ou raça. O problema não está na presença ou ausência de situações estressantes, pois considerar uma vida moderna sem tensões, estímulos agressores ou cobranças dos mais variados níveis beira à utopia.

As situações estressantes diferem quanto à sua origem. Poluição, barulho, problemas familiares, preocupações, desemprego, violência, filhos, casamento, trabalho são alguns exemplos.

O fator nocivo reside na freqüência dessas situações e na forma com que lidamos com elas, ou seja, quantas vezes durante o dia somos exigidos, cobrados, nos cobramos, precisamos dar respostas imediatas, nos deixamos tomar pela ansiedade, frustração etc.

Em muitos casos, nem percebemos o impacto disso na nossa saúde física, mental e espiritual. Só nos damos conta quando os sintomas aparecem ou pior, quando já tomados pelas doenças relacionadas ao stress, restringimos nossa atividade profissional, social e outras.

Dentre as principais conseqüências do stress, podemos citar as doenças coronarianas, as doenças psicossomáticas (asma, enxaquecas, úlceras e alergias) e as doenças mentais (transtornos de ansiedade, depressão, transtornos de humor).

Pesquisas recentes mostram que o stress no trabalho é responsável por inúmeros transtornos mentais, acarretando afastamentos por licença médica, queda de produtividade, incapacidade laborativa e aposentadorias precoces.

Segundo pesquisa realizada em Porto Alegre e em São Paulo pela Isma-BR (International Stress Management Association do Brasil) em 2003, 82% dos mil profissionais consultados (de várias carreiras) apresentam traços de ansiedade em diversos graus, índice que surpreendeu os pesquisadores. "O número está muito acima do esperado. A expectativa era que o nível de ansiedade fosse permanecer por volta de 60%, o que já configuraria uma população ansiosa", diz Ana Maria Rossi, presidente da filial brasileira da associação internacional.

Angústia (78%), traços de agressividade (52%), queixas de dores musculares (96%) e de problemas gastrointestinais (32%) foram outros sintomas detectados pelo levantamento, que não deixou de fora nem mesmo padres e freiras.

Muitos casos de dificuldade para dormir foram identificados entre policiais e seguranças particulares, os mais estressados, segundo a pesquisa. A insônia também foi observada em 58% do total de profissionais entrevistados. Mesmo fora do expediente, afirma Rossi, os policiais estão estressados, já que é comum o temor de sofrer represálias.

Para o professor aposentado da Unicamp Maurício Knobel, que está desenvolvendo pesquisa sobre qualidade de vida, o stress também é fomentado pelos baixos salários pagos aos policiais. Melhores remunerações e reconhecimento social, diz ele, motivariam e amenizariam o estresse.

Rotas repetitivas, problemas de segurança e falta de tempo até para ir ao banheiro são algumas das causas do estresse dos motoristas. Pela primeira vez, a profissão figura na segunda colocação no ranking das mais estressantes.

Profissionais que atendem ao público (categoria em que se inserem operadores de telemarketing, bancários, profissionais da saúde e executivos) dividiram o "pódio do stress" na terceira posição, seguidos pelos jornalistas, em quarto lugar.

Tão importante quanto o tratamento da doença é a prevenção. Se existe uma palavra-chave para diminuir os níveis de stress, essa palavra é MUDANÇA. Mudança dos hábitos/estilo de vida, das prioridades, da visão de mundo e de si.

Um estilo de vida que não tem espaço para atividade física, boa alimentação, hábitos saudáveis, lazer e amigos é um agravante na prevenção e tratamento do stress. Estabelecer metas inatingíveis, se colocar em último lugar na lista de prioridades, não ter tempo para si próprio e acreditar que o mundo vai parar se você pisar no freio são atitudes que colaboram para a instauração e agravo do stress e, como consequência, as doenças relacionadas a ele.

Algumas dicas podem ajudar a prevenir ou diminuir o stress. Escute música, assista TV ou cinema, leia um bom livro, escreva, organize seu tempo, faça esportes, caminhe ao ar livre, medite, tenha amigos, sorria, brinque, tenha um hobby, faça trabalhos voluntários, procure colorir suas refeições através da ingestão de legumes, frutas e verduras, evite o uso de drogas (lícitas e ilícitas), se ame.

O mais importante é não levar problemas para o travesseiro. Dê um tempo para você periodicamente. Um mês por ano, um dia por semana, uma hora por dia, um minuto por hora. Um momento para você entrar em contato com você mesmo. Deixar os trilhos para caminhar pelas trilhas. Ser você. Ouvir seu corpo, sua alma, seu coração. Eles sempre estão com a razão.

Liamara Nunes Carvalho

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