As técnicas de massagem cardíaca para ressuscitar mudam sem parar. Mas nem sempre foi assim. Em 1960, Kouwenhoven, Jude e Knicker-bocker propuseram pela primeira vez que compressões aplicadas contra a parede do tórax, na área correspondente à metade da linha imaginária que liga um mamilo ao outro, seriam capazes de assegurar a circulação do sangue para o cérebro e para a musculatura do coração, nos casos de parada cardíaca. Em seguida, a respiração boca a boca foi incorporada às compressões para manter a oxigenação.
Naquele tempo, o ritmo proposto era de 5 para 2, isto é, 5 compressões do tórax intercaladas com 2 respirações boca a boca, técnica que permaneceu imutável por décadas. Alguns anos atrás, os fisiologistas demonstraram que as compressões deveriam ser mais frequentes, e o ritmo de 5 para 2 foi para 15 compressões seguidas de 2 respirações. Mais recentemente, várias associações de cardiologia decidiram recomendar que o ideal deveria ser de 30 compressões para cada 2 respirações.
Como paradas cardíacas não escolhem hora ou lugar, e na maioria das vezes ocorrem no ambiente doméstico ou em lugares públicos, é fundamental que todos saibam reconhecê-las e que estejam familiarizados com a técnica, inclusive crianças. O reconhecimento não é complicado, basta chamar a pessoa que desfaleceu. Se responder ou reagir, o coração não está parado. Na ausência de reação, a primeira providência é chamar o resgate.
Desligado o telefone, as massagens devem ser iniciadas o mais depressa possível, e mantidas até que o resgate chegue. Jamais tente transportar por conta própria a pessoa que sofreu a parada, você estará carregando um cadáver. E se o resgate demorar? Prossiga com a massagem sem sair do lugar. E se não vier? Nesse caso estará tudo perdido. Na prática, a questão da respiração boca a boca sempre foi um obstáculo porque não é uma manobra fácil, e muitos não têm coragem de executá-la.
Pesquisas recentes realizadas em porcos colocaram em dúvida a eficácia desse procedimento. Primeiro, porque a interrupção das compressões para insuflar o ar provoca diminuição da pressão de perfusão do sangue que vai para o miocárdio. Segundo, porque a pressão positiva do ar insuflado dificulta o retorno do sangue venoso para a circulação cardiopulmonar.
Pesquisadores americanos e suecos acabam de publicar dois estudos sobre essa questão. No estudo americano, 1.941 pacientes que sofreram parada cardíaca fora do ambiente hospitalar foram divididos em dois grupos: o primeiro recebeu apenas compressões torácicas; o segundo, 15 compressões intercaladas com 2 respirações. Levados ao hospital, sobreviveram 14,4% do primeiro grupo, ante 11,5% do segundo. A diferença não foi significativa.
No estudo sueco, 1.276 pessoas em parada cardíaca foram divididas ao acaso nos mesmos grupos: compressões torácicas versus compressões torácicas intercaladas com respiração. Depois de 30 dias, estavam vivos 8,7% no primeiro grupo e 7,0% no segundo, diferença insignificante.
No caso das paradas ocorridas como con-sequência de problemas cardiológicos, os que receberam apenas as compressões evoluíram um pouco melhor. Quando as paradas surgiram por complicações respiratórias, aconteceu o oposto. No entanto, em ambas as condições as diferenças foram pequenas. Se você encontrar na rua uma pessoa que teve um mal súbito e não esboça nenhuma reação quando estimulada, peça que alguém chame o resgate e inicie imediatamente as compressões torácicas com as duas mãos, uma colocada em cima da outra. Use o peso do seu corpo para ajudar as compressões.
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