12.06.2011

Técnica que revoluciona terapia de aneurismas chega ao Rio



Pró-Cardíaco é centro de referência carioca para o procedimento, que visa a resolver casos graves
Juliana Câmara

RIO - Uma nova técnica promete revolucionar o tratamento de aneurismas cerebrais no Rio. É o dispositivo diversor de fluxo, um stent, colocado por meio de cateterismo e que promove a reconstrução das artérias e o isolamento do aneurismo, bloqueando o fluxo de sangue para ele. A novidade é usada para tratar os aneurismas gigantes que dificilmente poderiam ser operados pelos procedimentos convencionais, e diminui as chances de que eles retornem.
- O que a nova técnica tem de revolucionária é que seu foco é a origem do problema, ou seja, a artéria onde a bolha de sangue - o aneurisma - forma-se - explica o neurointervencionista Eduardo Wajnberg, responsável pela cirurgia realizada em outubro no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo. - As técnicas existentes até agora agiam apenas sobre ele, aumentando as chances de retorno no futuro. O risco de um aneurisma é o de rompimento e sangramento, já que, quanto maior ele fica, mais frágil torna-se a parede do vaso.
Saiba mais sobre o dispositivo e entenda a técnica
Após a colocação do stent, a entrada e saída de sangue dentro do aneurisma diminui até o fluxo ser totalmente bloqueado com a reconstrução das células dos vasos. Essa redução pode chegar a 85% em seis meses, e a 95% em um ano. Depois, com a capacidade de cicatrização do organismo, o aneurisma diminui de tamanho.- É um sucesso enorme, pois estamos falando de casos muito graves, nos quais se consegue muito sucesso - explica Wajnberg, referindo-se ao fato de a técnica ser aplicada para tratar aneurismas gigantes, de 2,5 centímetros de diâmetro, que, se tratados por outros procedimentos, teriam grandes chances de complicação.O stent serve como apoio por onde as células vão proliferar até o vaso sanguíneo ser reconstruído, isolando o aneurisma. Por ser minimamente invasivo, o cateterismo para colocação do dispositivo requer em média três dias de internação. Depois de seis meses e um ano, o paciente faz exames para medir a redução do aneurisma.
Wilian da Silva Santos, de 24 anos, que foi operado pela equipe de Wajnberg, desconfiou do problema em maio, quando teve dor de cabeça por três dias seguidos. Ele fez exames no Sri Lanka, onde mora, mas não podia operar no país, devido ao tamanho do seu aneurisma, de 2,5cm. Ele então procurou a equipe do neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho que trabalhou em conjunto com Wajnberg.
- Senti uma forte dor de cabeça por dias depois da cirurgia, mas tomei um remédio e amenizou. Daquele dia para cá, tenho sentido menos dores. De vez em quando vem uma dor, mas não é forte - conta o paciente.
As técnicas existentes até hoje eram a clipagem - feita por meio de cirurgia aberta - e o tratamento endovascular, que já era feito por cateterismo e cujo objetivo era obstruir o aneurisma com micromolas.
- Nenhuma técnica será abandonada, mas uma vai complementar a outra - diz Wajnberg. - Esse dispositivo não pode ser usado em casos de emergência.O dispositivo recebeu aprovação da FDA, agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, em abril deste ano.

O Globo

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