. Especialistas alertam para os riscos de alta da moeda e custos elevados do cartão de crédito
RIO E SÃO PAULO — A escalada do dólar provocada pela crise na Europa volta a ser um dilema para os brasileiros que estão planejando viajar ao exterior nas festas de fim de ano ou nas férias de janeiro. O dólar comercial teve picos de valorização e passou de R$ 1,90 na quinta e na sexta-feira, fechando a semana com alta de quase 6%, mesmo após um alívio na sexta-feira. O avanço acumulado no mês está em 11% e, no ano, em 13%. Na sexta-feira, o dólar turismo (cotação usada por bancos, casas de câmbio e agências de viagens) ficou em R$ 1,97 no Rio de Janeiro e R$ 2,03 em São Paulo.
Nesse cenário aparecem as seguintes dúvidas: comprar agora os dólares para levar na viagem ou esperar a cotação recuar? Fechar na agência de turismo o pacote cotado em moeda americana ou adiar a compra? Quando a decisão envolve viagem e câmbio, avisam os especialistas, há sempre risco envolvido em momentos de especulação.
— Quem já comprou a passagem ou fechou o pacote para viajar para fora do país deve comprar os dólares que vai levar agora. Seja em espécie ou em cartão de débito, quando o saldo em reais é convertido em dólares pela cotação do dia. Essa é a melhor maneira de se prevenir contra possíveis aumentos futuros da moeda — diz o diretor financeiro do Grupo Par e consultor financeiro em Brasília, Marcelo Maron.
Ele diz que, no atual contexto, em que não há solução efetiva para os problemas europeus, qualquer previsão que se faça sobre a moeda americana perde em precisão.
— Não sabemos até onde a crise na Europa vai nos pegar —diz o consultor.
Para quem ainda não fechou a viagem, a orientação de Maron é esperar um pouco mais. Ele lembra que, em setembro, a moeda americana também teve um pico de valorização, chegou a subir 18% no mês, mas depois cedeu, quando o Banco Central (BC) atuou no mercado.
— O risco, nesse caso, é que o dólar continue subindo nas próximas semanas e a viagem encareça acima do orçamento do viajante. Eu aguardaria um pouco mais e aplicaria num fundo de renda fixa — diz o consultor.
Para quem pensa em usar os fundos cambiais —investimentos atrelados à moeda americana — como forma de se proteger, Maron alerta para o seguinte:
— Em alguns casos, os fundos cambiais não estão apenas lastreados no dólar, mas numa cesta de moedas. Isso faz com que a valorização não acompanhe exatamente a alta da divisa americana e pode haver perdas. Além disso, esses fundos têm Imposto de Renda —lembra o consultor.
O turista também deve ficar atento para gastos em dólar com o cartão de crédito, diz o consultor. Na volta, o susto pode ser grande se o dólar se valorizar ainda mais. Além disso, lembra ele, o IOF sobre compras no exterior com cartões de crédito subiu para 6,38%, em abril passado.
— Usar o cartão de débito em viagens ao exterior é vantagem porque o IOF para operações desse é de 0,38% — explica.
Operadores ainda esperam cotação entre R$ 1,80 e R$ 1,80
Operadores do mercado de câmbio ainda esperam que a cotação do dólar recue para entre R$ 1,80 e R$ 1,85, mesmo após a forte alta da semana passada. João Medeiros, diretor da corretora de câmbio Pionner, estima que até o fim do ano o dólar fique estabilizado entre R$ 1,80 e R$ 1,85.
— Antes de a crise na Europa se intensificar, nossa previsão era de que o dólar encerraria o ano entre R$ 1,70 e R$ 1,75. Mas agora esse patamar dificilmente será atingido — diz Medeiros.
Para diretor da Pionner, embora a crise seja uma incerteza para o câmbio, o BC tem “muita munição” para entrar no mercado e derrubar a cotação da moeda, como fez recentemente, quando o dólar chegou a R$ 1,90. Já na avaliação do gerente de câmbio da Fair Corretora, José Roberto Carreira, houve muita informação desencontrada e especulação na semana passada e o mercado deverá ficar mais equilibrado a partir desta segunda-feira.
— O BC sabe a posição de cada banco e tem US$ 350 bilhões de reservas para estancar a escalada do dólar. O cenário atual é muito diferente de antigamente, quando o BC era pressionado pelo mercado. Antes era o mercado que assustava o BC, hoje é o contrário — explica Medeiros.
No entanto, um outro operador do mercado, que concorda com a previsão de dólar entre R$ 1,80 e R$ 1,85, ressalta a importância do cenário externo. O BC, para essa fonte, só atuará caso o real tenha comportamento muito diferente das outras moedas, por causa de especulação. Uma piora ainda maior nos mercados globais poderia levar a moeda americana a R$ 2.
