A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realiza nesta terça-feira audiência para tentar encerrar a polêmica sobre a proibição da venda de alguns inibidores de apetite. Entre os medicamentos estão a Sibutramina, Femproporex, Mazindol e Dietilpropiona, que sofreram restrições por riscos cardiopulmonares e do sistema nervoso central. Estão reunidos especialistas de diferentes países, representantes de organizações competentes ao tema, profissionais da agência, que, ao fim do dia, anunciarão sua decisão. A Anvisa acompanha as manifestações feitas pelos reguladores de medicamentos na Europa e nos Estados Unidos, mas a comunidade médica demonstra preocupação com a diminuição das opções de drogas disponíveis para tratar a obesidade. Caso esses medicamentos continuem proibidos, a única opção disponível é o Orlistate, que não age na circulação, nem no sistema nervoso central.
o globo.
INIBIDORES DE APETITE PODEM SER RETIRADOS DO MERCADO BRASILEIRO
Anvisa pode vetar emagrecedores
Os medicamentos emagrecedores tão usados por quem quer emagrecer estão na mira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Desde fevereiro deste ano, o órgão apresenta propostas para a suspensão do registro de alguns medicamentos no país. No entanto, há especialistas que discordam da iniciativa da agência, alegando que todos os medicamentos possuem efeitos colaterais. A Anvisa tomou a iniciativa de promover uma rodada de discussões sobre o tema.
Entre os inibidores de apetite que podem ser vetados estão: anfepramona, femproporex e mazindol. O presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica, Antonio Carlos Lopes, acredita que é essencial analisar a questão do ponto de vista da saúde pública. Isso porque, segundo ele, os inibidores de apetite são importantes no combate à obesidade, hoje uma das principais causas de diabetes, câncer e hipertensão arterial, entre outras enfermidades.
Em um artigo, Lopes diz que proibir esses inibidores “certamente só agravará uma situação já preocupante. Em nosso país, atualmente, mais da metade da população está acima do peso. O número de obesos cresce a cada dia, reproduzindo, aliás, um mal que é mundial”. No entanto, ele frisa que não defende a utilização indiscriminada.
De acordo com Antonio Carlos Lopes, a prescrição deve ser feita apenas do receituário amarelo, retirado nas Secretarias da Saúde. Também é necessária forte fiscalização da Vigilância Sanitária sobre a prescrição destes, para saber como e com quais finalidades estão sendo ministrados.
No início do ano, o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, afirmou que o que está em debate é um problema de saúde pública, pois grande parte da população brasileira sofre de sobrepeso e os medicamentos utilizados como parte do tratamento não possuem dados que dêem sustentação a sua permanência no mercado. “A Anvisa está conduzindo o debate de maneira serena. É preciso preservar a discussão no espaço técnico”, lembrou Barbano.
Saiba ainda
O cardiologista dinamarquês Christian Torp-Pedersen, que coordenou um dos maiores estudos sobre a sibutramina, disse nesta terça-feira que o inibidor de apetite não deveria ser retirado do mercado brasileiro. Para ele, a "decisão mais sábia" seria manter o medicamento apenas para "situações especiais".
O cardiologista é membro da comissão diretora do estudo Scout, que apontou riscos de uso da sibutramina para pacientes com risco de problemas cardiovasculares.
A pesquisa foi usada como base para a decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de avaliar a proibição do medicamento no país. O estudo Scout também serviu de base para a Europa, que já baniu a sibutramina do mercado.
"Europa e Estados Unidos tiveram reação exagerada [ao retirar o medicamento do mercado]. Concordo que a sibutramina não deve ser prescrita com facilidade e deve-se avaliar outras alternativas antes de se chegar a ela", defendeu o dinamarquês, que participou hoje de um debate organizado pela Anvisa sobre a eficácia e a segurança dos remédios inibidores de apetite.
"Não houve muito debate na Europa, mas lá a sibutramina não foi utilizada com tanta frequência como aqui. A Anvisa mostrou que houve um uso muito alto de sibutramina no Brasil", lembrou.
De acordo com Torp-Pedersen, há alguns anos a propaganda da sibutramina mostrava "mulheres bonitas e jovens, que queriam perder algo como 2kg". "Isso deveria ser evitado a todo custo", criticou.
ANFETAMINAS
Além da sibutramina, a Anvisa estuda retirar do mercado drogas com derivados de anfetamina, substâncias com efeito anorexígeno que agem no sistema nervoso central.
Para o cardiologista dinamarquês, o Brasil deveria banir vários outros medicamentos do mercado, como as anfetaminas. "Há risco muito conhecido de vício e problemas psiquiátricos. Esses medicamentos não deveriam ser usados para obesidade",
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