O consultor Maron acredita que se a tendência de alta da moeda americana persistir, o BC entrará no mercado de câmbio para derrubar a cotação. Para o consultor, mais do que atrapalhar as viagens ao exterior dos brasileiros, o dólar em alta signica repique de inflação.
— Hoje o Brasil tem uma economia mais aberta. Uma alta continuada do dólar bate diretamente na inflação, que é o pior dos impostos
O Globo. Nesse cenário aparecem as seguintes dúvidas: comprar agora os dólares para levar na viagem ou esperar a cotação recuar? Fechar na agência de turismo o pacote cotado em moeda americana ou adiar a compra? Quando a decisão envolve viagem e câmbio, avisam os especialistas, há sempre risco envolvido em momentos de especulação.
— Quem já comprou a passagem ou fechou o pacote para viajar para fora do país deve comprar os dólares que vai levar agora. Seja em espécie ou em cartão de débito, quando o saldo em reais é convertido em dólares pela cotação do dia. Essa é a melhor maneira de se prevenir contra possíveis aumentos futuros da moeda — diz o diretor financeiro do Grupo Par e consultor financeiro em Brasília, Marcelo Maron.
Ele diz que, no atual contexto, em que não há solução efetiva para os problemas europeus, qualquer previsão que se faça sobre a moeda americana perde em precisão.
— Não sabemos até onde a crise na Europa vai nos pegar —diz o consultor.
Para quem ainda não fechou a viagem, a orientação de Maron é esperar um pouco mais. Ele lembra que, em setembro, a moeda americana também teve um pico de valorização, chegou a subir 18% no mês, mas depois cedeu, quando o Banco Central (BC) atuou no mercado.
— O risco, nesse caso, é que o dólar continue subindo nas próximas semanas e a viagem encareça acima do orçamento do viajante. Eu aguardaria um pouco mais e aplicaria num fundo de renda fixa — diz o consultor.
Para quem pensa em usar os fundos cambiais —investimentos atrelados à moeda americana — como forma de se proteger, Maron alerta para o seguinte:
— Em alguns casos, os fundos cambiais não estão apenas lastreados no dólar, mas numa cesta de moedas. Isso faz com que a valorização não acompanhe exatamente a alta da divisa americana e pode haver perdas. Além disso, esses fundos têm Imposto de Renda —lembra o consultor.
O turista também deve ficar atento para gastos em dólar com o cartão de crédito, diz o consultor. Na volta, o susto pode ser grande se o dólar se valorizar ainda mais. Além disso, lembra ele, o IOF sobre compras no exterior com cartões de crédito subiu para 6,38%, em abril passado.
— Usar o cartão de débito em viagens ao exterior é vantagem porque o IOF para operações desse é de 0,38% — explica.
Operadores ainda esperam cotação entre R$ 1,80 e R$ 1,80
Operadores do mercado de câmbio ainda esperam que a cotação do dólar recue para entre R$ 1,80 e R$ 1,85, mesmo após a forte alta da semana passada. João Medeiros, diretor da corretora de câmbio Pionner, estima que até o fim do ano o dólar fique estabilizado entre R$ 1,80 e R$ 1,85.
— Antes de a crise na Europa se intensificar, nossa previsão era de que o dólar encerraria o ano entre R$ 1,70 e R$ 1,75. Mas agora esse patamar dificilmente será atingido — diz Medeiros.
Para diretor da Pionner, embora a crise seja uma incerteza para o câmbio, o BC tem “muita munição” para entrar no mercado e derrubar a cotação da moeda, como fez recentemente, quando o dólar chegou a R$ 1,90. Já na avaliação do gerente de câmbio da Fair Corretora, José Roberto Carreira, houve muita informação desencontrada e especulação na semana passada e o mercado deverá ficar mais equilibrado a partir desta segunda-feira.
— O BC sabe a posição de cada banco e tem US$ 350 bilhões de reservas para estancar a escalada do dólar. O cenário atual é muito diferente de antigamente, quando o BC era pressionado pelo mercado. Antes era o mercado que assustava o BC, hoje é o contrário — explica Medeiros.
No entanto, um outro operador do mercado, que concorda com a previsão de dólar entre R$ 1,80 e R$ 1,85, ressalta a importância do cenário externo. O BC, para essa fonte, só atuará caso o real tenha comportamento muito diferente das outras moedas, por causa de especulação. Uma piora ainda maior nos mercados globais poderia levar a moeda americana a R$ 2.
O consultor Maron acredita que se a tendência de alta da moeda americana persistir, o BC entrará no mercado de câmbio para derrubar a cotação. Para o consultor, mais do que atrapalhar as viagens ao exterior dos brasileiros, o dólar em alta signica repique de inflação.
— Hoje o Brasil tem uma economia mais aberta. Uma alta continuada do dólar bate diretamente na inflação, que é o pior dos impostos
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